terça-feira, 27 de abril de 2010

SOBRE A RELAÇÃO DONOS DA CASA X EMPRESA CONTROLADORA

Quando uma empresa controladora de pragas vai executar seu trabalho em uma residência, estabelece-se uma relação entre os donos da casa e a empresa, que pode ir de excelente à desastrosa, Pode gerar satisfação plena com o trabalho e os resultados alcançados, levando o cliente até a recomendar os serviços da empresa a seus amigos em seu círculo social e até estendê-los à empresa onde o cliente trabalha. Mas, também pode gerar incômodo, antipatia e insatisfação, o que geralmente leva a inevitáveis repasses, bem como os comentários negativos sobre a empresa dentro do círculo social dos donos da casa. Um ou outro resultado (e as graduações entre eles) vai depender, e muito, do comportamento da empresa antes, durante e depois da execução do serviço. O tempo do “Se não tem tu, vai tu mesmo” já passou e vai longe. Hoje, a concorrência no ramo do controle de pragas é acirrada e o cidadão que pretende usar esse serviço tem uma gama absolutamente ilimitada de opções para fazer sua escolha. Não me refiro à concorrência do “Zé Bombinha”, porque isso é uma praga dentro da praga! Este é, e será, inevitável por mais que sejam criadas regras e leis para coibi-los. Refiro-me à concorrência entre empresas controladoras estruturadas e capazes de dar ao cliente o que ele necessita. Há sempre muitas empresas desse nível, todas desejando ampliar o leque de seus clientes e fidelizá-los. Por isso, nunca será demais prestarmos muita atenção à relação que se estabelece com os donos de uma residência que chamou nossa empresa para efetuar um trabalho de controlar alguma praga que os estejam incomodando ou causando problemas maiores. O tema é vasto e o espaço de um blog é pequeno demais para que possamos explorá-lo adequadamente. Quem sabe um dia a gente escreve um GTO – Guia Técnico Operacional – para abordar somente essas relações comerciais entre cliente e empresa controladora, nos moldes dos GTOs anteriores. Enquanto isso não acontece, vamos dar um rápido passeio sobre o assunto, OK? Eu dizia que a relação empresa x cliente tem três fases distintas: antes, durante e depois da execução do serviço, as três igualmente importantes.
1) O Antes: tudo começa por um telefonema do cliente buscando a empresa. Atenção, o drama já está se desenrolando no palco desde o primeiro “Alô” da atendente na empresa. Falou -“Alô”- já falou errado! Não pode! Ninguém tem tempo a perder hoje em dia! Um simples e inocente “alô” já pode causar uma impressão errada da empresa na cabeça do cliente em potencial, pode já irritá-lo ou ele pode pensar que está falando com uma empresinha familiar onde a dona da casa tem mais essa missão, a de atender ao telefone e anotar recados para passar ao marido. Se na empresa atenderem com um alô, inicia-se um palavrório sem nenhum sentido: “-Alô”; “-De onde falam?”; “-É da Dedetizadora Zás-Trás”; “-Vocês atendem residências?”; “- Quem está falando?” blá, blá, blá... Quer dizer, um atendimento nada profissional e que pode ser desastroso, pois o possível cliente, já pondo os inevitáveis rótulos prévios, pode simplesmente encerrar rapidamente o contato iniciado. É preciso treinar os atendentes antes de tudo, para que dêem um atendimento telefônico profissional e correto desde a primeira palavra: o nome da empresa, um cumprimento, o nome do atendente e a pergunta sobre como pode ajudar o cliente. Pois bem, depois do atendimento inicial vem o encaminhamento do assunto e isso vai depender muito da estrutura montada para o atendimento em cada empresa. Perguntas detalhadas podem ajudar bastante a orientar a visita técnica que deve se seguir em data e horário devidamente marcado com o cliente. Falando nisso, em uma palestra que dei recentemente sobre esse tema, dois ou três proprietários de empresas controladoras manifestaram sua estranheza, alegando que seria impraticável uma visita técnica prévia ao serviço em uma residência, dado aos custos que isso acarretaria, diminuindo a margem de lucro. Antes que eu respondesse, na mesma plateia outros dois ou três empresários se manifestaram contrapondo-se, argumentando que era preferível aumentar o custo e garantir mais um cliente possivelmente fidelizado por ter sido bem atendido desde o princípio, do que arriscar perdê-lo ao passar uma impressão de descaso, aparecendo na residência já pronto para executar o serviço. Deixei a discussão que se estabeleceu rolar solta, para depois abordar os prós e contras de cada posicionamento.
Voltando ao tema “antes do serviço”, preciso comentar a enorme importância que tem o atendimento com data e hora marcada! Eu sei perfeitamente, que é difícil cumprir rigorosamente um horário que foi marcado, porque a equipe pode se atrasar em um serviço anterior, o que acontece com enorme freqüência. Mas, já existe um aparelhinho chamado “telefone celular” e outro chamado “rádio” pelos quais a equipe devidamente treinada deve comunicar à empresa a impossibilidade de cumprir o horário pré estabelecido, a fim de que o cliente possa ser devidamente notificado do atraso e para que lhe seja dada a opção de reagendar o serviço. Isso sim, é profissionalismo! Vejam, o cliente nem foi atendido e possivelmente já esteja satisfeito com o atendimento recebido até então.
Caramba! Isso já está ficando longo novamente! Retomo o tema neste ponto em alguns dias, OK?

