quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

SOBRE O USO DO ÓLEO DE NIM NO CONTROLE DE PRAGAS

Ivone, uma colega e leitora deste blog, postou um comentário na matéria do feijão cru como raticida (vide abaixo) citando o pretenso uso do óleo de nim como inseticida por parte de empresas de controle de pragas. Como eu já havia recebido uma outra consulta sobre esse tema, resolvi transformar minha tréplica em um breve sumário desse tema, para conhecimento de leitores que ainda não ouviram falar do óleo de nim, que aqui segue.
Na Índia, possível local de sua origem, existe uma árvore frondosa que vive em média 200 anos que é um espanto: dela tudo se aproveita: frutos, sementes, folhas e caule. Naturalmente, o maior produtor de nim no mundo é a Índia, onde é conhecida há mais de 5.000 anos, mas o Brasil vai muito bem obrigado no cultivo do nim, introduzido em 1990, contando hoje com mais de 6 milhões de árvores plantadas. O nim tem propriedades notáveis em diversos tipos de uso que hoje dela se faz. Chama-se cientificamente de Azadirachta indica e é internacionalmente conhecida como árvore neen, aportuguesado para nim. A principal substância extraída do nim, é a azadiractina que nos interessa nesta abordagem como inseticida. Essa proteína vegetal tem sido amplamente estudada no mundo todo e a cada dia descobre-se um novo uso para proveito humano. Por exemplo, ela é usada até em cosméticos como shampoos (tônico capilar), sabonetes (sarnicida, antimicótico e outras afecções dermatológicas), pasta de dente (bactericida), etc. Na agricultura, a azadiractina é amplamente utilizada no combate e controle de uma grande variedade de insetos e outras pragas comuns (mais de 400 pragas). Na pecuária, tem sido utilizada com sucesso como carrapaticida e no controle da mosca dos chifres (o gado recebe folhas trituradas misturadas ao sal e o ingrediente ativo passa a circular no sangue do animal, de onde é sugado por certos ácaros e insetos hematófagos, onde vai atuar). Portanto, a azadiractina é extremamente versátil. Mas, vamos ao que nos interessa no momento.
A azadiractina, muito empregada na forma de óleo (conhecido como óleo de nim), é um inseticida botânico do grupo dos tetranortriterpenóides (da classe liminóide) extraído da árvore Azadirachta indica e é compatível com muitos inseticidas (onde atua como sinergista) e fungicidas. Aliás, esse estudo de compostos botânicos como adjuvantes e sinergistas para inseticidas, tem produzido inúmeras substâncias muito interessantes como a salanina, a gedunina, o azadirone, a nimbina, a nimbidina e o nimbirol, para citar apenas algumas. Desde o antigo e muito empregado butóxido de piperonila, muita coisa nova surgiu efetivamente!
A azadiractina já foi registrada nos Estados Unidos como inseticida geral com classificação toxicológica de grau IV (relativamente não tóxico). Portanto, é falsa a afirmação de seja “atóxico”, fazendo então companhia ao feijão cru! Essa substância é similar a um hormônio natural dos insetos chamado de ecdisona, o hormônio responsável pela mudança de estágio durante seu desenvolvimento. Quando chega o momento da larva (ou ninfa) mudar de estadio juvenil, o nível do hormônio ecdisona sobe provocando inibição dos hormônios juvenis e assim ocorre a mudança de fase. A cada novo estadio o fenômeno se repete até que finalmente chega a forma adulta do inseto. Pois, a azadiractina bloqueia a síntese da ecdisona que não é produzido mais no organismo do inseto depois da ingestão da azadiractina, resultando uma severa interferência no seu desenvolvimento, levando-o à morte por inviabilidade biológica. A azadiractina tem uma atividade inseticida bastante curta de 7 a 10 dias, mas pode se prolongar dependendo da concentração em que foi utilizada e do inseto alvo. Sua DL50 (toxicidade) está entre 3.540 e 5.000 mg/kg e é preciso que o inseto ingira a azadiractina para que ocorra o efeito adverso; não há registro de absorção através da cutícula e, portanto, não tem efeito de contato. Dessa forma, aranhas, por exemplo, não são afetadas por esse inseticida. Aliás, a maioria esmagadora dos estudos de controle de pragas com o óleo de nim, aborda pragas agrícolas e não domésticas. Há um estudo sobre baratas americanas (Periplaneta americana) onde foi demonstrado seu efeito como redutor de desenvolvimento e diminuição dos ovos férteis. Em pulgas retarda o desenvolvimento, tem efeito repelente e provoca a produção de ovos inférteis. Em certas moscas, retarda o desenvolvimento e é tóxico para larvas. Ah, sim, não é fitotóxico (não afeta plantas).
Então, com tal perfil, por que não usamos mais o óleo de nim no controle de pragas aqui no Brasil? Poderia, mas seu custo ainda é alto e não há muitos estudos mais profundos sobre seu efeito prático em insetos domésticos. Algumas empresas desinfestadoras estão adicionando o óleo de nim a seus inseticidas como sinergista, mas ainda de forma um pouco empírica. Outras estão tentando utilizá-lo substituindo inseticidas químicos, em uma abordagem de menor risco ambiental. E há, infelizmente, outras que dizem empregá-lo (embora não o façam) como mero apelo de marketing, Tradução = propaganda enganosa!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

POSSO USAR FEIJÃO CRU COMO RATICIDA?

