segunda-feira, 18 de abril de 2011

ACORDA ANVISA, ACORDA! TEM GENTE CONTROLANDO ESCORPIÕES!



Leio no recente manual da Anvisa sobre controle de escorpiões, mais ou menos o seguinte: até a presente data não há combate químico eficaz contra os escorpiões. Em seguida, pego o rótulo de um biocida recentemente lançado no mercado brasileiro registrado devidamente na própria Anvisa e leio: indicações de uso – escorpiões (e outros aracnídeos). Então, concluo que existem duas Anvisas? Uma que afirma por escrito e postula que os escorpiões não devem ser combatidos por produtos químicos e sim apenas por medidas preventivas. A outra Anvisa recebe a documentação de uma indústria que pretende registrar um produto seu contra escorpiões, examina a papelada, avalia os estudos que comprovam sua eficácia contra as pragas alvos pretendidas (tudo é exigido pelas severas Portarias que a própria Anvisa impõe) e, se tudo estiver de acordo, concede o registro solicitado e o biocida entra no mercado. Fui informado que estou errado, na verdade só existe uma Anvisa! Então se há só uma, é a mesma, devo concluir que... “há algo de podre no Reino da Dinamarca”. Alheios aos problemas internos da instituição federal que rege, em nível nacional, o exercício da atividade de combate e controle de pragas urbanas, seja das empresas privadas, seja das instituições públicas, técnicos e profissionais do ramo têm todo dia um problema a resolver e não podem ficar aguardando que faça bom tempo em Brasília e o panorama seja mudado. Escorpião é sim um sério problema de saúde pública em muitas regiões deste imenso país e que tanto precisa ser alvo de combate por parte de órgãos sanitários, como gera muitos chamados por empresas particulares de controle de pragas, movimentando a economia. Ninguém tem tempo para “esperar” que a solução caia dos céus (de Brasília). Cada envolvido, seja uma empresa, seja um órgão público, experimenta por sua conta uma solução que possa resolver o problema. Tem sido assim também em São Paulo/Capital, onde o CCZ-Centro de Controle de Zoonoses já montou, e está em funcionamento com toda força (vide fotos anexas), uma atividade específica de controle de escorpiões para ser usada quando e onde necessária, segundo nos conta o biólogo Carlos Madeira, um dos líderes desse projeto. Em São Paulo, o grande problema são as infestações de escorpiões Tityus serrulatus em tubulações de rede de esgoto e águas pluviais, onde a equipe, através do uso de equipamento UBV pesado (modificado), aplica um biocida piretróide microencapsulado com grandes resultados nas ações de controle. Repasso, para o conhecimento dos leitores interessados, a ficha técnica completa descritiva do equipamento:
Aparelho gerador de aerossol motorizado, para montagem sobre veículo (caminhonete ou carreta), dotado de dispositivo especial para tratamento de redes de esgoto e galerias subterrâneas.
• Motor a gasolina 4 tempos, 2 cilindros em V, com potência máxima de 18 HP, dotado de partida elétrica, bomba e filtro de óleo, alternador e controles manuais de velocidade e afogador.
• COMPRESSOR: Rotativo, diretamente acoplado ao motor.
• BOMBA DE INSETICIDA: De deslocamento positivo, tipo FMI, com vazão máxima de 1200 ml/min, dotada de dispositivos anti-cavitação, montada em painel de proteção hermético.
• TANQUES: Em polietileno, com capacidades de 70 litros (inseticida), 20 litros (gasolina) e 5 litros (lavagem).
• SISTEMA DE APLICAÇÃO: Mangote com comprimento de 6 m, dotado de mangueira flexível, bocal nebulizador e haste de aplicação para posicionar o sistema no interior de bocas de inspeção de redes de esgoto e de galerias subterrâneas.
• TAMANHO DAS PARTÍCULAS: Estimado em 150 a 300 µm.
• ALCANCE DO JATO: 20 m (aproximado).
• ACESSÓRIOS: Bateria tipo automotiva 12 V / 42 Ah, controle remoto para acionamento da bomba de inseticida a partir da haste de aplicação pelo operador, manômetro para verificação da pressão de ar.
DOSAGEM DE PRODUTO EM USO NO EQUIPAMENTO UBV:
Dados utilizados para cálculo:
• Vazão Equipamento: 750ml/minuto;
• Capacidade Tanque: 50 lts;
• Área coberta pelo tanque: 11ha;
• Área da caixa a ser tratada: 1,021m².
