sábado, 21 de novembro de 2009

FINALMENTE DESCOBERTO O GENE DA RESISTÊNCIA EM ROEDORES


Um pouco de ciência, para os leitores que se interessam.
Os compostos anticoagulantes (derivados da 4-hidroxicumarina e indandiônicos) têm sido amplamente utilizados em todo o mundo como rodenticidas por mais de 50 anos, com bastante sucesso. Esses compostos inibem a coagulação do sangue pela supressão da reação de redução da Vitamina K, o que vai impedir a formação do coágulo sanguíneo (através de uma complexa reação em cadeia). Contudo, certas populações de roedores (das três espécies sinantrópicas) em determinados países incluindo o Brasil (em São Paulo, 1983), demonstraram ser resistentes aos rodenticidas anticoagulantes de dose múltipla e mesmo já a alguns compostos de dose única, provocando dificuldades para os profissionais controladores de pragas. A resistência, sabemos, um fenômeno hereditário, é transmitida por um trato autossômico dominante, embora até recentemente não conhecêssemos a base da mutação genética envolvida. Todavia, pesquisadores do Instituto Julius Kühn da cidade de Muenster na Alemanha, liderados pelo biólogo Hans-Joachim Pelz, publicaram um interessante trabalho científico em 2005 na revista da Genetics Society of America (DOI:10.1534/genetics 104.040360) denominado "The Genetic Basis of Resistance to Anticoagulants in Rodents". Os pesquisadores identificaram oito diferentes mutações genéticas localizadas no gen VKORC1 (o gen que provoca a epoxirredução da Vitamina K que permite a criação do ciclo contínuo de reciclagem dessa vitamina). Uma das consequências práticas dessa descoberta é que agora tornou-se possível definir se um roedor é resistente pela simples análise desse gene a partir até de tecidos mortos dos roedores, substituindo os caros e morosos testes de cruzamentos para estudo das proles. Quem se interessar em saber mais sobre o assunto, é só buscar na Internet a íntegra do trabalho acima mencionado.
Eu sempre disse que saber não ocupa espaço!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Livro: O MANEJO DE PRAGAS EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS


Editado no início de 2009, esse livro técnico pertence à série GTO - Guias Técnicos Operacionais, de autoria de Constancio de Carvalho Neto, especialista em pragas urbanas e rurais, Editor deste blog. O livro aborda de maneira objetiva o problema das pragas em todos os tipos de estabelecimentos comerciais envolvidos no ciclo dos alimentos, desde a primeira armazenagem até o consumo final. O autor propõe passo-a-passo a implantação de manejo que conduzirá ao controle das pragas infestantes, incluindo ações de prevenção, ações de correção e ações de eliminação. Acrescenta capítulos extras sobre os biocidas, sobre a destinação final de suas embalagens e propõe alternativas de destinação dos restos de produtos e da água de limpeza dos equipamentos. Os GTOs anteriores do autor ("Controle de Pragas em Hospitais" e "Boas Práticas Operacionais para Empresas Controladoras de Pragas")encontram-se com suas edições impressas esgotadas, mas há estudos em andamento para viabilizá-los de forma virtual.
Para aquisição do GTO 03 - Manejo de Pragas em Estabelecimentos Alimentícios, basta acessar o site www.pragas.com.br e seguir o tutorial para receber o exemplar via Correios.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Rato x tanque de areia II

Recebi uma informação que pode ser útil: um fabricante está oferecendo produto biocida à base de cloro que talvez possa ser usado para esterilizar a areia desses tanques onde as crianças brincam. Acesse o site: www.tecsaclor.com.br
Não estou recomendando, apenas informando, OK?

sábado, 14 de novembro de 2009

RATOS NO TANQUE DE AREIA


Mensagem:
Moro em um condomínio onde existe um tanque de areia para crianças, várias vezes vi no período noturno, a presença de roedores que migram pelo muro de terrenos vizinhos neste tanque. Também existe o problema de quando chove a água fica represada no tanque. Gostaria de saber quais os riscos quanto a transmissão de doenças, mesmo porque tenho uma filha de 2 anos e evito que ela brinque neste local, mas me preocupo com as outras crianças que lá brincam diariamente. M.L.Z - São Paulo/SP