Novamente recebo outra consulta sobre o possível uso de feijão cru como raticida. Tenho respondido essa questão repetidamente e até preparei uma nota a respeito que foi veiculada pelo site pragas.com.br há alguns meses atrás. Tudo começou com um trabalho científico publicado em 1994 de autoria do Prof. Pedro Antunes e outros pesquisadores em conjunto da Universidade Federal de Pelotas/RS, FAEM / Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Eles estavam analisando na época o valor nutricional de quatro cultivares de feijões similares entre si comumente encontrados no comércio brasileiro (Rico 23, Pirata 1, Rosinha G2 e Carioca) e também os fatores antinutricionais como a antitripsina e a lectina (duas proteínas tóxicas existentes em todos os feijões). Nesse ensaio, ratos brancos de laboratório (albinos da espécie Rattus norvegicus) foram submetidos a uma dieta obrigatória e exclusiva desses cultivares de feijão cru e os pesquisadores apresentaram suas conclusões. Sucede que todos os ratos do estudo morreram depois de comer bastante feijão cru, aliás, como seria de se esperar dada à presença daquelas substâncias tóxicas no feijão ainda cru. Eis que 14 anos depois dessa publicação, alguém pensou que se o feijão cru matou os ratos de laboratório, poderia matar também ratos selvagens a um custo, digamos, bem mais barato! E, confundindo de maneira desinformada as coisas, imaginou que em sendo feijão (coisa que o brasileiro come quase todos os dias), havia “descoberto a pólvora”: um alimento barato que seria tóxico só para os ratos. Nada poderia ser mais ecológico e seguro! De maneira totalmente desinformada a tal “novidade” começou a circular pela Internet dando o resultado como certo e promovendo o “novo raticida” como ecológico, atóxico e seguro para seres humanos. Alguns sites e blogs até técnicos reproduziram o refrão, de forma precipitada e sem maiores verificações.
Vamos, mais uma vez, aclarar essa questão. Primeiro, o feijão cru está longe de ser seguro e atóxico para seres humanos! Ao contrário, é bastante tóxico e pode levar um ser humano à morte se ingerido em certa quantidade. A razão é a presença de duas proteínas tóxicas (lectina e antitripsina) no feijão cru que são desnaturadas durante o cozimento, razão pela qual o feijão cozido não causa efeitos tóxicos em quem o ingere. Se aqueles ratos do ensaio tivessem comido feijão cozido ao invés de cru, estariam vivinhos da silva até hoje! Provavelmente, mais gordinhos. O Prof .Pedro Antunes inquirido sobre essa versão apócrifa que circula na forma de post na Internet, mostrou-se horrorizado com o desvio dado à sua pesquisa, pois a intenção dos pesquisadores era apenas demonstrar o efeito nocivo do feijão cru que desaparecia quando o feijão era cozido.
Em segundo lugar, claro que podemos oferecer a uma população de roedores o feijão cru para que eles comam e morram. Contudo, o difícil, para não dizer impossível, será convencer esses roedores a ingerir feijão cru como alimento! Milhões de anos de evolução tornaram os roedores (e uma enorme gama de outros mamíferos monogástricos - aqueles dotados de um só estômago - como o homem, os cães, os gatos e os ratos), avessos à ingestão de feijão cru. Quem comia, morria! Quer melhor aprendizado do que esse?
Portanto, vamos esclarecendo essa balela monumental: feijão cru mata rato se fosse teoricamente ingerido de forma voluntária, mas jamais pode ser adjetivado como atóxico, ecológico ou seguro para a espécie humana. Sócrates não sabia disso, se não, talvez não optasse pela cicuta!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

