quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
A EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE PRAGAS URBANAS
Ontem estive em Santos/SP, no 39o. Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, onde fui profeir uma despretenciosa palestra sobre a evolução do controle de pragas urbanas. Eis aqui a síntese do que falamos. "Desde os primórdios da civilização, homens e pragas não se entendem. A princípio por uma razão simples: a disputa pelo alimento, que era comum e raro. Só depois é que vieram outras razões como o incômodo e mesmo a transmissão de zoonoses, de acidentes com peçonhentos, etc. De lá para cá, essa luta contínua e diuturna jamais cessou, apenas se modificou de parte a parte. O homem, escorado em seu raciocínio, sua inteligência, sua capacidade inventiva e criatividade, armou-se com notórios produtos químicos e inovadores equipamentos. As pragas, escoradas em seu potencial genético, enfrentaram essa ameaça armadas apenas com espertas adaptações, com tolerância crescente e resistência com base genética. O advento dos modernos biocidas orgânicos que substituíram os antigos naturais e minerais, trouxe grande alento para a humanidade e marcou o ponto de virada na nossa luta até então inglória contra as pragas. O DDT, o avô desses biocidas modernos, permitiu não só defender a lavoura, como combater e debelar grandes problemas de saúde pública. Esse biocida, e seu séquito de outros inseticidas organoclorados, mudaram o panorama até que outros biocidas não tão agressivos ao meio ambiente os substituíram. A descoberta dos rodenticidas hidroxicumarínicos desempenhou o mesmo papel crucial na luta contra os roedores sinantrópicos que tanto mal haviam causado à humanidade com a transmissão da peste bubônica. Até os anos recentes, o foco dessa luta estava nas pragas em si; combatia-se o roedor, o mosquito, o escorpião, a mosca, a pulga, etc. Verdade seja dita, sem retumbantes sucessos, ainda que a vitória pendesse para o nosso lado. Depois de muito recurso gasto, de intenso desperdício de tempo e dinheiro, chegamos à conclusão de que havia alguma coisa errada e que deveria existir uma nova alternativa de controle que a um só tempo fosse mais eficaz e que não fosse tão agressivo ao meio ambiente e à biocenose que nele vive. Dessa forma, surgiu o MIP (Manejo Integrado de Pragas) inicialmente aplicado à lavoura e hoje já estendido aos centros urbanos, onde a visão passou a ser o todo, ou seja, a praga considerada dentro do seu contexto ambiental. Ao mesmo tempo, equipamentos e principalmente os biocidas, experimentaram notório desenvolvimento e começam a ser mais específicos e seletivos, preservando espécies não alvos. Hoje, pode-se afirmar que não há situação que não possa ser resolvida com as armas e especialmente com o conhecimento que temos sobre as pragas e seu controle. O que virá depois?"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário