domingo, 23 de novembro de 2014

BOAS PRÁTICAS OPERACIONAIS NO USO DE RATOEIRAS

Há certas situações onde o emprego de armadilhas e ratoeiras acaba sendo a opção mais adequada para combater uma infestação por roedores. Método ultrapassado? Nem de longe! É uma abordagem sensata quando corretamente utilizada. Por exemplo, o que faria o profissional controlador de pragas na área de produção de uma indústria alimentícia onde o emprego de raticidas não é viável (e nem permitido pela Vigilância Sanitária)? Para tais situações existem os métodos de combate através de meios mecânicos (armadilhas, ratoeiras, placas colantes e outros dispositivos). Gostaria de abordar esse tema, até para reforçar certos aspectos das boas práticas operacionais. Esses dispositivos podem, a grosso modo, serem divididos em cruentos (quando podem causar agonia antes da morte do roedor capturado) e incruentos (quando capturam ou eliminam sem causar agonia). Seja qual for o tipo de ratoeira (vamos generalizar aqui neste artigo, todos os dispositivos mecânicos sob esse título), devemos ter em mente algumas práticas para que maximizemos os resultados. O que se sabe como “cenário”? Ratos (R. norvegicus e R.rattus são bastante desconfiados de objetos novos colocados em seu território e nem sempre conseguimos capturar algum logo nos primeiros dias após a colocação do artefato. Já os camundongos (M. musculus) apresentam grande curiosidade com objetos novos em seus territórios e, assim, logramos capturá-los logo nos primeiros dias. Com isso em mente, podemos relembrar algumas boas práticas no uso de ratoeiras e outros artefatos similares. Por exemplo, devemos armazenar as ratoeiras, quando não em uso, em locais secos (sem umidade que possa favorecer o surgimento de fungos), livre de odores de inseticidas (que podem impregnar as ratoeiras, especialmente se forem de madeira) e desarmadas (para aliviar a tensão da mola); placas colantes devem permanecer em local fresco e longe de fontes de calor. Seu transporte até o local onde serão usadas deve ser em caixas, evitando o manuseio excessivo. Cada ratoeira deve ser inspecionada e testada antes de seu uso; se necessário, as partes móveis deverão ser lubrificadas com óleo mineral ou outro óleo inorgânico. As iscas de atração devem ser preparadas previamente, de acordo com a espécie a ser combatida e, é especialmente indicado o uso de iscas constituídas por alimentos que já estão sendo consumidos pelos roedores na área alvo. Aliás, uma boa tática é dispor a mesma isca nas proximidades da ratoeira assim iscada, o que poderá “conduzir” os roedores até o artefato (quando isso for possível). Boas iscas: balas de goma, presunto, bolinhas de aveia, nozes, uva passa, goiabada dura, etc. O tamanho certo da ratoeira deverá ser selecionado pela espécie alvo. As ratoeiras comuns do tipo “quebra costas” são muito eficazes contra camundongos. As de modelo gaiola podem produzir algum resultado contra os ratos. As placas colantes podem ser empregadas contra qualquer espécie; basta saber onde colocá-las. As ratoeiras devem ser dispostas nos pontos onde visivelmente percebemos que são os frequentados pelos roedores infestantes (presença de fezes e pegadas ajuda a localizá-los). Camundongos se dispersam mais, mas ratos costumam caminhar sempre junto às paredes ou objetos encostados. É nesses pontos que deveremos dispor nossas ratoeiras ou placas devidamente iscadas; evite colocá-las à vista de passantes e usuários da área. Para ajudar no direcionamento dos roedores, devemos dispor objetos que impeçam o trajeto normal induzindo os roedores a criar trilhas alternativas, onde disporemos uma ou mais ratoeira ou placa. As ratoeiras devem ser colocadas firmemente para evitar qualquer dano às mesmas e evitar sejam deslocadas pelo simples esbarrar de algum roedor. Para camundongos armar ratoeiras distanciadas de 30 cm entre si. Para ratos, a cada 60 cm. Se tivermos a impressão que os ratos já estão pulando a ratoeira, dispor três ou mais em paralelo. Cuidado com o acesso de crianças às ratoeiras. Não colocar ratoeiras acima de alimentos ou produtos que possam eventualmente entrar em contato. O número de ratoeiras colocadas na área alvo, deverá ser anotado e, sempre que possível, produzir um mapa dessas localizações para facilitar a reposição de iscas e monitoramento do trabalho. O uso de ratoeiras exige frequentes visitas (uma a cada dois dias, no máximo) para remoção de cadáveres de roedores e reiscagem. Observar a disposição final dessas carcaças que podem conter ectoparasitas (o ideal é enterrá-las). Os operadores a cargo desse trabalho devem trabalhar devidamente protegidos com luvas de borracha, aventais de plástico ou borracha e botas afim de evitar as pulgas dos roedores mortos. As ratoeiras ou placas que se mostrarem negativas, devem permanecer por um mínimo de cinco dias nos locais originais antes de serem removidas para outros pontos da área. Levando tudo isso em consideração, uma campanha contra roedores infestantes de uma dada área alvo empregando ratoeiras, armadilhas ou placas colantes, pode ser bem sucedida.

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