Resultados:
• Vazão Equipamento/m²: 4,55ml
• Quantidade de D10/m²: 0,38ml
• Quantidade de D10/tanque (50 lts): 4,18lts
• Quantidade de D10/lt: 83,52ml;
• Área coberta com 01 lt de calda: 219,78m
Maiores e melhores detalhes, tente diretamente contatar o Carlos Alberto Madeira Marques Filho lá no CCZ da Prefeitura de São Paulo.

Enquanto isso, lá em Brasília...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

RATOS TRANSMITEM OUTRA ZOONOSE ATRAVÉS DE SUAS PULGAS


Com nome que homenageia ao cientista brasileiro Henrique da Rocha Lima, um dos fundadores do Instituto Oswaldo Cruz – RJ, a bactéria Bartonella rochalimae volta a preocupar a humanidade, pois provoca graves distúrbios cardíacos em seres humanos (endocardite) e também em animais mamíferos (gatos e cães), supostamente transmitida por certas pulgas dos ratos. Essa zoonose não é propriamente uma novidade. Na Primeira Guerra Mundial (1914/1918) essa bactéria infectou milhares de soldados confinados a suas trincheiras lamacentas onde pululavam ratos gordos com um séquito de pulgas. Os romances e doumentários da época nos diziam que o pavor de ser comido vivo por ratos era tão grande, que os soldados designavam um que deveria ficar acordado somente para espantar os ratos. Recente pesquisas da Universidade Chung Hsing, de Taiwan, lideradas pelo infectologista Chao-Chin Chang que vem estudando a Bartonella (mais de 20 espécies já descobertas), afirma que essa bactéria pode se tornar um problema ainda neste século. Nos Estados Unidos, no Chile e no Peru, têm ocorrido diversos casos de bartonelose.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

VAMOS FALAR DE MORCEGOS


O leitor Egberto sugeriu um post sobre morcegos aí na coluna de Perguntas&Respostas, citando encontrar certa dificuldade de encontrar textos que fales sobre o controle desses animais. Bem, vamos tentar ajudá-lo. Contudo vamos fazê-lo do meu jeito: aproveito para fazer um sumário do tema até chegar ao controle.
Até a presente data já foram descritas nada menos que 1.116 diferentes espécies de morcegos em todo o mundo, número esse que já expressa o sucesso biológico desses mamíferos desde seu surgimento há milhões de anos atrás. Na classificação Sistemática, os morcegos pertencem à ordem Chiroptera e são os únicos mamíferos que voam. Ainda na Sistemática, estão divididos em duas subordens: Microchiroptera (os morcegos pequenos, usuais) e Megachiroptera (também chamadas de raposas voadoras). Apresentam uma grande capacidade de adaptação a diferentes ambientes e climas; conforme a espécie, alimentam-se de frutas, insetos, sementes, pólen, peixes, artrópodes (principalmente insetos e aracnídeos), pequenos vertebrados (rãs, lagartos, etc) e sangue. Estes últimos são os morcegos hematófagos, ou vampiros, só existem na América Latina (do México à Argentina) e são apenas três espécies (Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus yongii); contudo essas espécies hematófagas acabaram por representar a Ordem toda infundindo medo e receio na humanidade (vejam o sucesso aterrorizante que faz o Drácula (de Brain Stocker). Contribuindo decisivamente para o equilíbrio dos ecossistemas como polinizadores, dispersores de sementes e predadores de insetos, os morcegos são considerados animais úteis e nessa condição não podem e nem devem ser considerados pragas exceto pelos hematófagos, um dos principais responsáveis pela manutenção e disseminação do vírus rábico na zona rural. Os morcegos são notabilizados ainda pelo seu extraordinário sistema de ecolocalização, o tal do biossonar ou orientação pelo eco (que inspirou a criação do radar, do sonar marítimo e dos aparelhos de ultrassom) que é por eles utilizado para orientar-se na mais completa escuridão (como nas cavernas), para buscar alimentos (o que fazem durante a noite) e para comunicar-se com outros morcegos (importante para o reconhecimento entre mães e filhotes).