Resposta: Brincar na areia, que delícia! Não conheço uma só criança que não goste. Mas pássaros, cães, gatos e ratos... também gostam! Para outros fins, mas gostam. A urina e as fezes desses animais no tanque de areia de um condomínio podem representar um risco muito grande à saúde das crianças, geralmente de pouca idade, que ali brincam, sob os olhos atentos de suas mamães ou enfadados de suas babás. Nenhuma dessas pressurosas mamães, encantadas vovós, ou super babás, e muito menos as rechonchudas crianças, sabem que diversas doenças podem ser veiculadas pelas fezes e urina dos animais que furtivamente na calada da noite freqüentam as mesmas areias desses tanques de condomínios. Posso citar algumas, só para assustar bastante a nossa interessada amiga: certas verminoses e o tal de “bicho geográfico” (dermatite pruriginosa serpenteante linear), transmitido por fezes de cães; dos gatos, outras verminoses e a temida toxoplasmose (causadora de cegueira em crianças e que pode ter curso mortal). Ratos contribuem com a conhecida leptospirose que leva a óbito cerca de 10% das pessoas que a contraem. Os inocentes pombos aparecem transmitindo a histoplasmose, uma severa doença pulmonar. Micoses e sarnas... e por aí poderíamos seguir, mas creio que já devo ter conseguido toda a atenção de nossa consultante.
Em minha opinião pessoal, tanques de areia para as crianças brincarem, deveriam ser proibidos, tal o risco que representam. Mas quem sou eu, afinal, um sanitarista pregando no deserto, nada mais (que aliás é cheio de areia!).
Então vamos decretar o fechamento de todos os tanques de areia de todos os condomínios? E as praias? Vamos proibi-las também?
Sei lá, mas sei que se vamos liberar tanques e praias, alguns cuidados deveriam ser tomados para evitarmos a disseminação de várias zoonoses (doenças transmitidas ao ser humano através de animais). Nas praias: proibir firmemente a entrada de animais, especialmente cães, já que gatos não são muito amigos desses ambientes. Aliás, essa lei proibitiva já existe, mas não conheço uma só praia que não haja meia dúzia de irresponsáveis levando seus amados cãezinhos para tomar um banho de mar ou, mais modernamente, seus pit-bulls para chamar atenção das garotas (ou então de outros “rapazes”, quem sabe!). Nas praias então, cumpra-se a lei!
OK. E nos condomínios que mantém os famigerados tanques de areia? Que posso fazer? Deixa ver o que pode ajudar: determinar horários de uso dos tanques e cobri-los com um lençol plástico fora desse horário permitido, especialmente à noite. Mas teria que ser uma cobertura que vedasse realmente o tanque, porque ratos podem se esgueirar por qualquer fresta. Posso também proceder à troca dessa areia de tempos em tempos, desprezando a que foi removida. Posso desinfetar a areia usando uma boa solução de cloro ativo, mas teríamos que deixar o tanque interditado pelo menos por uma semana após a desinfecção, a fim de evitarmos problemas de pele nas crianças. Tudo meio paliativo e não completamente seguro.
Minhas filhas são adultas e já não brincam mais em tanques de areia (aliás, nunca deixei que fizessem, sempre optando pelas praias, menos perigosas), mas minha netinha vai ter que dobrar o avozão aqui e se os pais me permitirem... só sobre o meu cadáver (e que isso não seja um presságio!).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Rato em condomínio

Amigo Fernando
Geralmente nos condomínios, o assunto lixo é levado a sério e possivelmente não seja essa a fonte da infestação de roedores com a qual você convive sem desejar. Vou adivinhar: no seu condomínio ou próximo à sua residência, há algumas casas em construção?
Pois é, posso estar errado, mas apostaria que a população de ratazanas infestantes na sua vizinhança está garantindo seu sustento nos restos das "quentinhas" jogadas ao acaso pelos operários dessas construções, fato muito comum. São meses e meses de almoço garantido! Daí, quando acabar a construção ou o alimento começar a rarear, esses ratos todos começam a invadir as residências em busca do que comer. Atenção: restos de ração dos cães deixados durante a noite nas vasilhas ao rés do chão, constituem-se em excelentes refeições para os ratos. E, de vez em quando, um bom gole de água fresca na vasilha ao lado.
Então, amigo, você está em um enrosco! Os ratos estão lá nas construções, você não pode invadi-las para colocar algum raticida ou contratar uma empresa especializada para fazê-lo e você não pode esperar que a administração do condomínio o faça. Penso que o melhor caminho seria comunicar o fato à essa administração para que ela intime o proprietário da obra e/ou a construtora para que dêem destinação adequada às quentinhas e ao lixo orgânico produzido, de forma a evitar o acesso dos ratos. Quanto aos ratos que tentarem invadir sua casa, lembre-se que você tem um ótimo aliado: um bom cão rateiro!

