sábado, 25 de fevereiro de 2012

AS FORMULAÇÕES – Parte IV


Já que comecei, vamos terminar. Falávamos sobre as formulações e agora só falta comentar um pouco sobre as próprias, isto é, sobre as diversas formulações disponíveis em diferentes produtos à venda no mercado brasileiro profissional.
a)Inseticidas aerossóis. Dentro de uma lata pequena, um inseticida líquido (ou pó) é premido e quando se aperta a válvula, o produto sai na forma de uma fina névoa. É a formulação mais empregada nos produtos de venda livre e uso doméstico. Há poucos produtos de uso profissional apresentados nesse tipo de formulação que vêm em embalagens dotadas de prolongador na válvula para que o operador possa tingir pequenas fendas, gretas e nichos.
b)Concentrados Emulsionáveis (CE) ou Emulsões Concentradas (EC), o que é a mesma coisa. São formulações líquidas que contêm o ingrediente ativo (i.a.) mais algum solvente mais um emulsificante (e outros componentes conforme o fabricante). Os CE são misturados à água no momento do uso, formando uma calda esbranquiçada opaca. São fáceis de diluir e misturar, requerem pouca agitação e raramente deixam resíduos visíveis nas superfícies tratadas. Contudo, alguns EC, devido ao solvente utilizado, podem afetar determinadas superfícies. Se o EC escolhido por você lhe for novo, é melhor testá-lo sobre diferentes tipos de superfície antes de empregá-lo extensivamente. Os EC são bastante absorvidos por nossa pele (proteja-se!) e alguns podem ser fitotóxicos (tóxicos para plantas). Em superfícies porosas, são bastante absorvidos e assim diminuem sua eficácia.
c)Pós Molháveis (PM) ou Wettable Powders (WP), o que também é a mesma coisa. São formulações sólidas onde o i.a. vai misturado a um carreador como talco, por exemplo, e um agente umectante (para permitir sua mistura à água). Uma das primeiras vantagens dessa formulação é que ela é menos fitotóxica (por não conter solventes) e dificilmente é absorvida em superfícies porosas, onde vai permanecer ativa, razão pela qual é indicada para tratamentos externos. No entanto, os PM requerem agitação durante a aplicação porque seu peso faz com que o pó dissolvido na água possa decantar e depositar-se no fundo do equipamento comprometendo a aplicação correta. Outra coisa: os PM podem deixar um resíduo esbranquiçado em certas superfícies onde foram aplicados, o que não deixa de ser um problema em interiores. Os PM resistem bem mais a ação da luz solar do que os CE. Outro risco para o operador é que durante a manipulação de um PM ao preparar a calda, ele pode ser absorvido por inalação; alguns PM comerciais já vêm em saquinhos de plástico solúveis em água (feitos de álcool polivinílico), evitando assim esse risco.
d)Suspensões Concentradas (SC). Um artifício químico transforma um PM em uma formulação que pode ser misturada com água e não decanta ou separa. Há poucos produtos SC em nosso país.
e)Suspensões Microencapsuladas (ME ou CS). Através de processos industriais avançados, um i.a. é introduzido no interior de pequenas microcápsulas de uma espécie de nylon e essas pequenas esferas são colocadas em suspensão em água. Confesso, sou um particular fã desse tipo de formulação, pois há inúmeras vantagens no seu uso profissional, ainda que no mercado brasileiro haja bons microencapsulados e outros nem tanto. Tomamos uma certa quantidade do produto microencapsulado e, de acordo com as instruções do rótulo, a diluímos em água. Quando aplicamos essa calda, uma enorme quantidade das microcápsulas (vários diâmetros, mas todos microscópicos, não perceptíveis a olho nu) vai ficar depositada nas superfícies tratadas; pouco depois a água da calda evapora e as microcápsulas (contendo o i.a.) ali permanecem aguardando a passagem de algum inseto. Quando isso ocorre, dezenas e dezenas das microcápsulas adere ao corpo do inseto, sendo dali removidas. O atrito com o corpo do inseto provoca a erosão da parede da microcápsula e seu conteúdo (o i.a.) penetra no tegumento desse inseto, injetando-lhe uma dose mortal do inseticida. Vejo algumas vantagens: os CS não são absorvidos por superfícies porosas; o i.a. perdura no ambiente muito mais tempo que os CE e mesmo os PM, posto que o i.a. estará protegido dentro das microcápsulas, conferindo assim um longo efeito residual ao produto; baixo odor é outra característica dessa interessante formulação.
f)Pós Solúveis (PS ou SP, a mesma coisa). É uma formulação parecida com os PM, mas só que esses pós formam verdadeiras soluções quando misturadas à água. Requerem pouca agitação na forma de calda e deixam resíduos menos visíveis nas superfícies tratadas. Há poucos produtos PS porque há poucos i.a. solúveis em água.
g)Grânulos (G). Quando solúveis em água recebem a denominação de WG. Os grânulos são feitos com diferentes substâncias, mas, curiosamente uma delas, é... espiga de milho! Basta impregnar o carreador com o i.a. Claro que outros componentes entrarão na formulação. Os G, depois de aplicados em calda aquosa, resistem muito bem às adversas condições ambientais mesmo a céu aberto.
h)Pós Secos (P). É o i.a. misturado a algum carreador sólido inerte. São empregados através de polvilhadeiras na forma de pó mesmo. Alguns P podem perder seu efeito quando molhados, mas se continuarem secos têm ótimo efeito residual. Todavia, não são aplicáveis em muitos pontos dos recintos infestados pois deixam um filme aparente do pó.
i)Iscas. É uma formulação muito usada pelos profissionais controladores de pragas especialmente nas infestações por baratas, formigas e cupins. As iscas inseticidas são formadas de um i.a. misturado a alguma substância atrativa para os insetos alvos. Podem ter a forma de grânulos, de géis ou de pastas. Muitos produtos não agem rapidamente, de forma que o inseto afetado pode voltar à sua colônia e contaminar de alguma forma aos demais insetos. As iscas são sempre prontas para usar e não requerem manipulação. Há disponíveis no mercado diferentes equipamentos aplicadores como pistolas, bisnagas e seringas plásticas. São fáceis de aplicar e podem ser removidos quando o controle for atingido. O custo final do tratamento pode ser alto, especialmente porque o efeito de controle das populações infestantes não é atingido rapidamente, requerendo reaplicações.
Muito bem, creio que abordamos pelo menos a principais formulações do mercado nacional. O tema, como vimos, é amplo e há muitas outras coisas envolvidas nas formulações, mas isto aqui não possa de um simples post cujo objetivo é relembrar alguns aspectos do tema, tirar algumas dúvidas e revisar alguns conceitos. Os leitores que sentirem a necessidade de mais informação, devem se reportar a livros técnicos ou pesquisar na Internet, ainda que as fontes sejam, na sua maioria, na língua inglesa.
Acabou!

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