CONTANDO UM "CAUSO": O MISTÉRIO DA PANELA DE ARROZ

Em minha vida profissionalde de mais de 40 anos controlando pragas (pelo menos tentando), me deparei com muitas situações inusitadas e acabei registrando um ou outro "causo", aquelas historinhas engraçadas ou que parecem mentira. De algumas, participei diretamente e/ou fui observador presente; outras vezes, ouvi de pessoas comuns com quem tive o grande prazer de tropeçar em minhas andanças por nosso imenso país. Lembrei-me de um certo "causo" muito curioso e que quero compartir com meus leitores. Trata-se de um acontecido em uma residência na zona rural de uma família simples e que me foi relatado entre risadas pela própria senhora moradora dessa casa localizada em algum lugar de Santa Catarina. Entitulei esse "causo" de "O Mistério da Panela de Arroz". Contou-me que ali morava ela, seu marido (ambos já um pouco idosos) e um jovem estudante pensionista descendente de orientais, recém chegado,bom moço, admitido para melhorar um pouco as finanças do casal, em regime de meia pensão incluídos café da manhã e jantar. Procurando deixar o pensionista bem à vontade, mas não querendo ruídos noturnos na casa que pudessem interromper o sono do casal, Dona Maria (um nome fictício) o instruiu para que comesse à vontade no jantar, pois não haveria direito à boca livre durante a noite. Na manhã seguinte, Dona Maria encontrou a panela de arroz destampada sobre o fogão e semivazia e imaginou que o pensionista japonês havia, contrariando a regra da casa, feito uma visita noturna às sobras do jantar em altas horas. Na noite seguinte e na consecutiva, o fato se repetiu. Dona Maria ficou agastada e resolveu espreitar à noite para convencer-se do fato e confrontar o elemento nipônico, pois não queria levantar falso. Lá pelas tantas, da cama, Dona Maria percebeu que a luz da cozinha se acendeu, ouviu a tampa da panela de arroz sendo removida ruidosamente e depois um silêncio por alguns minutos. Em seguida a luz foi apagada e fez-se completo silêncio. Dona Maria ficou realmente irritada com o pensionista e despertou o Seu Mateus (outro nome fictício) para lhe contar o sucedido, qualificando a si mesma como testemunha de acusação. Seu Mateus não queria acreditar a princípio e contestou dizendo que Dona Maria deveria estar sonhando e confundindo com a realidade. Naturalmente Dona Maria não gostou nem um pouco da dúvida que pairou sobre seu fiel testemunho auricular e retrucou, dando início a mais uma daquelas intermináveis discussões entre marido e mulher. Tentando conciliar o problema gerado e desejando voltar logo a dormir, Seu Mateus propôs que os dois ficassem acordados na noite seguinte para juntos testemunharem o crime, o que foi aceito por Dona Maria que sentiu-se satisfeita com o plano. Ela mal pode dormir aquela noite e passou o dia inteiro aguardando a peritagem noturna. Mal terminou de jantar, já recolheu-se ao leito, notificando o jovem pensionista que iria fazê-lo e que provavelmente iria dormir pesado, de tão cansada que se encontrava. No quarto ficou o casal a ler e a ouvir baixinho um solerte programa de rádio que tocava músicas sertanejas com dedicatórias tipo "de fulano para sicrana com muito amor". A noite avançava e entre cochilos e sobressaltos o casal aguardava os acontecimentos. Por volta do mesmo horário na madrugada, de repente, a luz da cozinha foi acesa. Dona Maria e Seu Mateus apuraram os ouvidos e em seguida ouviram o som de destampar a panela; silêncio e depois a luz foi apagada. Levantaram-se pressurosos e foram diretamente à cozinha onde acenderam a luz e viram a prova do crime: a panela de arroz estava semivazia novamente. Dona Maria não cabia em si de contentamento, pois havia provado seu testemunho. Seu Mateus, intrigado, observou que só o arroz fora comido e não havia sinais de ataques paralelos a outros alimentos; imaginou que sendo descendente de orientais, o pensionista se interessava em forragear apenas no arroz. Foram rapidamente à porta do quarto do moço tentando auscultar ruídos que demonstrassem estar ele acordado, mas nada conseguiram ouvir. Voltando au quarto, discutiram o assunto e após muitas considerações resolveram que deveriam surpreender o larápio durante a ação gastronômica na próxima madrugada. Que lástima iria ser, consideraram, pois o rapaz era tão bonzinho, tão educado, mas tinha essa falha de caráter. Na noite seguinte, nem mudaram as roupas e Seu Mateus sequer descalçou as botinas; apenas aguardavam o momento final para resolver ao vivo o mistério da panela de arroz. De madrugada... pimba! A luz da cozinha foi acesa e a panela foi destampada. Solertes, os dois pularam da cama e rapidamente entraram de sopetão na cozinha preparadíssimos para dar um grande pito no jovem nissei larápio de arroz. O que viram? Um rotundo rato preto, bem cevado, enfiado no arroz da panela, apenas com as patas trazeiras na borda, mastigando com deleite seu jantar de cada noite. Os dois ficaram aturdidos sem entender nada do que se passava e maior susto levou o rato com a súbita aparição do bicho homem durante sua calma refeição. Tiny Silly Mouse Animated Avatars Rapidamente o rato volteou o corpo, abandonou a panela e celeremente fez seu trajeto de volta à segurança do ninho: de um salto alcançou o cano externo à parede onde corriam os fios elétricos instalados pós contrução da casa dispondo de um daqueles interruptores de luz tipo circular tão comuns; em velocidade, agarrado ao cano, passou sobre o interruptor e... a luz da cozinha se apagou! Estava finalmente esclarecido o mistério da panela de arroz! Quando o rato descia do forro usando o cano de fio elétrico como via de acesso, passava sobre o interruptor acendendo a luz; destampava a panela, coisa que um rato aprende a fazer com grande facilidade e se alimentava; quando voltava ao ninho usando a mesma rota contrária, seu corpo tocava o interruptor e a luz se apagava.
Enquanto isso, no seu quarto de estudante, o tranquilo pensionista japonês dormia seu sono de inocência. No café da manhã, encontrou ele outro clima em casa, bem mais afável. Não entendeu bem o porquê da mudança do casal que voltara a tratá-lo com sorrisos e amabilidades, mas imaginou que isso era coisa de brasileiros, tão esquisitos!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SOBRE OS PRINCÍPIOS DO CONTROLE DE MOSCAS EM ZONAS RURAIS

