quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SOBRE AS ARMADILHAS LUMINOSAS PARA MOSCAS

A maioria das moscas (mais de 110.000 espécies de moscas já catalogadas em todo o mundo) demonstra atração pela luz, o que significa que basicamente são insetos diurnos. As moscas domésticas (Musca domestica), por exemplo, respondem positivamente a determinados comprimentos de onda do espectro da luz. É só observar as janelas com vidros fechados que você verá algumas moscas tentando “atravessar” o vidro para sair da instalação. Pois bem, essa atração natural pode muito bem ser aproveitada nos programas de controle de moscas. As armadilhas luminosas de captura de moscas (e outros insetos voadores) foram inventadas e desenhadas exatamente para capturar esses insetos voadores dentro de instalações, onde são muito eficazes se corretamente empregadas. Além da captura propriamente dita, essas armadilhas servem também para que o profissional identifique as espécies de insetos voadores que foram capturados e tirar conclusões sobre de onde as infestações estão se originando, auxiliando o plano de combate. Muitas empresas controladoras de pragas ainda não perceberam os benefícios das armadilhas luminosas e falham em aproveitar a utilidade desses equipamentos na completa satisfação de seu cliente que deseja uma abordagem mais ampla no manejo das pragas dentro de suas instalações. Mais no fundo, muitas empresas controladoras deixam de oferecer serviços de controle de moscas, esquecendo-se que todo estabelecimento alimentício (produção, armazenamento, preparo ou consumo) frequentemente experimenta o problema de infestações de moscas, em maior ou menor grau. As armadilhas luminosas não devem ser consideradas a resposta a todos os problemas com insetos voadores. Muitos desses insetos não são atraídos pelo espectro de cor emitido pela lâmpada utilizada na armadilha. Insetos voadores noturnos, por outro lado, são bastante atraídos pela armadilha e são capturados com facilidade. Insetos voadores diurnos demonstram atração periódica pela armadilha dotada de lâmpada ultravioleta. A mosca comum (M.domestica), por exemplo, pode voar durante horas dentro do recinto, até que sua atenção seja atraída pela lâmpada ultravioleta da armadilha; armadilhas luminosas bem dispostas no recinto podem ter sua eficiência bastante aumentada. As armadilhas luminosas devem fazer parte de um programa de controle de moscas, onde diversas ações de combate realizadas no exterior da instalação comporão a primeira linha de combate. Existem numerosos tipos e tamanhos de armadilhas luminosas disponíveis no mercado e quase todas dispõem de uma ou mais lâmpadas ultravioleta. Muito se tem discutido sobre qual lâmpada a armadilha deve empregar, mas o consenso é de que a luz ultravioleta (também chamada de luz negra) seja a mais indicada. As primeiras armadilhas luminosas eram do tipo eletrocutadora: havia uma grade eletrificada que instantaneamente eletrocutava os insetos que a tocassem. Muito eficazes, porém apresentavam um problema: com frequência o inseto ao tocar a grade, explodia (devido a rigidez de seu exoesqueleto), além de produzir um som característico, e várias partes do seu corpo se espalhavam ao redor do ponto onde a armadilha estava instalada, razão pela qual em boa parte dos estabelecimentos alimentícios, esse tipo de armadilha passou a ser contraindicada (imagine essa armadilha numa sala de restaurante, por exemplo). Mesmo porque, a Vigilância Sanitária não permite o uso desse tipo em determinados estabelecimentos. Todavia, em armazéns e outros recintos amplos, esse tipo de armadilha pode perfeitamente ser utilizada. Sua variante é a armadilha colante, a qual não eletrocuta o inseto, mas gruda-o ao tocar um painel colante disposto junto à luz atrativa. Esse tipo apresenta o inconveniente da necessidade de trocar com certa frequência o painel colante, por razões estéticas principalmente. Dessas, a armadilha própria para ser colocada em cantos, demonstra melhores resultados, porque podem ser vistas pela mosca de qualquer pondo do recinto. Muito do sucesso do emprego de armadilhas luminosas reside na maneira correta e adequada de dispô-las em um determinado ambiente. Algumas dicas podem ser citadas com a finalidade de aumentar a captura: • As moscas comuns são mais ativas na faixa compreendida até 1,80m do solo; obviamente as armadilhas devem ser montadas dentro dessa faixa, mas se por razões estéticas isso não for possível, monte-as no extrato superior, onde a vista humana não seja capaz de ver a placa colante com insetos capturados. Muitas pessoas não gostam de ver essa cena. • A colocação de uma armadilha junto do coletor de lixo pode ser bastante eficaz. • Evite colocar a armadilha em pontos que podem ser vistos do exterior da instalação, pois a lâmpada poderá atrair voadores que estava somente de passagem. • A armadilha deve ser instalada, sempre que possível, o mais longe de outra fonte luminosa para evitar a competição em atratividade. Evite proximidade de janelas ou focos de luz. • Não coloque a armadilha a menos de quatro o cinco metros da entrada ou saída de um recinto. Os voadores que entrarem, vão fazê-lo em alta velocidade e nem terão tempo de perceberem a luz que os atrairia. • Não instale a armadilha próximo a fontes de calor ou em áreas onde a corrente de vento seja particularmente forte. Hoje, muitas empresas controladoras de pragas já instalam, elas mesmas, armadilhas luminosas nos recintos de seus clientes. Algumas empresas cobram pelas armadilhas, outras, espertamente, oferecem esse serviço com um diferencial e assim cativam o cliente. A qual grupo você pertence? Ou ainda nunca se interessou por esse assunto?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PASSAMOS DAS 70.000 VISITAS!

