segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AS FORMULAÇÕES DOS INSETICIDAS- Parte II


Vimos, no post anterior, alguns dos diferentes termos que são empregados nas formulações de biocidas e concluímos que o profissional controlador de pragas deve atentar para os diferentes tipos de formulações. Antes de selecionar a formulação a ser utilizada, é preciso conhecer o local onde temos que efetuar o tratamento contra pragas. Isso parece mais ou menos óbvio, mas a maioria das empresas controladoras de pragas simplesmente não executa uma vistoria prévia atentando para esse detalhe. Acaba empregando o que sempre empregou, não importa onde e como.
Um rápido questionário de 10 pontos a respeito pode servir de guia (check list) para que selecionemos a melhor formulação para uma dada situação:
1) A formulação pode ser empregada em áreas sensitivas?
• Exemplos dessas áreas: hospitais, clínicas e assemelhados, áreas de armazenagem, manipulação ou consumo de alimentos, salas de aula, certas linhas de produção industrial, certas áreas de zoológicos, etc. Alguns cuidados especiais e adicionais devem ser levados em consideração para evitarmos riscos potenciais na utilização de determinados biocidas. Antes de tudo, leia o rótulo e certifique-se de que aquele produto tem indicação para uso na área pretendida. Pulverização de produtos residuais deve ficar na aplicação localizada em frestas e reentrâncias e não devem ser aplicados em dependências ocupadas. Selecione inseticidas de baixo odor (ou mesmo sem odor) e que tenham baixa pressão de vapor. Espera aí, vamos explicar que papo é esse. Um produto que tenha alta tensão de vapor libera odor e o i.a. rapidamente, fazendo efeito rápido sobre os insetos, mas permanecendo no ar ambiente. Um produto de baixa tensão de vapor, será mais lento em seu efeito, mas não irritará tanto a mucosa respiratória dos ocupantes posteriores do recinto. Cappice? Portanto, leia a ficha técnica do produto selecionado (procure nos sites dos respectivos fabricantes) para saber sobre sua tensão de vapor. Em áreas sensitivas, considere a possibilidade de fazer uso de formulações sólidas (iscas, pós, pastas e géis). É mais seguro.

2) A formulação escolhida pode ser fitotóxica (tóxica para plantas)?
• Produtos fitotóxicos são aqueles que causam dano às plantas. Frequentemente, a fitotoxicidade de um inseticida não está no seu i.a., mas vem dos solventes ou outros inertes que entraram na formulação. Se o ambiente for cheio de plantas, será melhor optar por inseticidas que não contenham solventes, tais como as formulações pós molháveis (WP ou PM), SC (Suspensões Concentradas) ou ME (microencapsulados). Devemos evitar as Emulsões Concentradas (EC ou CE). Se tiver que tratar diretamente as plantas, evite fazê-lo sob a luz solar direta ou nas horas mais quentes do dia. Está em dúvida? Experimente aplicar em alguma pequena parte da planta para certificar-se de que o produto não a afeta.

3) A formulação é efetiva contra a praga alvo?
• Independentemente da praga a ser controlada, o princípio básico é aplicar o biocida sobre superfícies por onde a praga possivelmente entrará em contato direto. Leia o rótulo e verifique se a praga infestante está ali listada. Iscas podem ser boa alternativa.

4) A formulação vai ter um bom desempenho nas superfícies onde pretendo aplicar o produto?
• A interação entre a superfície tratada e a formulação escolhida pode influir bastante no resultado final. Para pulverização residual, escolha uma formulação que permaneça ativa na superfície tratada. Estas, podem ser classificadas a grosso modo em: superfícies porosas, semi porosas ou não porosas. Exemplos de superfícies porosas: concreto, madeira não envernizada, gesso, papel e plásticos. As não porosas: vidro, cerâmica e metálicas. As semi porosas: esmalte, látex, vinil e fórmica. Numerosos trabalhos científicos demonstraram que as formulações EC (emulsões concentradas) ou CE (concentrados emulsionáveis) são absorvidas em superfícies porosas e semi porosas, de forma que não ficarão disponíveis para afetar os insetos. As formulações WP ou PM (pós molháveis), as SC (suspensões concentradas), os pós e as ME (microencapsuladas) não são facilmente absorvíveis nas superfícies porosas ou semi porosas, de maneira que ficam mais disponíveis para afetar as pragas alvos. Dessa forma, se a praga alvo for um inseto rasteiro, escolha uma formulação que permaneça na superfície tratada sem ser absorvida. Mas, se a praga alvo é uma daquelas que se esconde sob as superfícies (cupins, brocas, etc) uma formulação EC (ou CE) é a recomendada (diluída em solvente orgânico). Durante a inspeção prévia dos ambientes a serem tratados e antes do tratamento, procure verificar qual o tipo de superfície predominante e identifique a praga alvo, de forma que a escolha da formulação a ser empregada seja a mais adequada. E você pensava que era só ir encostando a barriga no balcão do distribuidor e sair dali com a solução para seus problemas! Ledo engano, amigo!

5) De que maneira os fatores ambientais adversos à formulação vão afetar o biocida (temperatura ambiente, umidade, luz solar)?
• Uma vez aplicado no ambiente, uma série de fatores vão afetar seu desempenho e resultados. Por exemplo, a temperatura ambiente, já foi provado, pode afetar as moléculas do produto; quanto mais alta for, mais afeta o biocida (por termólise). A umidade ataca os biocidas aplicados(por hidrólise), especialmente quando combinada com altas temperaturas, mas isso vai depender do tipo de superfície onde a calda foi aplicada. As altas temperaturas, igualmente, podem aumentar a tensão de vapor de certos i.a. e fazer com que volatilizem mais rápido (menor efeito residual). Correntes de ar fortes produzem esse mesmo efeito. Contudo, certas formulações resistem mais a esses fatores deletérios do que os CEs (ou Ecs); é o caso dos microencapsulados (MS) e dos PMs (ou WPs). Por que estou insistindo nesse fator adverso da temperatura? Porque boa parte dos tratamentos é executada em cozinhas e outros tipos de dependências onde a temperatura ambiente é sempre alta. É preciso estar atento e forte!
Nessa história há ainda mais cinco itens a serem verificados, no sentido de ajudar a escolher a melhor formulação para cada caso, mas vamos deixar essa discussão para o próximo post, OK? Não perca!

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