Deixe-me estender um pouco mais sobre a ecolocalização, que sempre me fascinou no mundo animal. É um verdadeiro sexto sentido e funciona mais ou menos assim: o morcego é capaz de emitir, pelas narinas ou pela boca, ultrassons (freqüência acima de 20 KHz) que não são audíveis pelos seres humanos. Aliás, muitas espécies de roedores também o fazem. Essas ondas ultrassônicas atingem obstáculos próximos do ambiente e voltam na forma de ecos com freqüência ainda mais alta, pois ao voltar, o eco mais a velocidade do morcego são somadas (efeito Doppler/Fiseau, para quem se lembra das aulas de Física dos tempos do Colégio). Os ecos são ouvidos pelo morcego (já perceberam que todos os morcegos têm orelhas grandes?) e pasmem: com base no tempo que os ecos demoraram para voltar e nas direções de onde vieram, os morcegos sentem se há obstáculos no caminho, bem como as distâncias em que se encontram, suas formas e velocidades relativas de deslocamento. Por isso as espécies insetívoras conseguem capturar insetos em pleno vôo. A Natureza é absolutamente fantástica, não é? O biossonar não é prerrogativa unicamente dos morcegos e também o encontramos em outros animais como nos golfinhos, andorinhões e baleias. Pois é, mas os morcegos vampiros possuem um sétimo sentido (caramba, e nós só temos cinco!). Trata-se da “termopercepção” capacidade pela qual os morcegos hematófagos localizam suas presas (geralmente eqüinos e bovinos); percebem o calor emitido pelo corpo de suas vítimas.
Os morcegos têm poucos inimigos naturais principalmente porque poucos deles descem ao chão (quando doentes, acidentes quando estão aprendendo a voar, em tempo ruim com muito vento). Corujas, falcões, gatos, cobras, certos sapos e lacraias que habitam cavernas, gambás, cuícas e algumas espécies da tribo Vampirinii que são carnívoras e se alimentam de morcegos menores. No entanto, os piores inimigos naturais dos morcegos são certas pulgas, carrapatos e as moscas-de-morcegos (sugadoras das famílias Streblidae e Nycteribiidae), porque nas membranas interdigitais, os vasos sanguíneos correm superficialmente e podem ser perfurados facilmente.
E no Brasil?
Por aqui existem pelo menos 167 espécies diferentes distribuídas em nove famílias e 64 gêneros. Cerca de 50% dos morcegos brasileiros se alimentam de plantas (frugívoros, polinívoros) sendo estritamente dependente delas ou não. O resto é de morcegos insetívoros, piscívoros, carnívoros e, em pequena escala, os hematófagos. Quer dizer então que os morcegos, excetuando-se os vampiros, são inocentes criaturas apesar de seu aspecto nada agradável? É verdade! Apesar de que já foram encontrados morcegos não vampiros infectados com o vírus da raiva, essa não é a história natural dessa doença. Então, não é à toa que no Brasil, os morcegos são protegidos por lei (Lei do Ibama de proteção da fauna brasileira) sendo considerado crime inafiançável a perseguição, captura, eliminação e encarceramento desses animais (instituições de pesquisa solicitam ao Ibama licenças especiais para capturar alguns exemplares quando necessário).
Por outro lado, quando morcegos decidem instalar-se no forro de alguma residência ou no desvão de algum prédio (afinal, esses locais não passam de cavernas para eles), passam a causar incômodos e provocar a aversão de seres humanos. Daí, a empresa controladora de pragas é chamada para “eliminar” tais morcegos. O que fazer? Matá-los? De jeito nenhum! Lembrem-se: os morcegos são espécies protegidas por lei (excetuam-se as espécies hematófagas). A empresa deverá então aplicar um método alternativo que apenas os removam daquele ponto onde estejam se abrigando (e causando incômodo). E é só isso, moçada, nem pensem em outra coisa!
A gente pode tentar uma reza brava para ver se eles vão embora ou, se não der certo, aplicar algum método alternativo que não coloque os morcegos em risco. Começando:
1) Localize e vede os pontos de entrada e saída. Quem sabe eles não encontrem outro ponto paqra entrar.
2) Pendure trouxinhas de filó contendo cinco ou seis bolinhas de naftalina em diversos pontos do teto onde os morcegos costumam se dependurar. Esses pontos poderão ser localizados pelo amontoado de fezes no piso. Aaaah... se vocês se lembram, fezes de morcegos são semipastosas e esbranquiçadas. Ao que parece, os morcegos não gostam do odor da naftalina e se retiram daquele ambiente.