Surpresa em cima de surpresa! Já passamos das 70.000 visitas neste blog! Lembram-se da Kombi que lotamos de visitantes na primeira semana de vida do blog do Higiene Atual? Pois agora precisaríamos de umas 10.000 Kombis para acomodar todos nossos visitantes! Ou três navios transatlânticos. Ou dois Maracanãs. Ou um enorme coração para acomodar todos os leitores que nos prestigiam, do Brasil e do exterior. Não custa repetir nosso muito obrigado a todos vocês. Vamos continuar a levar-lhes temas técnicos com linguagem simples, sem nenhuma pretensão de erudição ou falar difícil. Gosto de contar um “causo” aqui ou ali, pinçados de minha vida profissional. Quero comentar, sempre que for possível, algum estudo de caso, uma situação interessante que mereça um post. Afinal, este blog foi criado exclusivamente para comentar assuntos que, a nosso ver, possam interessar ao profissional controlador de pragas. As 70.000 visitas nos levaram à liderança absoluta entre os blogs técnicos que abordam pragas e seu controle e o Google já nos posiciona em absoluto primeiro lugar nas buscas por esses temas. Vamos em frente, porque atrás vem gente! Assinado: o Editor.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

ESTUDO DE CASO 2: OS RATOS DA PARÓQUIA

Este é o segundo estudo de caso arquivado no baú das memórias, donde buscarei algo de vez em quando, no sentido de ilustrar situações bem sucedidas em minha vida profissional. Hoje vamos comentar um interessante e intrigante caso de um hotel com infestação de três espécies de roedores. Tratava-se de um hotel de construção bem antiga, localizado no chamado centro velho da cidade de São Paulo. Nossa empresa foi contratada para resolver os (muitos) problemas de pragas que o tal hotel experimentava e desejava solucionar, eu diria necessitava! Algumas empresas controladoras de pragas por ali já haviam passado, mas sem maiores sucessos e, como já por essa ocasião nossa empresa havia granjeado sólida reputação na rede hoteleira, acabamos sendo contratados por aquele hotel. Falando só do problema roedores, encontramos infestação das três espécies sinantrópicas: havia camundongos (M.musculus) em determinados pontos, ratazanas (R.norvegicus) indo e vindo nas proximidades da cozinha central onde o lixo orgânico aguardava remoção (sempre feita de madrugada) e ratos pretos incursionando dentro da própria cozinha. Nos dois primeiros casos não foi difícil entendê-los e eliminá-los. Todavia, no caso dos ratos pretos (R.rattus), havia uma situação um pouco complicada, pois embora tivéssemos localizado as rotas que os traziam à cozinha e o tratamento sempre produzia carcaças, eles continuavam surgindo. Quebramos a cabeça para entender de onde estavam permanentemente vindo, até que finalmente o esperto operador que eu sempre enviava forro adentro para remover carcaças, dispor raticidas e tentar descobrir de onde vinham, saiu do alçapão e nos relatou que havia observado a presença de fezes junto à parede que separava o hotel de seu vizinho. Supondo que o problema original não estivesse então nas instalações do hotel, mas nas do vizinho, ocorreu-me conversar (e se possível inspecionar) as instalações desse vizinho e assim fiz. Sucede que o tal vizinho, com paredes geminadas com o hotel, era nada mais, nada menos, que... uma antiga e vetusta igreja! E lá fui eu conversar com o pároco sobre o problema dos ratos. Enquanto ele decidia se eu deveria rezar 10 ou 15 terços para resolver o problema, eu fui mais esperto e pedi a ele que resolvesse a infestação da igreja onde esses ratos, possivelmente já excomungados, estavam competentemente protegidos e de onde saiam para buscar alimento na cozinha do hotel ao lado, já que as hóstias, depois de grandes perdas, foram trancadas a sete chaves. O alegre padreco, no entanto, alegou constrangido, que a paróquia era pobre e não dispunha de dinheiro para solucionar esse problema. Fiquei no mato sem cachorro! Se a infestação da igreja não fosse suprimida, meu problema no hotel igualmente não seria resolvido. Vou resumir essa ópera: reuniões com a gerência do hotel, com a presença do padreco e sem ele e finalmente a luz se fez: o hotel arcaria com os custos da desratização da igreja o que aconteceu e, finalmente, pudemos resolver a situação. Naturalmente o hotel foi lembrado nas missas e deve ter sido abençoado, pois ainda hoje lá está, operante e lucrativo!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