sábado, 24 de abril de 2010

REVISÃO TÉCNICA: PULGAS – PARTE III (e última, acreditem!)

E vamos nós! Deram uma lida nas Partes I e II dessa revisão? Então, podemos ir em frente. Já vimos algumas das fantásticas capacidades e habilidades desenvolvidas pelas pulgas domésticas... por que? Há pulgas não domésticas? Claro! Há centenas de diferentes espécies de pulgas que não são propriamente domésticas (de dentro das residências), como por exemplo, a Tunga penetrans, popularmente conhecida como “bicho do pé” que é uma pulga geralmente de suínos e cães e que é um sério problema de saúde pública afetando severamente os seres humanos onde ocorre.
Posso continuar?
Bom, eu ia começar a falar sobre controle, mas lembrei-me que não custa comentar que 95% das pulgas existentes em uma residência encontram-se no ambiente e apenas 5% estão sobre o animal hospedeiro. Mas, é claro que existem muito mais ovos, larvas e pupas do que pulgas adultas na casa. Na verdade essa distribuição é mais ou menos assim: 5% pulgas adultas que estão no animal e, no ambiente, estão 50% de representados pelos ovos, 35% de larvas (em três estádios) e 10% na forma de pupas. Quer dizer, já deu para sentir que temos que atacar as infestações pulgas tanto no ambiente, quanto nos animais hospedeiros, certo? Primeiro vamos falar do controle sobre os animais. Não, não espero que o profissional controlador de pragas seja obrigado a abrir um departamento de “banho e tosa” na empresa para resolver essa parte do problema de seus clientes. Mas, vamos examinar essa parte porque o bom profissional, tecnicamente preparado, tem que informar seu cliente de tudo isso e alertá-lo que, se as pulgas adultas já infestantes do animal não forem completamente eliminadas, o problema da infestação na casa não será resolvido! Simples.
Como livrar o animal hospedeiro de suas incômodas e espoliantes pulgas? A primeira coisa que geralmente ocorre é um bom banho antipulga em uma loja especializada ou a aplicação de inseticidas sobre o animal, a opção é do proprietário. Contudo, aproveitando que sou veterinário, vou dar minha opinião: banhos antipulgas só em casas especializadas mesmo, capazes de eliminar 100% das pulgas que se encontravam sobre o animal naquele momento, mas nada de empregar algum inseticida durante o banho; muito arriscado. Por outro lado, a aplicação de algum inseticida tópico diretamente sobre o animal, é procedimento de risco pois, algumas raças tanto de cães, como de gatos, podem ser muito sensíveis a determinados ingredientes ativos de certos produtos e podem desenvolver reações alérgicas de diferentes graus. Confio em produtos à base de fipronil, mas não em todas as marcas existentes no mercado. Felizmente, o controle de pulgas sobre o animal evoluiu bastante nos últimos tempos e já existem certos produtos que na forma de comprimidos ou gotas, tem extraordinário efeito sobre as pulgas que estão sobre o animal. Caem mortas em 15 ou 20 minutos depois, pois o ingrediente ativo permanece por um certo tempo (relativamente curto) misturado ao sangue do animal, não o prejudicando, e sendo altamente letal para as pulgas quando ingerirem o sangue de seu hospedeiro, o que fazem com muita freqüência durante o dia. Para um tratamento duradouro, e a longo prazo, há outros compostos administrados igualmente sob a forma de comprimidos que, de forma sui generis, deixam as pulgas fêmeas completamente estéreis (deixam de gerar ovos férteis) e assim, a população de pulgas vai declinando ao longo do tempo até se extinguir totalmente. É um controle que demanda um certo tempo. De qualquer sorte, cabe ao profissional controlador de pragas orientar seu cliente para que busque a orientação especializada de um veterinário para conduzir esse programa, pois as dosagens dependem do peso do animal e de outros fatores como estado de saúde, idade, raça, etc.