Cão x Rato


Amigo Fernando
Cães e ratos nunca se deram bem. Aliás, cães também não se dão bem com gatos. Pior ainda se falarmos de gatos e ratos. Sabe por que? Porque vivem (e disputam) no mesmo território e todos em torno do homem. Na verdade, na Natureza, o tamanho e a força importam sim, razão pela qual o gato supera o rato, mas é superado pelo cão. Embora cães e gatos não mais necessitem caçar ratos para sobreviver, pois o homem lhes provê o alimento, seu instinto caçador ancestral continua preservado já que alguns milhões de anos foram necessários para fazê-los assim. Seu cão não foge à regra; para ele, um rato em seu território (o dele, representado pela casa onde vive) é um invasor que precisa ser eliminado ou, no mínimo, atacado para que fuja. Foi o que ele fez, certamente.
Não se preocupe com ele, nada há a fazer, pois não haverá sequelas do ataque ao rato que, provavelmente, escafedeu-se já na primeira mordida com as valentes sacudidelas que se seguiram. Mesmo porque, o falecimento do intruso se deu rapidinho por quebra da espinha dorsal (os cães aprenderam a eliminar ratos dessa forma, há muitos milhares de anos atrás!). Resumo da ópera: primeiro, você tem uma infestação de ratazanas aí por perto de sua casa; segundo, você tem um bom cão rateiro guardando sua casa. Parabéns, dê um biscoito extra para ele!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

RATICIDAS, COMO DECIDIR?


Tarefa ingrata para o profissional controlador de pragas, decidir qual ou quais raticidas adquirir para a execução de seu trabalho, tantas são as marcas disponíveis no mercado brasileiro. Quero comentar um pouco sobre isso.
Estive recentemente em um estabelecimento revendedor de raticidas (melhor seria usar o termo rodenticidas, mas... "Vox populi, vox Dei"), localizado em uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Nas prateleiras observo um certo número de diferentes marcas de produtos para controlar roedores. Na mesma semana, estive em Terezina/PI e repeti a visita, só por curiosidade e vi algumas marcas conhecidas ao lado de outras que nunca havia ouvido falar. Deduzo então que há marcas de raticidas nacionais e outras regionais. Se isso for verdade, deve existir mais de 60 ou 70 marcas de raticidas no mercado brasileiro. Os princípios ativos não são tão variados, ao contrário, são bem poucos atualmente. Pois bem, hoje mesmo estive em uma conhecida Revenda de produtos domissanitários da capital paulista e o que vejo? Nada menos que 15 raticidas diferentes oferecidos ao profissional desinfestador, cada qual oferecendo suas "vantagens"sobre os concorrentes! Olhe só o que anotei (por ordem alafabética): Brodifacoum Fersol, Desrat, Domirat, Fulmirat, Klerat, Lanirat, Maki, Raticida Fersol, Rat off, Ratol, Ri-do-rato, Rodilon, Storm e Yppon. Se contássemos as diferentes formulações de cada marca, só nessa revenda havia 26 raticidas sendo oferecidos. Predominam as formulações à base de brodifacoum e bromadiolone; não vi nenhum de dose múltipla, exceto pelos pós de contato à base de cumatetralil. E daí?
Daí fico imaginando a grande dificuldade e a confusão que se estabelece na cabeça do profissional para escolher os produtos que vai empregar. Fiquei um pouco ao lado do balcão dessa revenda para observar o comportamento desses profissionais, como eles se referiam e pediam suas escolhas. Boa parte deles pedia pelo menor preço e sempre vinha a pergunta: "- Mas ele é bom?" Outros solicitavam algumas informações técnicas sobre mais de um produto, no que eram prontamente atendidos pelos solícitos balconistas da revenda e assim decidiam. Outros mais já chegavam "de cabeça feita" e solicitavam diretamente os produtos que queriam. Esses, sequer perguntavam o preço. Uma pergunta martelava minha cabeça: Como esses profissionais eram capazes de decidir entre as 26 alternativas oferecidas? Claro, não resisti e comecei a fazer uma modesta pesquisa de mercado lá mesmo, fazendo essa pergunta aos usuários. Obtive respostas extremamente interessantes e até surpreendentes, por que não! As empresas produtoras desses e outros domissanitários deveriam fazer isso de tempos em tempos! Iria ajudar seu marketing e talvez acelerassem suas vendas! Pensem nisso.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Problema de moscas na Usina de Álcool e Açúcar