Não há criação de animais de produção em confinamento que esteja livre de moscas. Claro! Nas granjas (de aves, de suínos, de gado de leite, de coelhos, etc), as moscas encontram todas as condições que facilitam sua livre proliferação. A predominância da mosca comum (Musca domestica) é grande, mas não raro, encontramos altas infestações de outras espécies de moscas nas mesmas granjas já infestadas pela mosca doméstica, das quais ressalto a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans). Mas, nesse exíguo espaço, vamos focar o problema da mosca comum e os princípios de seu controle de forma racional. Antes de qualquer coisa vamos lembrar que a Musca domestica (e todas as demais espécies de moscas) tem seu ciclo de vida baseado no que chamamos de “metamorfose completa”, ou seja, seu desenvolvimento se dá em quatro estadios: ovo - larva – pupa – adulto, cada fase com alguns dias de duração; nos meses quentes e chuvosos, o ciclo se completa em pouco mais de uma semana. Cada fêmea pode produzir cerca de 600 a 700 descendentes no curto espaço de pouco mais de 30 dias, que é seu período de vida, sendo essa a principal razão de gerar infestações altíssimas que vão acabar interferindo até na produção dos animais confinados naquela granja. Depois de tentar combater as moscas nas propriedades rurais durante muitas décadas, o conhecimento sobre o assunto evoluiu muito e hoje já conhecemos muito bem os princípios sobre os quais repousa um eficiente e eficaz programa de controle das moscas nas instalações de produção animal. São eles: uma abordagem integrada voltada não só sobre o inseto propriamente dito, mas também (e principalmente) contemplando o ambiente da granja e a preocupação permanente para evitarmos o surgimento de linhagens de moscas resistentes, fenômeno bem mais comum do que se pensa. Bem resumidamente, podemos dividir a abordagem de controle das moscas domésticas nas granjas em:
• métodos físicos (os princípios físicos compreendem o uso de armadilhas e dispositivos de atração, captura e eliminação de moscas como artefatos colantes, armadilhas elétricas e outros mais)
• métodos culturais (monitoramento dos níveis de infestação por estágios a fim de determinar o momento correto para empreender ou acelerar programas de controle; uso de barreiras físicas para evitar o acesso das moscas; o manejo adequado e correto das fezes dos animais confinados; estender o combate a todas as instalações da granja)
• métodos biológicos (permitir, incentivar e proteger a presença de inimigos naturais das moscas principalmente no esterco onde as larvas se desenvolvem)
• métodos químicos (uso de biocidas, os mais específicos possíveis, aplicados sobre as diferentes fases do ciclo da mosca).
O tema é enorme e qualquer dia desses a gente analisa cada aspecto de maneira um pouco mais profunda. Prometo!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FALANDO UM POUCO SOBRE MÉTODOS DE CONTROLE NÃO QUÍMICOS

No mundo todo, incluindo nosso país, as sociedades estão se tornando progressivamente mais quimiófobas (medo de produtos químicos). Essa tendência segue inexoravelmente o caminho da maior preocupação com o meio ambiente e de sua preservação. As famílias e os indivíduos têm uma crescente preocupação com os compostos químicos que são adicionados aos alimentos, administrados aos animais de abate, empregados na água de bebida, usados no combate às pragas tanto na lavoura, quanto nos ambientes domésticos, comerciais e industriais. Em razão disso, cresce a demanda de métodos de controle não químicos por parte das pessoas que contratam as empresas e os profissionais desinfestadores, os quais vêem-se compelidos a buscar alternativas não químicas para controlar pragas, especialmente as urbanas. Vamos rever esse tema de forma bem sumária?
Armadilhas luminosas: destinam-se a atrair e eliminar insetos voadores, principalmente moscas. Geralmente são dotadas de uma luz ultravioleta (atenção: algumas têm apenas uma luz azul escura que não é ultravioleta) capaz de atrair os voadores passantes. Na frente há uma grade eletrificado que “frita” a mosca que nela pousar, mas, devido à carapaça rígida do inseto, com freqüência ele explode” lançando partes do corpo para todos os lados. Uma variante é a armadilha que têm apenas um cartão colante por trás da lâmpada e o inseto que pousar fica ali preso; depois é só trocar esse cartão quando ele estiver cheio de insetos capturados.
Fitas adesivas: empregadas para capturar moscas que naturalmente procuram fios, arames, barbantes, canos e corpos cilíndricos para pousarem. No mercado há fitas adesivas que devem ser colocadas em pontos estratégicos da área.
Ratoeiras e armadilhas mecânicas: para ratos e camundongos. Há dois tipos básicos: as cruentas (provocam a morte do roedor capturado) e as incruentas (apenas capturam o roedor). É bem mais fácil obter bons resultados quando empregadas contra camundongos do que quando as usamos contra ratos. Existem também as placas colantes (cruentas) de grande utilidade em ambientes onde os artefatos mecânicos não vão bem; todavia, essas placas requerem vistorias constantes para remover as que capturaram roedores e repô-las.
Dispositivos de afugentar: aparelhos contra roedores que pretendem apenas proteger uma dada área de sua presença. Os de ultrassom já caíram em desuso porque os roedores rapidamente se acostumam a eles. Os de vibração não têm eficiência comprovada. Os geradores de campo eletromagnéticos são bem eficazes, mas apenas em um raio de 4 m ao seu redor.
Não há muitas pesquisas atualmente nesse campo, mas de repente...
(texto adaptado a partir do livro Manejo de Pragas em estabelecimentos Alimentícios -- acesse pragas.com.br)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