OK, mas o que fazer para controlar as pulgas (as formas jovens) no ambiente da residência infestada? Que métodos pode o profissional controlador de pragas lançar mão para resolver o problema? Vamos por tópicos para facilitar a compreensão:
· Não se esqueça: o controle das pulgas que estão sobre o animal hospedeiro e as que estão no ambiente, deve necessariamente ser executado ao mesmo tempo, no mesmo dia, OK?
· Começar usando... um bom aspirador de pó! É isso mesmo! Deixe de lado seus inseticidas e equipamentos de aplicação e maneje um aspirador de pó, e dos bons. Não serve esses pequenos aspiradores bem intencionados mas de pouca potência. Tem que ser um profissional (ou semiprofissional) capaz de aspirar para valer a poeira e os ciscos de todos esses pontos onde se acumulam numa casa. Claro, é lá que estarão cerca de 95% das formas de pulgas infestantes da residência. Olhe, tenho um amigo dono de uma empresa controladora que, tendo adquirido um aspirador de pó possante, começava o trabalho por uma respeitável aspirada geral no ambiente antes de aplicar qualquer coisa; fez nome no controle de pulgas! E ganhou (ganha) um bom dinheiro com isso. Tornou-se a empresa mais chamada para resolver o assunto, atuando fortemente em condomínios de luxo, onde várias outras empresas haviam fracassado. Outra dica: antes de começar a aspirar, coloque dentro do saco coletor do aspirador, um envelope de algum inseticida em forma de pó; dessa forma, você vai aspirando e as larvas, pupas e pulgas adultas recém eclodidas e colhidas, já vão sendo eliminadas. Você vai me agradecer por essa dica quando abrir o saco coletor no momento de remover seu conteúdo.
· Peça à dona da casa que, imediatamente, coloque os panos e trapos que constituem a cama do cachorro ou gato, em fervura por 10 minutos. Todas as pulgas ali existentes serão eliminadas sem riscos intoxicativos posteriores para o animal hospedeiro.
· Prepare uma calda inseticida com seus produtos de preferência nas concentrações de rótulo e aplique pulverizando, por cobertura, os pisos. Não deixe faixas sem aplicação; treine seus operadores a aplicar por “overlapping” nessa técnica (a faixa seguinte superpõe um pouquinho a faixa anterior).
· Pulverize 100% dos pisos (atenção especial nos pontos onde os animais costumam ficar mais tempo) e também os primeiros 30cm das paredes na junção com piso. Atenção para os rodapés. Aplique também nos primeiros 30cm das cortinas junto ao chão e nos babados das poltronas e sofás, se houverem.
· Para esse trabalho, eu gosto bastante das formulações microencapsuladas, as quais concedem largo efeito residual. Cuidado na escolha de seu produto: há certos microencapsulados de baixa tecnologia que permitem o rompimento das microcápsulas já durante a manipulação preparatória (caracterizado por um forte odor inseticida quando abrimos o frasco). Só essa dica já fez valer todo o texto, não é?
Feito isso, amigo, é só correr para o abraço! Boa caçada e bons negócios!

terça-feira, 20 de abril de 2010

COMO SE CHAMA A BARATA?

Neste país da resposta pronta, imediatamente alguém diria: - “Não as chamamos... elas vêm por conta própria”. Piadas à parte, apenas como curiosidade, relacionamos os nomes locais que as baratas recebem em diferentes países. Vejam só:
- em português: barata
- em espanhol: cucaracha
- em inglês: cockroach (ou simplesmente roach)
- em francês: caffard
- em japonês: gokiguri (ou aburamushi)
- em chinês: catchá
- em italiano: scarafaccio
- em holandês: kakkerlak
- em alemão: schabe (ou kakerlake)
- em russo: tarakani
Aceitamos contribuições, caso você saiba o nome da barata em outra língua, além dessas aí citadas, OK?