3) Coloque pedaços de enxofre sobre retalhos de lata em diversos pontos do forro e ateie fogo; fumarolas com cheiro de ovo podre vão ser geradas e vão impregnar as estruturas do telhado, fazendo com que os morcegos se afastem (e as pessoas também, caso haja comunicação entre o forro e as dependências da casa).
4) Ao invés de enxofre, queime pedaços de pneu velho. Dá no mesmo. Esse não deu muito certo quando experimentei.
5) Outra que me ensinaram: pulverizar o teto com formalina (formol a 40%). Os morcegos quase morreram sufocados... eu também!
6) Uma vez li que pendurando garrafas de vidro nas estruturas do telhado com a boca aberta para baixo, iria espantar os morcegos, porque o vento passando pela boca da garrafa produziria uma freqüência ultrassônica que confundiria seu biossonar e eles iriam se retirar discretamente. Achei meio duvidoso e fui testar em duas casas infestadas. Na primeira, deram risada das minhas garrafinhas invertidas. Na segunda... não é que funcionou de forma bem razoável! Tentando entender, percebi que na primeira casa não havia espaço suficiente entre teto e telhado para que o vento circulasse livremente; na segunda casa, o vento passava livremente e suponho que o tal ultrassom, o qual obviamente eu não escutava, foi produzido. Tem cada uma!
7) Uma outra que experimentei com sucesso razoável: pendurei em todo o forro aquelas pedrinhas circulares (paradiclorobenzeno) utilizadas como desodorizante de vasos sanitários. Para nós, um cheirinho agradável; para os morcegos, um negócio mal cheiroso. Vão embora.
8) E agora, o melhor método que experimentei: o miniexpurgo. Se minha memória não falha, esse método me foi ensinado pelo amigo prof. Wilson Uieda da UNESP (se não foi ele, peço desculpas à fonte da informação). É o seguinte: prepare-se adquirindo várias latinhas dessas onde se coleta fezes para fazer exame e que são encontradas em qualquer farmácia. Atenção, tem que ser de lata; de plástico não serve. Dentro de cada uma coloque 14g de permanganato de potássio. Coloque-as dentro de uma bolsa tipo embornal que é mais fácil para levar a tiracolo. Adquira igual número de vidrinhos pequenos com rolha de borracha, daquele tipo que se utiliza para embalar antibiótico injetável. Coloque dentro de cada um 7 ml de formalina (solução aquosa de formol a 40%) e guarde-os dentro do mesmo embornal. Tudo pronto, suba ao forro e distribua as latinhas contendo o permanganato à razão aproximada de uma para cada metro e meio quadrado, já sem tampinha. Depois disso, caminhe (geralmente quase se arraste) em direção à latinha mais distante do ponto de saída do forro (por onde você entrou). Nela despeje o conteúdo de um vidrinho (formalina) e venha rapidamente fazendo o mesmo em todas as latinhas. Saia do forro e tampe o alçapão. Em cada latinha, em um ou dois minutos, vai ocorrer uma reação química exotérmica que libera calor e forma uma espessa fumarola de cheiro não muito agradável. Essas fumarolas quentes sobem e deixam as estruturas do telhado impregnadas, exatamente onde os morcegos se alojam. O odor dessas fumarolas impregnadas deve ser horroroso para os morcegos e deve irritar as sensíveis mucosas nasais e orais, de forma que eles quando voltarem a aquele abrigo, fazem meia volta e, muito a contragosto, imagino, vão buscar outra freguesia. Observei pessoalmente que eles ficam pelo menos quatro ou seis meses para começar a tentar voltar.
9) E se o problema for com morcegos hematófagos? O método clássico e estender uma rede bem fina no teto, chamada de “véu de noiva” encontrada em casas especializadas que vendem redes e outros materiais esportivos. Essa rede é tão fina que o biossonar dos morcegos não consegue detectá-la e os morcegos acabam se enredando. Com as mãos protegidas por luvas de raspa temos que remover os morcegos capturados e passar nas costas de cada um, com o auxílio de uma espátula, um pouco de pasta vampiricida anticoagulante e em seguida libertar o morcego assim tratado. Eles são gregários e retornam às suas colônias onde os demais membros executam a limpeza mútua removendo e ingerindo a pasta aplicada que acaba fazendo efeito em poucos dias, eliminando-os. Isso pode parecer fácil de executar, mas requer um pouco de prática. Essa é a técnica que o pessoal das instituições públicas rurais que lidam com a Raiva, adota com sucesso. Quer um conselho? Se o problema for com vampiros, procure antes essas instituições como os Institutos Biológicos ou os escritórios da Embrapa e informe-se melhor, OK?