OS RATOS E A TERRÍVEL HISTÓRIA DA PESTE BUBÔNICA

Nenhuma outra doença influenciou tanto a história da humanidade quanto a peste. Causada por uma bactéria hoje denominada Yersinia pestis, a doença é transmitida principalmente pelas chamadas pulgas dos ratos (Xenopsylla cheopis) e tem curso mortal tanto para roedores, quanto para humanos. Muito se aprendeu sobre essa temida doença desde que Alexandre Yersin em 1894 descobriu o bacilo responsável. Ninguém sabe como e quando esse bacilo apareceu na Terra; provavelmente evoluiu junto com outros microorganismos em distantes eras geológicas. Mas, evoluiu mal porque causa a morte do hospedeiro onde se aloja, forçando o bacilo a buscar continuamente outros hospedeiros para garantir a perpetuação de sua espécie, o que é feito através de uma pulga. Só lembrando: a bactéria penetra em um roedor (via pulga) onde se multiplica rapidamente fluindo no sangue do hospedeiro. A pulga desse hospedeiro ao se alimentar do seu sangue infectado, suga o sangue carregado de bacilos que, no interior do inseto, vão se multiplicar, localizando-se especialmente no esôfago onde acabam formando uma "rolha" que o tampa. Enquanto isso, o roedor infectado acaba morrendo da doença; o sangue do hospedeiro para de circular e suas pulgas não conseguem mais se alimentar no cadáver. Com fome, as pulgas abandonam esse cadáver e procuram outro roedor a quem vão picar para se alimentar. As pulgas com o esôfago tamponado, não conseguem se alimentar e regurgitam o sangue sugado de volta para o novo hospedeiro, levando os bacilos. Resultado: o novo hospedeiro se infecta e está condenado à morte. No entanto, quando a maioria dos roedores dessa colônia morrer, as pulgas infectadas buscam outros tipos de hospedeiro e pode acontecer que seja um humano passante a quem vão tentar picar. O sangue humanos não lhes agrada e elas desistem , mas aí, o infeliz já estará contaminado e aproximadamente dentro dos seguintes seis dias, estará severamente adoentado (vômitos, dores de cabeça, febre muito alta). E assim, sucessivamente, acontecem as epidemias de peste.
Pois bem, a história da peste é uma história de bactérias, pulgas, ratos e homens. A seda começou a penetrar na Ásia Central por volta do século 3 A.C. vinda da China, trazida por longas caravanas no lombo de camelos. Na bagagem, a caríssima seda, mas também roedores possivelmente infectados com o bacilo da peste. Os romanos conheceram a seda durante sua expansão para a Ásia e seu sucesso foi fantástico entre patrícias e patrícios romanos. Esse rendoso comércio foi fortemente afetado por volta de 270 A.C., porque muitas caravanas simplesmente desapareciam no caminho devido à morte de todos os caravaneiros acometidos pela peste. Assim mesmo, o avanço da peste foi lento e alcançou a China somente sete séculos depois (610 A.C.). Contudo, para a Europa, o caminho foi mais rápido devido às embarcações romanas que traziam roedores infectados da Ásia. Já em 161 D.C. ratos pretos (R.rattus) haviam invadido a Itália e com eles a primeira epidemia ocidental de peste grassou por 15 anos dizimando a população romana e de todo o Mediterrâneo, despovoando a faixa litorânea. Outra epidemia estourou em 542 em todos os países mediterrâneos provocando a morte de cem milhões de pessoas em dois séculos. Com tamanha perda de vidas, instalou-se uma era que hoje chamamos de obscurantismo, porque a estrutura social (e cultural) foi desmantelada completamente. Morreram os cidadãos comuns, mas também morreram os nobres, os militares, os professores, os médicos, os religiosos, os engenheiros, os comerciantes, os lavradores e os produtores, causando a estagnação do conhecimento humano e de sua transmissão à gerações seguintes (a cultura foi preservada no interior de monastérios e clausuras pelos monges católicos). Em 1346, por exemplo, os tártaros que haviam invadido a Europa, durante o assédio à cidade de Caffa (um posto avançado genovês) às margens do mar Negro, catapultaram cadáveres de pestosos para o interior dos muros disseminando a peste entre os cidadãos que abandonaram a cidade (levando involuntariamente roedores e suas pulgas para toda a região). As consequências da Peste Negra foram profundas e indeléveis. Os historiadores nos contam as epidemias terríveis de peste que sucessivamente golpearam a Europa: 1348(a mais violenta), 1363, 1374, 1383, 1389, 1410, 1528, 1652, 1720 e 1771, ceifando milhares de vidas.
Quer dizer, nunca uma doença epidêmica fez tanto estrago na história da humanidade quanto a peste! Transmitida por quem? Uma pulga e um rato.
E no Brasil, tem peste? Tem sim, mas está restrita a algumas regiões do norte e nordeste do país, com dois microfocos em Teresópolis e Petrópolis no Estado do Rio de Janeiro, mas em caráter meramente endêmico. Já não chega os sérios problemas de saúde que temos e ainda mais esse? Xô, gururu!