sábado, 17 de abril de 2010

REVISÃO TÉCNICA: PULGAS – PARTE II

Na Parte I desta rápida revisão, vimos alguns pontos fundamentais da biologia e comportamento das pulgas domésticas, os quais servirão de base para abordarmos a questão de seu controle. Caso o leitor esteja acessando o blog pela primeira vez e se interesse por este tema, sugiro a leitura da Parte I (logo abaixo) antes da leitura desta Parte II.
Retomando, qual o melhor método para controlar pulgas, digamos, em uma residência?
Tradicionalmente, o combate às pulgas domésticas tem sido feito aplicando-se inseticidas no ambiente infestado, embora nem sempre os resultados sejam os melhores. Hoje já se sabe algumas razões que impedem o pleno sucesso. Na verdade, o conhecimento do controle das pulgas em residências avançou bastante, exatamente pelo aprofundamento dos conhecimentos da biologia da pulga e de lá foram tirados os fundamentos do controle. Por exemplo, a pulga pré-adulta quando está dentro de seu casulo protetor (fase de pupa) é capaz de detectar a presença de inseticidas no ambiente (para elas, um agente agressor) e assim, simplesmente não eclode e fica quietinha dentro desse casulo aguardando melhores tempos, isto é, que os inseticidas aplicados tenham perdido seu efeito, o que certamente ocorrerá em algumas semanas. Lembram-se que eu havia comentado que as pulgas podem ficar dentro de seus casulos até um ano sem se alimentar? E não é só isso! Para sair do casulo, a pulga doméstica detecta a presença de um certo teor de CO2 (dióxido de carbono) no ar ambiente que é, exatamente, o resultado da respiração dos mamíferos. A presença desse gás no ar do ambiente infestado, significa para a pulga a presença segura de uma fonte de alimento (sangue), um cão, um gato ou mesmo um ser humano. Quando ela percebe isso, imediatamente irrompe do casulo uma pulga adulta, literalmente esfomeada, buscando sua primeira vítima. Outro fator que pode provocar a eclosão dos casulos, são as vibrações que as pisadas dessa vítima provocam quando caminham nesse ambiente. As pulgas, um ser predador que teve milhões de anos para evoluir junto de suas presas (nós e nossos animais domesticados), desenvolveu essa capacidade de “ler e interpretar” o ambiente onde se encontra ainda dentro de seus casulos; combina a presença do CO2 atmosférico em taxas razoáveis com as vibrações das pisadas e sai do casulo. Mas, ela não fica imóvel depois que sai do casulo, esperando passivamente que sua vítima passe por perto. Na verdade, a pulga fica saltando o tempo todo. Descobriu-se que na base de suas desenvolvidas pernas posteriores (como todo inseto, a pulga tem três pares de pernas) existe uma proteína chamada resilina, que forma uma espécie de almofada de borracha elástica (usei essa comparação somente para melhor esclarecer, OK?) e que permite à pulga dar grandes saltos (até 30cm de altura) sem parar e sem se cansar, pois quase não há nenhum dispêndio de energia, graças à resilina. Pois é o que ela faz: saiu do casulo, começa a saltar feito uma louca. Qual é o objetivo desses saltos incessantes? É que nas pernas da pulga, existem umas espécies de farpas, ou ganchos de quitina (a proteína que forma seu esqueleto) e, se um gato ou cão por ali passar, talvez em um desses saltos ela apanhe o animal passante, se prendendo aos pelos da vítima com esses ganchos. Pronto, a pulga recém eclodida está salva! Caminha rapidamente por entre os pelos da vítima, busca preferentemente uma área do corpo do animal onde ele não consiga atingir com a língua (geralmente o dorso ou a parte posterior da cabeça e pescoço), e faz confortavelmente sua primeira refeição. Por outro lado, milhões de anos de estreita convivência entre cães ou gatos e seus principais ectoparasitas, as pulgas, deu às vítimas algumas armas de combate como, por exemplo, línguas ásperas (especialmente nos gatos) destinadas a remover pulgas dentro da pelagem. A Natureza é perfeita, não acham?
Isso tudo explica porque quando alguém entra em uma casa onde havia um animal de estimação presente e que tenha ficado fechada por meses (por exemplo, à espera de um locatário), mal dá alguns passos e suas pernas podem ficar lotadas de pulgas agarradas às calças do infeliz. São elas esperando pacientemente uma vítima salvadora. Quer dizer, se não tem tu (cão ou gato), vai tu mesmo (um ser humano)! Elas precisam desesperadamente de alimento e, embora não apreciem o sangue humano, na hora da necessidade ingerem o que tem. Mais tarde, se houver um cão ou um gato presente no ambiente, abandonam o ser humano e ficam por lá novamente pulando adoidadas aguardando que sua vítima de eleição passe por perto despreocupada.
O que mais? E tem mais ainda? Tem... tem um monte de coisas sobre as pulgas que já sabemos e, pode não parecer, mas isto aqui é apenas um resumo. Uma coisa só a mais: as larvas das pulgas buscam pontos do piso onde se juntem cisco e poeira, pois vão precisar desses materiais para formar seus casulos protetores quando chegar a hora de mudar de fase. E também é nesses pontos que vão existir fezes de pulgas adultas em maior quantidade, alimento necessários às larvas. As fezes caem livremente do corpo do cão ou gato em qualquer ponto da casa, basta que o animal se sacuda (as fezes de pulgas são aqueles pontinhos pretos que a gente observa junto à pele, quando abrimos o pelame do animal). Sim, tanto esses ciscos, como as fezes das pulgas, são depositados nesses pontos (junção de tacos ou das tábuas do assoalho, junções das lajotas de piso frio, tapetes, por exemplo), através das varreduras superficiais quando a casa está sendo limpa.
Caramba... este post já está ficando comprido demais e ainda não falamos do combate! Ta bom, então vamos interromper aqui e voltaremos a falar na Parte III que, prometo, não vai demorar muito, OK?Isso aqui já está parecendo o crime da mala, sô!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