BACTÉRIA WOBACHIA IMPEDE A TRANSMISSÃO DA DENGUE PELO Aedes aegypti

Na edição de abril de 2010, o jornal científico PLOS, seção Patógenos, trazia um artigo científico de autoria de um grupo de pesquisadores do Depto. de Entomologia e Programas Genéticos da Universidade Estadual de Michigan, localizada em East Lansing/Mch (Guowu Bian, Yao Xu, Peng Lu, Yan Xie e Zhiyong Xi), dando conta dos resultados de seus estudos, comprovando que a bactéria endossimbiótica Wolbachia é capaz de induzir resistência em mosquitos Aedes aegypti contra o vírus da dengue. Essa promissora descoberta criou uma nova abordagem no controle da Dengue e vem sendo alvo de intensos estudos desde então em vários centros de estudos científicos em todo o mundo, particularmente nos países onde essa doença incide; no Brasil, o Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, tem dado seguimento a tais estudos. Diferentes estratégias genéticas para reduzir ou bloquear a transmissão patogênica por mosquitos, têm sido propostas como alternativa de combate aos vetores e consequente redução da incidência de zoonoses. Há tempos a bactéria endossimbiótica Wolbachia foi promovida à condição de veículo potencial para introduzir gens resistentes a doenças nos mosquitos, assim tornando-os refratários aos patógenos humanos que transmitem. Os resultados do estudo desse grupo de cientistas demonstraram que a Wolbachia inibe a replicação viral no principal vetor da Dengue, o mosquito Aedes aegypti. Após 14 dias da infecção de mosquitos Aedes com a Wolbachia, cerca de 37,5% deles foram incapazes de transmitir o vírus da Dengue. Dessa maneira, uma nova perspectiva, uma nova abordagem se abre para o controle dessa zoonose, tão logo conheçamos as maneiras de infectar os mosquitos transmissores com a bactéria. Boas novas!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

UMA MORTE E SETE CONTROLADORES DE PRAGAS PRESOS

Notícia veiculada em 13/09/2012 por um jornal da longínqua Bangladesh (e viva a Internet!) nos dá conta que sete controladores de pragas foram presos pela polícia da cidade de Sharjah, acusados de terem provocado a morte da menina Habiba de seis anos de idade e de nacionalidade egípcia; seu irmão, também menor de idade, foi igualmente intoxicado e ainda se encontra em estado crítico internado em uma UTI hospitalar. A morte foi provocada pela inalação do gás fosfeto de alumínio (também conhecido como fosfina) que foi empregado no apartamento vizinho para eliminar roedores e insetos quando seus ocupantes estavam viajando e deixaram o serviço encomendado. O gás teria entrado no apartamento vizinho, onde as crianças se encontravam, através do duto de ventilação do prédio. Dois operadores foram implicados diretamente no acidente e outros cinco foram igualmente detidos porque a empresa onde trabalhavam, não era legalizada. O Coronel Dr.Abdul Kadir Al Amiri, chefe do Laboratório da Polícia Forense local, disse que todos os testes laboratoriais e da necropsia foram conclusivos e provaram que a morte da menina se deveu à inalação de fosfeto de alumínio, um gás letal conhecido desde a segunda guerra mundial e que já foi utilizado em vários países com a finalidade de controlar pragas, até seu banimento progressivo devido ao risco que representa. A inalação desse gás provoca uma intoxicação aguda onde a morte geralmente ocorre por falência cardíaca (enfraquecimento rápido e progressivo do miocárdio). Com base no relatório médico exarado pelo hospital onde as crianças foram internadas, a polícia local imediatamente iniciou uma investigação buscando possíveis causas tóxicas e assim que adentrou ao apartamento da família egípcia, a equipe de investigadores notou um forte odor exalando do apartamento oposto ao das crianças, ocupado por uma família de asiáticos e que naquele momento encontrava-se de férias fora do país. Ao abrir e entrar nesse apartamento, a equipe encontrou 26 tabletes de fosfeto de alumínio em diferentes pontos evidenciando que a família havia encomendado o serviço durante sua ausência. A polícia investigou e rapidamente chegou a dois operadores responsáveis pela execução do serviço. Os dois foram detidos e verificou-se que a dita “empresa” não era legalizada. Na residência onde os operadores moravam, a polícia encontrou um verdadeiro laboratório onde produtos eram mesclados, latas de fosfeto de alumínio (igualmente proibido em Bangladesh) e grande quantidade de folhetos de propaganda dos serviços e que eles deixavam nas portas de residências. A polícia deteve ainda outras cinco pessoas que ali também moravam e que participavam da arapuca. Alarmada, a polícia através de agendas e anotações da quadrilha, entrou em contato com possíveis clientes alertando-os para o risco. Temos sempre alertado nossos leitores sobre os riscos envolvidos em nossa profissão, que é naturalmente de risco. Qualquer passo em falso ou descaso pode acarretar acidentes eventualmente irreversíveis. Usar gás dentro de residência... tenha dó!