sábado, 21 de novembro de 2009

FINALMENTE DESCOBERTO O GENE DA RESISTÊNCIA EM ROEDORES


Um pouco de ciência, para os leitores que se interessam.
Os compostos anticoagulantes (derivados da 4-hidroxicumarina e indandiônicos) têm sido amplamente utilizados em todo o mundo como rodenticidas por mais de 50 anos, com bastante sucesso. Esses compostos inibem a coagulação do sangue pela supressão da reação de redução da Vitamina K, o que vai impedir a formação do coágulo sanguíneo (através de uma complexa reação em cadeia). Contudo, certas populações de roedores (das três espécies sinantrópicas) em determinados países incluindo o Brasil (em São Paulo, 1983), demonstraram ser resistentes aos rodenticidas anticoagulantes de dose múltipla e mesmo já a alguns compostos de dose única, provocando dificuldades para os profissionais controladores de pragas. A resistência, sabemos, um fenômeno hereditário, é transmitida por um trato autossômico dominante, embora até recentemente não conhecêssemos a base da mutação genética envolvida. Todavia, pesquisadores do Instituto Julius Kühn da cidade de Muenster na Alemanha, liderados pelo biólogo Hans-Joachim Pelz, publicaram um interessante trabalho científico em 2005 na revista da Genetics Society of America (DOI:10.1534/genetics 104.040360) denominado "The Genetic Basis of Resistance to Anticoagulants in Rodents". Os pesquisadores identificaram oito diferentes mutações genéticas localizadas no gen VKORC1 (o gen que provoca a epoxirredução da Vitamina K que permite a criação do ciclo contínuo de reciclagem dessa vitamina). Uma das consequências práticas dessa descoberta é que agora tornou-se possível definir se um roedor é resistente pela simples análise desse gene a partir até de tecidos mortos dos roedores, substituindo os caros e morosos testes de cruzamentos para estudo das proles. Quem se interessar em saber mais sobre o assunto, é só buscar na Internet a íntegra do trabalho acima mencionado.
Eu sempre disse que saber não ocupa espaço!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Livro: O MANEJO DE PRAGAS EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS


Editado no início de 2009, esse livro técnico pertence à série GTO - Guias Técnicos Operacionais, de autoria de Constancio de Carvalho Neto, especialista em pragas urbanas e rurais, Editor deste blog. O livro aborda de maneira objetiva o problema das pragas em todos os tipos de estabelecimentos comerciais envolvidos no ciclo dos alimentos, desde a primeira armazenagem até o consumo final. O autor propõe passo-a-passo a implantação de manejo que conduzirá ao controle das pragas infestantes, incluindo ações de prevenção, ações de correção e ações de eliminação. Acrescenta capítulos extras sobre os biocidas, sobre a destinação final de suas embalagens e propõe alternativas de destinação dos restos de produtos e da água de limpeza dos equipamentos. Os GTOs anteriores do autor ("Controle de Pragas em Hospitais" e "Boas Práticas Operacionais para Empresas Controladoras de Pragas")encontram-se com suas edições impressas esgotadas, mas há estudos em andamento para viabilizá-los de forma virtual.
Para aquisição do GTO 03 - Manejo de Pragas em Estabelecimentos Alimentícios, basta acessar o site www.pragas.com.br e seguir o tutorial para receber o exemplar via Correios.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Rato x tanque de areia II

Recebi uma informação que pode ser útil: um fabricante está oferecendo produto biocida à base de cloro que talvez possa ser usado para esterilizar a areia desses tanques onde as crianças brincam. Acesse o site: www.tecsaclor.com.br
Não estou recomendando, apenas informando, OK?

sábado, 14 de novembro de 2009

RATOS NO TANQUE DE AREIA


Mensagem:
Moro em um condomínio onde existe um tanque de areia para crianças, várias vezes vi no período noturno, a presença de roedores que migram pelo muro de terrenos vizinhos neste tanque. Também existe o problema de quando chove a água fica represada no tanque. Gostaria de saber quais os riscos quanto a transmissão de doenças, mesmo porque tenho uma filha de 2 anos e evito que ela brinque neste local, mas me preocupo com as outras crianças que lá brincam diariamente. M.L.Z - São Paulo/SP

Resposta: Brincar na areia, que delícia! Não conheço uma só criança que não goste. Mas pássaros, cães, gatos e ratos... também gostam! Para outros fins, mas gostam. A urina e as fezes desses animais no tanque de areia de um condomínio podem representar um risco muito grande à saúde das crianças, geralmente de pouca idade, que ali brincam, sob os olhos atentos de suas mamães ou enfadados de suas babás. Nenhuma dessas pressurosas mamães, encantadas vovós, ou super babás, e muito menos as rechonchudas crianças, sabem que diversas doenças podem ser veiculadas pelas fezes e urina dos animais que furtivamente na calada da noite freqüentam as mesmas areias desses tanques de condomínios. Posso citar algumas, só para assustar bastante a nossa interessada amiga: certas verminoses e o tal de “bicho geográfico” (dermatite pruriginosa serpenteante linear), transmitido por fezes de cães; dos gatos, outras verminoses e a temida toxoplasmose (causadora de cegueira em crianças e que pode ter curso mortal). Ratos contribuem com a conhecida leptospirose que leva a óbito cerca de 10% das pessoas que a contraem. Os inocentes pombos aparecem transmitindo a histoplasmose, uma severa doença pulmonar. Micoses e sarnas... e por aí poderíamos seguir, mas creio que já devo ter conseguido toda a atenção de nossa consultante.
Em minha opinião pessoal, tanques de areia para as crianças brincarem, deveriam ser proibidos, tal o risco que representam. Mas quem sou eu, afinal, um sanitarista pregando no deserto, nada mais (que aliás é cheio de areia!).
Então vamos decretar o fechamento de todos os tanques de areia de todos os condomínios? E as praias? Vamos proibi-las também?
Sei lá, mas sei que se vamos liberar tanques e praias, alguns cuidados deveriam ser tomados para evitarmos a disseminação de várias zoonoses (doenças transmitidas ao ser humano através de animais). Nas praias: proibir firmemente a entrada de animais, especialmente cães, já que gatos não são muito amigos desses ambientes. Aliás, essa lei proibitiva já existe, mas não conheço uma só praia que não haja meia dúzia de irresponsáveis levando seus amados cãezinhos para tomar um banho de mar ou, mais modernamente, seus pit-bulls para chamar atenção das garotas (ou então de outros “rapazes”, quem sabe!). Nas praias então, cumpra-se a lei!
OK. E nos condomínios que mantém os famigerados tanques de areia? Que posso fazer? Deixa ver o que pode ajudar: determinar horários de uso dos tanques e cobri-los com um lençol plástico fora desse horário permitido, especialmente à noite. Mas teria que ser uma cobertura que vedasse realmente o tanque, porque ratos podem se esgueirar por qualquer fresta. Posso também proceder à troca dessa areia de tempos em tempos, desprezando a que foi removida. Posso desinfetar a areia usando uma boa solução de cloro ativo, mas teríamos que deixar o tanque interditado pelo menos por uma semana após a desinfecção, a fim de evitarmos problemas de pele nas crianças. Tudo meio paliativo e não completamente seguro.
Minhas filhas são adultas e já não brincam mais em tanques de areia (aliás, nunca deixei que fizessem, sempre optando pelas praias, menos perigosas), mas minha netinha vai ter que dobrar o avozão aqui e se os pais me permitirem... só sobre o meu cadáver (e que isso não seja um presságio!).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Rato em condomínio