REVISÃO TÉCNICA: PULGAS - PARTE I

Claro que um tema técnico dessa abrangência, não é assunto para um simples blog, eu concordo. Mas, começaram a me solicitar resumos de certas pragas urbanas para rememorar pontos importantes que poderiam estar presentes nas conversações dos profissionais controladores de pragas com seus clientes e mesmo certos pontos que pudessem ser expostos nas propostas de serviços. Dessa forma, vamos dar um rápido passeio sobre a pulga e suas implicações, sem esquecer o tratamento.
Como isto é apenas um resumo, embora dividido em duas partes, vamos por tópicos:
· As pulgas adultas são hóspedes permanentes dos animais, quer dizer, não ficam paradonas no ambiente esperando um cachorro ou gato passar. Na verdade, se tudo der certo, depois que conseguiram uma carona na sua vítima, procuram dela não mais sair Ali alimentam-se, acasalam, põem seus ovos e morrem (de velhice, se nada for feito contra elas ou se o animal não as removê-las com a língua)
· As pulgas não abandonam o animal para depositar seus ovos.
· Os ovos das pulgas não são pegajosos (como os dos piolhos ) e assim podem cair do animal em qualquer ponto da casa.
· A maioria das pulgas encontradas sobre um cão ou gato, originou-se na própria casa a partir de uma pulga fêmea que já estava maturando seus ovos quando passou um animal por perto durante um passeio externo.
· Poucas pulgas são coletadas pelo animal fora de casa. Portanto, o problema está no interior das residências e não lá fora.
· O alimento das pulgas adultas é sangue, exclusivamente sangue e nada mais.
· As diferentes espécies de pulgas acabaram se especializando na preferência pelo sangue de determinadas espécies de animais. Dessa forma, a chamada pulga do gato (Ctenocephalides felis) tem preferência pelo sangue de felinos, embora possa infestar um cão. Já a pulga do cão (Ctenocephalides canis), prefere o sangue de canídeos, mas se não tiver cão...
· A pulga é um inseto que se desenvolve por metamorfose completa: ovos – larvas (são 3 estadios) – pupas – adultos. Nas fases larvárias, se alimentam de bactérias, mofo e fezes das pulgas adultas onde há grande porcentagem de sangue mal digerido. Na fase de pupa, a pulga não se alimenta e na fase adulta, sangue.
· Na derradeira fase larvária, esta procura um ponto onde haja ciscos e poeira que ela vai utilizar para formar o casulo da pupa.
· Dentro da pupa, protegido, o préadulto pode aguardar as melhores condições ambientais (incluindo a presença de um animal de sangue quente – pode ser uma pessoa) por até um ano sem se alimentar, em estado de dormência.
· Nos países e regiões de clima mais quente ou tropical, o ciclo completo da pulga (de ovo a ovo) pode ocorrer em apenas duas semanas.
· Uma vez encontrado um hospedeiro, a pulga vai procurar infestá-lo permanentemente, onde se alimenta, copula, põe ovos.
· Se a pulga adulta não encontrar um hospedeiro dentro de 12 dias após ter saído do casulo, morre. E sobre o animal, também não vai muito longe (cerca de 7 ou 10 dias), pois a habilidade que os cães e especialmente os gatos em removê-las enquanto penteia seu próprio pelame através de vigorosas e repetidas lambidas, é notória.
· As pulgas podem provocar vários problemas aos animais que infestam. Transmitem tênias aos cães e gatos (Dipylidium caninum), produzem dermatites à vezes severas, podem causar anemia sobretudo em animais jovens. Ao ser humano, a pulga dos ratos (Xenopsylla cheopis) pode transmitir a peste bubônica e o tifo murino.
Quais o melhores métodos para combater as pulgas domésticas? Como este post já está ficando comprido demais, vamos examinar isso numa futura postagem, certo? Não demora, não!