Bem, amigo Egberto e demais interessados, já dei um punhado de sugestões para que o profissional controlador de pragas possa atender a solicitação de seu cliente, atormentado por morcegos. Divirtam-se!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

SOBRE AS TRAÇAS




Atendendo indicação do nosso leitor Flávio Souza vamos conversar um pouco sobre as chamadas traças. Começaremos por esclarecer um ponto que muitos colegas até se confundem: chamamos de traças, um grupo de insetos que pertencem a duas Ordens diferentes: Thysanura e Lepidoptera, que têm características e ciclos biológicos diferentes.
A “traça dos livros” (silverfish, em inglês) é um inseto que pertence à Ordem Thysanura, sendo a mais comum, a Lepisma saccharina. É um dos insetos mais antigos conhecidos pela ciência e, em seus primórdios, possivelmente tenha convivido com dinossauros. Essa traça nunca adquire asas ao longo da vida, suas pernas são adaptadas para correr sendo então, um inseto rasteiro. É onívora alimenta-se de uma grande variedade de alimentos como celulose (papel e papelão), farinhas, roupas e tecidos orgânicos (ex: algodão, lã natural); preferem vegetais que contenham amido, razão pela qual ataca livros mais antigos (devido à cola usada para a encadernação, à base de amido) e papel de parede (pela mesma razão). Tem antenas longas, boca do tipo mastigador, dois ou três filamentos caudais e mede cerca de 01 cm de comprimento com o corpo semelhante a um peixe prateado (justificando seu nome popular em países de lingua inglesa: silverfish); aliás, move-se também de forma parecida ao movimentos dos peixes. As fêmeas depositam cerca de cem ovos em gretas, fendas e rachaduras e levam, em condições úmidas, cerca de 30 dias para eclodir liberando ninfas bastante parecidas aos adultos (ametabolia), idade que atingem em aproximadamente três meses. Diferentemente dos demais insetos, a traça dos livros continua fazendo mudas (ecdises) ao longo de toda a vida, mesmo depois de adulta! E é capaz de regenerar órgãos e apêndices perdidos acidentalmente como, por exemplo, pernas. Em condições favoráveis podem viver até quatro anos em vida livre. De hábito noturno, vive preferencialmente em ambientes escuros e úmidos. É muito ágil e esconde-se rapidamente em frestas de móveis, armários, rodapés e caixas, sendo este último, o principal veículo de dispersão da praga, levada junto a livros e utensílios domésticos em mudanças. Em museus, bibliotecas, tecelagens, supermercados, hotéis e em muitos outros estabelecimentos comerciais, as traças devem ser monitoradas com rigor, para evitar infestações severas e danos significativos. Não está envolvida na transmissão de nenhuma doença ao homem e aos animais.
Já as "traças das roupas", pertencem à Ordem Lepidoptera (onde estão as mariposas e as borboletas), da qual o Gênero Tinea (com várias espécies) é o mais importante. Ao contrário das traças dos livros, as traças das roupas se desenvolvem pela metamorfose completa (ovo – larva – pupa – adulto). Na fase de pupa, tecem um casulo prateado achatado e elíptico preso por uma das pontas a qualquer ponto da parede, do teto ou no interior de armários e gavetas, por isso sendo facilmente identificáveis. Até certo ponto do desenvolvimento dessa pupa, ela move-se em busca de alimentos levando seu casulo consigo; na derradeira fase dessa etapa do desenvolvimento, estaciona, não mais se alimenta e prepara a traça adulta (uma mariposa) que vai emergir. Contudo, também ao contrário de muitos outros insetos de metamorfose completa, nessa fase de pupa as larvas da traça das roupas continuam se alimentando e muito! Comem roupas (de fibras naturais), tecidos não sintéticos, roupas de lã, tapetes, cortinas, estofados, etc. Aliás, a traça das roupas só se alimenta nessa fase de larva (crisálida), não mais o fazendo na fase adulta (muitas espécies de traças na forma adulta, sequer têm aparelho bucal desenvolvido). A pequena mariposa, que é a traça das roupas na fase adulta, caminha mais que voa, rapidamente procura o sexo oposto para acasalar e morre; as fêmeas têm mais alguns dias de vida para maturar seus ovos e pô-los em local seguro e seco. Vida média entre 10 e 18 meses.
