segunda-feira, 17 de junho de 2013

LEMBRANDO DO HANTAVÍRUS

Bati os olhos em uma notícia veiculada no site do Food Safety and Pest Management Solutions e achei que valeria à pena abordar o meio esquecido tema do hantavírus, uma das zoonoses transmitidas por certas espécies de roedores (no Brasil principalmente pelo “pixuna”, um roedor que se alimenta especialmente das sementes do capim braquiária). Diz a notícia que em junho do ano passado, a senhora Cathy Carrillo, juntamente com seu marido e filho frequentaram um acampamento no Parque Nacional Yosemite da California – EUA, o Yosemite´s Curry Village, um conjunto de bases de tendas de camping a serem armadas nas imediações da Glacier Point e do monte Half Dome; há igualmente tendas pré fabricadas disponíveis para alugar. Três semanas depois, a Sra.Carrillo mostrou sintomas semelhantes a um resfriado e acabou sendo hospitalizada por várias semanas em condições críticas. “- Os médicos do hospital disseram que meu caso foi um milagre, pois eles não sabiam se eu iria sobreviver”, ela disse em entrevista ao ABC News. Aconteceu que a Sra. Carrillo foi uma das 10 vítimas de um surto de hantavirose que ocorreu nesse Parque Nacional Yosemite no último verão, três das quais foram a óbito, vítimas dessa doença viral mortal. O jornal Dailly Mail relata que um ano após ter contraído a doença, a Sra. Carrillo ainda é incapaz de respirar normalmente e tem problemas de comunicação. Ela agora deu entrada a um Processo Judicial contra a empresa administradora do Parque pelos danos físicos sofridos com a doença, no valor superior a três milhões de dólares. Seu advogado alega que a Administradora tratou do risco com negligência, posto que sabia da existência de casos anteriores de hantavirose (supostamente as vítimas contraíram a hantavirose ao entrar em contato com fezes, urina ou saliva de roedores dentro das cabines de banho e WC do acampamento. Prevista para o dia 23 de julho próximo, haverá uma audiência na corte distrital de Fresno. Dona Carrillo deve estar ansiosa e a empresa administradora do acampamento, tremendo nas bases. É... os roedores nem imaginam o tamanho da encrenca em que se meteram. Aguardemos mais notícias. A Administração do Camping alega já ter tomado uma série de medidas para evitar a repetição dos fatos, tais como: destruição das cabines e bases de tendas onde o surto ocorreu e construção de novas instalações com várias modificações preventivas contra a infestação de roedores, base do piso mais alta para permitir inspeções sob ela, escada vazada para impedir que pequenos roedores ali façam seus ninhos, telagem de orifícios por onde passam cabos de eletricidade e canos de água, adoção de um programa permanente de controle de roedores, etc Nota: a hantavirose é causada por um grupo de vírus transmitidos pela urina, fezes ou materiais dos ninhos de certas espécies roedoras silvestres. A infecção humana é relativamente rara e os sintomas surgem em media de uma a cinco semanas após a exposição. Os sintomas iniciais incluem febre, dores musculares severas e fadiga com sérias dificuldades respiratórias. Algumas vítimas sofrem dores de cabeça, tonturas, calafrios, náuseas, vômitos, diarreia e dores de estômago.