A Arca (para matar a saudade)

Já que falamos em Arca de Noé, vale a pena recordar um de nossos cartoons do Higiene Atual impresso.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

FORMIGAS DOCEIRAS: ONDE NÃO TEM?

Lá vão elas! Em fila quase indiana para cá e para lá. São incansáveis, são trabalhadoras, são rápidas e estão em quase todas as residências, casas comerciais, indústrias, estabelecimentos alimentícios, hospitais e outros estabelecimentos de saúde, até em escritórios. Quando se encontram na trilha, se tocam rapidamente e “conversam”, na linguagem das formigas, obviamente (toques de antenas com diferentes intensidades, feromônios, odores). São numerosas e seus formigueiros quase sempre são muito simples, destituídos de estruturas complexas como os das formigas de jardim ou do campo. Saem detrás de batentes de portas e janelas, das placas de interruptores nas paredes, de rejuntes de azulejos quebrados, de rachaduras e gretas nas paredes, do interior de eletrodomésticos, de pequenos vãos, etc. À noite, saem aos montões e de dia, também saem, mas em menor número. Quando encontram um alimento, por mínimo que seja, se juntam para forragear ali mesmo ou para transportar pedaços ao formigueiro. Sua estrutura social é também simples quando comparada às espécies externas: uma rainha fértil (pode haver mais de uma) e operárias inférteis que realizam todas as tarefas necessárias à manutenção do formigueiro; machos só parecem nas épocas das revoadas nupciais quando os futuros reis e rainhas ganham asas. Uma característica interessante nas revoadas: as asas se desprendem alguns minutos depois que esses machos e fêmeas alados tocam o solo.
Existem numerosas espécies de formigas urbanas, mas há um pequeno grupo de cerca de seis ou sete espécies, chamadas no seu conjunto de formigas doceiras, que insistem em fazer em nossas casas seu habitat. As mais comuns são: a formiga fantasma (Tapinoma melanocephalum) que ganhou esse nome porque a cabeça e tórax são escuros, mas o abdome e pernas são bem claras, quase brancas; a formiga carpinteira (Camponotus spp) que são um pouco maiores que a fantasma e que usam falhas nas estruturas de madeira para abrigar seus formigueiros (atenção: não se alimentam de celulose); a formiga louca (Paratrechina longicornis) que anda em círculos em seu deslocamento, daí advindo seu nome; a formiga faraó (Monomorium faraonis) que é agressiva e domina as outras espécies onde chega; a formiga lavapés (Solenopsis spp) que prefere construir seus formigueiros no exterior da residência, fazendo monturos de terra bem aparentes; a formiga acrobática (Crematogaster spp) que pode ser reconhecidas pelo tórax (gaster) em forma de coração quando visto de cima; a formiga pixixica (Wasmannia auropunctata), fácil de ser encontrada nas roupas de cama e que ferroa de forma muito dolorosa; a formiga cabeçuda (Pheidole spp) assim chamada por motivos óbvios; a formiga argentina (Leniphitema humile) que não tem nada de humilde, aliás... Há ainda outras espécies doceiras que variam de região para região. Atrás desse inocente nome de "doceiras" reside uma grande perigo, pois as formigas caseiras podem levar em suas patas uma série de bactérias, algumas patogênicas (causadoras de doenças), um enorme risco, por exemplo, em hospitais e assemelhados.
Não são todos e nem qualquer inseticida que conseguem de fato controlar infestações dessas formigas. Algumas espécies, sentindo a presença de um inseticida aplicado em seu território, simplesmente se recolhem a seus formigueiros e ali ficam até que o efeito do produto passe ou o inseticida seja removido. Quer uma sugestão? Use um bom inseticida microencapsulado (elas não percebem!), mas que seja de boa qualidade e não deixe odor onde aplicado, se não...