Aproveito para responder pelo Blog essa questão postada por N.F.F. de Piracicaba/SP. Amigo Nei, esse surto que vem ocorrendo na Usina onde você trabalha, pela descrição do problema e pelos detalhes que você nos passou, não é de moscas comuns (Musca domestica) e portanto não vai adiantar muito ficar tratando as valas e lagoas de vinhaça. O que você descreveu aponta para um surto de outra mosca, a Stomoxys calcitrans, também conhecida como mosca dos estábulos. Os produtores pecuaristas da região de sua Usina têm toda razão em reclamar, pois essa mosca, uma espécie picadora que se alimenta de sangue dos animais, os irrita continuamente e a queda da produção leiteira é o primeiro sintoma do problema. Confirme em uma visita à área agrícola da Usina onde exista palha resultante do último corte, confirme que ali foi adubado com vinhaça, revolva a palha e busque as formas larvárias e pupas dessa mosca, visite uma propriedade produtora de gado que tenha se queixado do problema e observe o alto grau de infestação por moscas adultas, e você terá o quadro completo do problema. Solução: combater as formas jovens na palha e a forma adulta no gado. Muito trabalho, amigo, muito trabalho!

Blatafobia = medo de baratas

Já vi muito marmanjo pular da poltrona onde estava refestelado ao simples surgimento de uma insólita barata no cenário. Já vi muito machão disfarçar quando a mulher grita: "- Uma baraaaata!". Já vi muito barbado enfrentar uma barata casual armado de uma vassoura de cabo o mais longo possível e cansei de rir quando, após uma valente vassourada, daquelas de quebrar espinha de gato, o valente ficar com dois pedaços da vassoura nas mãos. Afinal, por que tanta gente tem tanto medo de baratas? E será que todas as espécies domésticas de baratas provocam a mesma reação de repulsa e de asco?
Tentando responder, ao que parece, a reação da espécie humana ante a visão de uma solerte barata é diretamente proporcional ao tamanho da dita cuja, quer dizer, quanto maior for a barata, maior será o medo do cidadão. As pequenas baratas alemãzinhas tão comuns nas cozinhas (Blatella germanica) não dão muito susto na moçada, mas uma barata de esgoto(Periplaneta americana), já taludinha, é capaz de provocar reações nada dignificantes em muitos espécimes humanos do sexo masculino. Cruz credo!
Está bem, eu também não gosto de baratas e olhe que não estou depondo como profissional do ramo. Acho até que ninguém gosta. Essa sensação de aversão que sentimos pelas abjetas baratas tem muito a ver com nossos tempos lá nas cavernas ou nos tempos em que morávamos em casebres feitos de barro e cobertos de palha, quando ainda não tinhamos mínimos conceitos de asseio corporal e higiene ambiental. As baratas estiveram entre os primeiros animais que logo perceberam as enormes vantagens de viver onde o homem vivia. Pouca limpeza, restos de alimentos por toda parte, migalhas, lixo não recolhido, faziam de nossas habitações verdadeiros paraisos para baratas de diferentes espécies. Contudo, vamos e venhamos, o contato físico de nossa pele nua com as pernas ásperas de uma barata, está bem longe de ser uma sensação agradável! Acordar no meio da noite com uma baratona raspando o canto de nossa boca onde uma gota de leite havia ressecado, deve nos ter gerado uma enorme aversão, bem anterior ao momento em que reconhecemos nas baratas o papel de disseminadoras de bactérias potencialmente perigosas.
Deve ser por isso!