Amigo Fernando
Geralmente nos condomínios, o assunto lixo é levado a sério e possivelmente não seja essa a fonte da infestação de roedores com a qual você convive sem desejar. Vou adivinhar: no seu condomínio ou próximo à sua residência, há algumas casas em construção?
Pois é, posso estar errado, mas apostaria que a população de ratazanas infestantes na sua vizinhança está garantindo seu sustento nos restos das "quentinhas" jogadas ao acaso pelos operários dessas construções, fato muito comum. São meses e meses de almoço garantido! Daí, quando acabar a construção ou o alimento começar a rarear, esses ratos todos começam a invadir as residências em busca do que comer. Atenção: restos de ração dos cães deixados durante a noite nas vasilhas ao rés do chão, constituem-se em excelentes refeições para os ratos. E, de vez em quando, um bom gole de água fresca na vasilha ao lado.
Então, amigo, você está em um enrosco! Os ratos estão lá nas construções, você não pode invadi-las para colocar algum raticida ou contratar uma empresa especializada para fazê-lo e você não pode esperar que a administração do condomínio o faça. Penso que o melhor caminho seria comunicar o fato à essa administração para que ela intime o proprietário da obra e/ou a construtora para que dêem destinação adequada às quentinhas e ao lixo orgânico produzido, de forma a evitar o acesso dos ratos. Quanto aos ratos que tentarem invadir sua casa, lembre-se que você tem um ótimo aliado: um bom cão rateiro!

Cão x Rato


Amigo Fernando
Cães e ratos nunca se deram bem. Aliás, cães também não se dão bem com gatos. Pior ainda se falarmos de gatos e ratos. Sabe por que? Porque vivem (e disputam) no mesmo território e todos em torno do homem. Na verdade, na Natureza, o tamanho e a força importam sim, razão pela qual o gato supera o rato, mas é superado pelo cão. Embora cães e gatos não mais necessitem caçar ratos para sobreviver, pois o homem lhes provê o alimento, seu instinto caçador ancestral continua preservado já que alguns milhões de anos foram necessários para fazê-los assim. Seu cão não foge à regra; para ele, um rato em seu território (o dele, representado pela casa onde vive) é um invasor que precisa ser eliminado ou, no mínimo, atacado para que fuja. Foi o que ele fez, certamente.
Não se preocupe com ele, nada há a fazer, pois não haverá sequelas do ataque ao rato que, provavelmente, escafedeu-se já na primeira mordida com as valentes sacudidelas que se seguiram. Mesmo porque, o falecimento do intruso se deu rapidinho por quebra da espinha dorsal (os cães aprenderam a eliminar ratos dessa forma, há muitos milhares de anos atrás!). Resumo da ópera: primeiro, você tem uma infestação de ratazanas aí por perto de sua casa; segundo, você tem um bom cão rateiro guardando sua casa. Parabéns, dê um biscoito extra para ele!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

RATICIDAS, COMO DECIDIR?