O terceiro tipo de traça pertence também à Ordem Lepidoptera e é chamada de "traça de produtos armazenados", pois é encontrada em grãos de cereais (arroz, milho, trigo) e em diversos outros produtos armazenados como farinhas, cereais matinais, biscoitos, chocolates, cogumelos secos, etc. Segue um ciclo biológico semelhante à traça das roupas e a traça adulta também é uma pequena mariposa. Essas traças são consideradas pragas importantes porque, ao atacar alimentos, contamina-os com suas fezes, fragmentos de seu corpo e fios de seda característicos. Os principais gêneros são Plodia, Cadra e Ephestia. Ciclo completo entre algumas semanas e poucos meses, na dependência das condições ambientais.
E o combate?
Sempre é melhor prevenir que remediar, mas quando o problema já está instalado, entra em cena o profissional controlador de pragas, o qual deve levar em conta alguns aspectos da biologia das traças e aplicá-los a seu favor, no sentido de controlar essa praga. Considere então que, de uma forma ou outra, as traças, sejam das roupas, sejam de produtos armazenados, sejam dos livros, todas elas passam por uma fase onde andam pelas paredes e tetos, bem como rastejam no interior de guarda-roupas, armários ou gavetas. Pode ser esse o ponto frágil das traças! Se andam, basta que eu coloque algum biocida adequado nos principais pontos de passagem das traças e possivelmente consiga eliminá-las. Claro, há várias considerações a fazer e cuidados a tomar, mas pode ser a regra básica para seu controle. Pratiquei muitas vezes, com sucesso, o controle de traças, principalmente em hotéis, quando tive minha empresa controladora. Depois de tentar vários biocida e formulações diferentes sem grandes resultados, parei um pouco para raciocinar e me dei conta que já existia no mercado brasileiro na época, duas formulações microencapsuladas (ambas bastante eficazes). As características físico-químicas dessa formulação as tornam bastante adequadas para usar contra traças (e qualquer outro inseto rasteiro, naturalmente); foi preciso somente definir onde, como e quando usar tal formulação e os resultados desejados foram atingidos, rapidinho!
Mas, o bom profissional controlador de pragas deve acrescentar valor a seus serviços fornecendo ao seu cliente, depois de executar o tratamento, algumas indicações para evitar a reinfestação. Vou citar algumas:
• Para traças de roupas, manter estantes, armários, guarda-roupas, gavetas e gabinetes sempre limpos e arejados. Pode-se colocar grãos de pimenta do reino esparsos para atuar como repelente às traças
• Para traças dos livros e das roupas, evita o acúmulo de papéis velhos, caixas de papelão, jornais, livros e revistas especialmente em locais escuros e úmidos.
• Naftalina e cânfora, as traças odeiam e nem chegam perto!
• Roupas já atacadas: coloque dentro de um saco plástico e deixe que elas passem alguns dias dentro do freezer. Ovos, larvas e mesmo adultos morrerão entanguidos de frio.
• Alimentos e embalagens já atacadas, jogar fora, o que fazer?
• Para seu clientes mais ecológicos: ramos de louro, de salsa, tomilho, hortelã e alfazema botam as traças para correr. Matar, não matam, mas fazem com que elas procurem outra freguesia.
• Antes de guardar os cobertores no fim do inverno, lave-os e adicione uma xícara de naftalina no enxágüe. Até o inverno seguinte o cheirinho da naftalina terá se esvaído. Eu prefiro cânfora que cheira melhor. Melhor ainda, guarde-os entremeados com saquinhos de filó contendo um pouco de menta e alecrim. O cheiro da naftalina, ou da cânfora, desaparecerá com o tempo e fica o odor das ervas aromáticas
Esse é o resumo desse tema. Espero ter satisfeito ao amigo Flávio Souza que o sugeriu e a outros leitores que tenham esse assunto para resolver em algum cliente.