sábado, 8 de junho de 2013

O MANEJO DE PRAGAS EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS

Na armazenagem após a colheita ou depois do abate, na industrialização, no comércio distribuidor atacadista e varejista, nos estabelecimentos de manipulação e consumo e nas residências do consumidor, os alimentos representam um polo permanente de atração para um incontável exército de diferentes pragas que apenas buscam sua sobrevivência, nada mais que isso. O problema é que esse exército e nós, os seres humanos, buscam os mesmos alimentos e então entre elas, as pragas, e nós, não há acordo sobre certas questões. Esse formidável exército é composto pelas mais diferentes espécies animais (e até vegetais, se considerarmos fungos e liquens) que insistem há milênios em compartir de nossa mesa, assaltar nossas despensas e até roubar nossas migalhas. Aparelhada com a capacidade de inteligência e criatividade, a espécie humana estuda, aprende e planeja novas técnicas, novos instrumentos de combate, novas estratégias para controlar as pragas. Estas, respondem com adaptações às adversidades que lhes são impostas e até lançam mão de mutações genéticas que as tornam resistentes aos ataques. Essa luta é antiga, bem antiga! Entre uns e outros, situa-se o pobre do profissional controlador de pragas limitado por leis, regulamentos e regras nem sempre adequadamente fundamentadas e a notável capacidade adaptativa de insetos, roedores e outras pragas às quais deve controlar. Ah, sim, não podemos nos esquecer das entidades, ONGs e outros grupos pretensamente ambientalistas. Nada é fácil! Muitas são as oportunidades que as pragas têm obter seu sustento (quer dizer, parte do nosso!) desde que o alimento foi colhido, ou abatido, até chegar à nossa mesa. A guerra entre nós e elas começa logo depois, na primeira armazenagem (silos, armazéns, depósitos, câmaras frias ou frigorificadas, etc). E já começa a atividade do profissional controlador de pragas que, para obter resultados consistentes, deve cumprir certas etapas como: inspeção das áreas e suas instalações de armazenagem, identificação das pragas infestantes e aplicação de técnicas de manejo integrado (bom nível de limpeza e asseio, medidas que excluam as pragas, medidas não químicas, controle químico, monitoramento, estabelecimento de um programa e de responsabilidades, avaliação periódica dos procedimentos, produção de relatórios e muita comunicação com o contratante). Grande parte dos alimentos não é destinada ao consumo “in natura”, mas deve passar por um processo industrial antes de ser consumido. Nessa etapa as pragas atacam rijo! Roedores comensais dos três tipos, baratas pequenas e grandes, moscas de boas famílias milenares, formigas furtivas e incansáveis e outras pragas menos votadas como aranhas, mariposas, besouros, mosquitos, cupins, morcegos e até pombos sujões, sem falar em animais invasores ocasionais. É um prato cheio! Um agravante: na indústria, as regras e leis são exigentes e, consequentemente, o contratante também o é. Uma perna de barata ou uma asa de mosca dentro de uma lata de leite condensado pode gerar um problemão para a indústria produtora e uma inesquecível encrenca para a empresa desinfestadora contratada! Por isso, o profissional controlador de pragas tem que atentar para alguns pontos fundamentais antes de aceitar a responsabilidade em uma indústria alimentícia, tais como: identificar todos os fatores que estão favorecendo a entrada das pragas nas instalações (isso inclui verificar as rotas dos insumos e do lixo, sistemas de drenagem e descargas de águas servidas, as docas, os depósitos de alimentos e não alimentos, emissão de calores e pontos de luzes, as aberturas como portas e janelas, etc). Estafante, mas necessário. Depois vêm os fatores que estão facilitando a permanência e sobrevivência das pragas nessa indústria (limpeza, instalações de funcionários, presença de rachaduras, gretas, reentrâncias, danos estruturais, etc). A lista é longa, pois então vêm os fatores que ajudam as pragas a se distribuir dentro da indústria e some-se os fatores que dificultam o controle das pragas infestantes e por aí vai. Muito bem, mas os alimentos saem da indústria e vêm para o comércio distribuidor (atacadistas e varejistas) onde nova armazenagem ocorre e com ela, outra grande oportunidade para as pragas, as mesma diga-se de passagem! Do ponto de vista delas existe alguma diferença entre um enorme hipermercado e uma vendinha de bairro? Não, é só uma questão de tamanho. Mas, para o profissional controlador de pragas o trabalho de controlá-las difere substancialmente quanto ao planejamento, a logística e a metodologia. Nessa etapa do percurso dos alimentos, outros fatores intervêm para dificultar o trabalho de controle das pragas onde o asseio e limpeza desempenham papel preponderante. O manejo dado às mercadorias é vital, lembrando que existe uma enorme área de acesso restrito ao público comprador, onde os alimentos são estocados e manejados de diferentes formas antes de irem para as gôndolas expositoras. Poderíamos ficar aqui falando ainda sobre o que acontece com os alimentos depois que a dona de casa os compra, ou sobre o intenso trabalho de planejamento que o profissional controlador de pragas tem que se dedicar para aceitar a responsabilidade de controlar as pragas em qualquer das etapas que os alimentos devem cumprir antes de serem consumidos, mas vamos fechar o assunto lembrando que essa profissão exige necessariamente permanente reciclagem de conhecimentos, atualização e muita dedicação. Ou é isso, ou recomendo uma mudança de vida: experimente o ramo de pipoqueiro na frente de estádio de futebol. Talvez seja mais fácil!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

FINALMENTE NO BRASIL, CURSOS SOBRE CONTROLE DE PRAGAS À DISTÂNCIA

Custou, mas eis que chegaram ao nosso país (e para os países lusofônicos), os cursos técnicos sobre controle de pragas, uma lacuna a ser preenchida. No mundo todo, a tendência educativa são os cursos virtuais onde os interessados podem aprender através da Internet, tomando as aulas à medida de suas disponibilidades de tempo e conveniência. Essa moderna forma de aprendizado propagou-se com notória velocidade e hoje, até cursos de formação universitária e pós graduação estão disponíveis em quase todas as línguas, incluindo o português. Faltavam no Brasil, no entanto, cursos técnicos especializados no controle de pragas. Eu disse faltavam, porque agora já temos mais essa ferramenta disponível na Web para tender este nosso país de dimensões continentais. O site Pragas On Line está disponibilizando os quatro primeiros cursos virtuais de ensino à distância que, certamente, vão facilitar bastante o crescimento técnico dos profissionais do setor. São eles: Curso livre de formação de Operadores de Controle de Pragas (com este blogueiro), Curso de Controle de Borrachudos, Curso de gerenciamento de ratos em unidades armazenadoras (ambos com o Dr. Ricardo S. Matias) e Curso de roedores – biologia e controle (com Dr. Antonio Queiroz). Como funcionam esses cursos? O interessado acessa o site (www.cursospragas.com.br), escolhe o curso que mais lhe agrada, preenche um formulário de inscrição, efetua o pagamento conforme indicado e o curso escolhido lhe será liberado para início quando quiser. Os cursos mais extensos são divididos em módulos, de forma que o cursante poderá tomar as aulas quando quiser, podendo interromper e retomá-las quando possível. Nos cursos há sempre um ou mais testes do conhecimento adquirido para que o próprio cursante avalie seu crescimento. Portanto, não perca essa alternativa de dar um “up grade” em seus conhecimentos. Acesse www.cursospragas.com.br