Tarefa ingrata para o profissional controlador de pragas, decidir qual ou quais raticidas adquirir para a execução de seu trabalho, tantas são as marcas disponíveis no mercado brasileiro. Quero comentar um pouco sobre isso.
Estive recentemente em um estabelecimento revendedor de raticidas (melhor seria usar o termo rodenticidas, mas... "Vox populi, vox Dei"), localizado em uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Nas prateleiras observo um certo número de diferentes marcas de produtos para controlar roedores. Na mesma semana, estive em Terezina/PI e repeti a visita, só por curiosidade e vi algumas marcas conhecidas ao lado de outras que nunca havia ouvido falar. Deduzo então que há marcas de raticidas nacionais e outras regionais. Se isso for verdade, deve existir mais de 60 ou 70 marcas de raticidas no mercado brasileiro. Os princípios ativos não são tão variados, ao contrário, são bem poucos atualmente. Pois bem, hoje mesmo estive em uma conhecida Revenda de produtos domissanitários da capital paulista e o que vejo? Nada menos que 15 raticidas diferentes oferecidos ao profissional desinfestador, cada qual oferecendo suas "vantagens"sobre os concorrentes! Olhe só o que anotei (por ordem alafabética): Brodifacoum Fersol, Desrat, Domirat, Fulmirat, Klerat, Lanirat, Maki, Raticida Fersol, Rat off, Ratol, Ri-do-rato, Rodilon, Storm e Yppon. Se contássemos as diferentes formulações de cada marca, só nessa revenda havia 26 raticidas sendo oferecidos. Predominam as formulações à base de brodifacoum e bromadiolone; não vi nenhum de dose múltipla, exceto pelos pós de contato à base de cumatetralil. E daí?
Daí fico imaginando a grande dificuldade e a confusão que se estabelece na cabeça do profissional para escolher os produtos que vai empregar. Fiquei um pouco ao lado do balcão dessa revenda para observar o comportamento desses profissionais, como eles se referiam e pediam suas escolhas. Boa parte deles pedia pelo menor preço e sempre vinha a pergunta: "- Mas ele é bom?" Outros solicitavam algumas informações técnicas sobre mais de um produto, no que eram prontamente atendidos pelos solícitos balconistas da revenda e assim decidiam. Outros mais já chegavam "de cabeça feita" e solicitavam diretamente os produtos que queriam. Esses, sequer perguntavam o preço. Uma pergunta martelava minha cabeça: Como esses profissionais eram capazes de decidir entre as 26 alternativas oferecidas? Claro, não resisti e comecei a fazer uma modesta pesquisa de mercado lá mesmo, fazendo essa pergunta aos usuários. Obtive respostas extremamente interessantes e até surpreendentes, por que não! As empresas produtoras desses e outros domissanitários deveriam fazer isso de tempos em tempos! Iria ajudar seu marketing e talvez acelerassem suas vendas! Pensem nisso.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Problema de moscas na Usina de Álcool e Açúcar


Aproveito para responder pelo Blog essa questão postada por N.F.F. de Piracicaba/SP. Amigo Nei, esse surto que vem ocorrendo na Usina onde você trabalha, pela descrição do problema e pelos detalhes que você nos passou, não é de moscas comuns (Musca domestica) e portanto não vai adiantar muito ficar tratando as valas e lagoas de vinhaça. O que você descreveu aponta para um surto de outra mosca, a Stomoxys calcitrans, também conhecida como mosca dos estábulos. Os produtores pecuaristas da região de sua Usina têm toda razão em reclamar, pois essa mosca, uma espécie picadora que se alimenta de sangue dos animais, os irrita continuamente e a queda da produção leiteira é o primeiro sintoma do problema. Confirme em uma visita à área agrícola da Usina onde exista palha resultante do último corte, confirme que ali foi adubado com vinhaça, revolva a palha e busque as formas larvárias e pupas dessa mosca, visite uma propriedade produtora de gado que tenha se queixado do problema e observe o alto grau de infestação por moscas adultas, e você terá o quadro completo do problema. Solução: combater as formas jovens na palha e a forma adulta no gado. Muito trabalho, amigo, muito trabalho!

Blatafobia = medo de baratas

Já vi muito marmanjo pular da poltrona onde estava refestelado ao simples surgimento de uma insólita barata no cenário. Já vi muito machão disfarçar quando a mulher grita: "- Uma baraaaata!". Já vi muito barbado enfrentar uma barata casual armado de uma vassoura de cabo o mais longo possível e cansei de rir quando, após uma valente vassourada, daquelas de quebrar espinha de gato, o valente ficar com dois pedaços da vassoura nas mãos. Afinal, por que tanta gente tem tanto medo de baratas? E será que todas as espécies domésticas de baratas provocam a mesma reação de repulsa e de asco?
Tentando responder, ao que parece, a reação da espécie humana ante a visão de uma solerte barata é diretamente proporcional ao tamanho da dita cuja, quer dizer, quanto maior for a barata, maior será o medo do cidadão. As pequenas baratas alemãzinhas tão comuns nas cozinhas (Blatella germanica) não dão muito susto na moçada, mas uma barata de esgoto(Periplaneta americana), já taludinha, é capaz de provocar reações nada dignificantes em muitos espécimes humanos do sexo masculino. Cruz credo!
Está bem, eu também não gosto de baratas e olhe que não estou depondo como profissional do ramo. Acho até que ninguém gosta. Essa sensação de aversão que sentimos pelas abjetas baratas tem muito a ver com nossos tempos lá nas cavernas ou nos tempos em que morávamos em casebres feitos de barro e cobertos de palha, quando ainda não tinhamos mínimos conceitos de asseio corporal e higiene ambiental. As baratas estiveram entre os primeiros animais que logo perceberam as enormes vantagens de viver onde o homem vivia. Pouca limpeza, restos de alimentos por toda parte, migalhas, lixo não recolhido, faziam de nossas habitações verdadeiros paraisos para baratas de diferentes espécies. Contudo, vamos e venhamos, o contato físico de nossa pele nua com as pernas ásperas de uma barata, está bem longe de ser uma sensação agradável! Acordar no meio da noite com uma baratona raspando o canto de nossa boca onde uma gota de leite havia ressecado, deve nos ter gerado uma enorme aversão, bem anterior ao momento em que reconhecemos nas baratas o papel de disseminadoras de bactérias potencialmente perigosas.
Deve ser por isso!