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segunda-feira, 12 de abril de 2010

REVISÃO TÉCNICA: PULGAS - PARTE I

Claro que um tema técnico dessa abrangência, não é assunto para um simples blog, eu concordo. Mas, começaram a me solicitar resumos de certas pragas urbanas para rememorar pontos importantes que poderiam estar presentes nas conversações dos profissionais controladores de pragas com seus clientes e mesmo certos pontos que pudessem ser expostos nas propostas de serviços. Dessa forma, vamos dar um rápido passeio sobre a pulga e suas implicações, sem esquecer o tratamento.
Como isto é apenas um resumo, embora dividido em duas partes, vamos por tópicos:
· As pulgas adultas são hóspedes permanentes dos animais, quer dizer, não ficam paradonas no ambiente esperando um cachorro ou gato passar. Na verdade, se tudo der certo, depois que conseguiram uma carona na sua vítima, procuram dela não mais sair Ali alimentam-se, acasalam, põem seus ovos e morrem (de velhice, se nada for feito contra elas ou se o animal não as removê-las com a língua)
· As pulgas não abandonam o animal para depositar seus ovos.
· Os ovos das pulgas não são pegajosos (como os dos piolhos ) e assim podem cair do animal em qualquer ponto da casa.
· A maioria das pulgas encontradas sobre um cão ou gato, originou-se na própria casa a partir de uma pulga fêmea que já estava maturando seus ovos quando passou um animal por perto durante um passeio externo.
· Poucas pulgas são coletadas pelo animal fora de casa. Portanto, o problema está no interior das residências e não lá fora.
· O alimento das pulgas adultas é sangue, exclusivamente sangue e nada mais.
· As diferentes espécies de pulgas acabaram se especializando na preferência pelo sangue de determinadas espécies de animais. Dessa forma, a chamada pulga do gato (Ctenocephalides felis) tem preferência pelo sangue de felinos, embora possa infestar um cão. Já a pulga do cão (Ctenocephalides canis), prefere o sangue de canídeos, mas se não tiver cão...
· A pulga é um inseto que se desenvolve por metamorfose completa: ovos – larvas (são 3 estadios) – pupas – adultos. Nas fases larvárias, se alimentam de bactérias, mofo e fezes das pulgas adultas onde há grande porcentagem de sangue mal digerido. Na fase de pupa, a pulga não se alimenta e na fase adulta, sangue.
· Na derradeira fase larvária, esta procura um ponto onde haja ciscos e poeira que ela vai utilizar para formar o casulo da pupa.
· Dentro da pupa, protegido, o préadulto pode aguardar as melhores condições ambientais (incluindo a presença de um animal de sangue quente – pode ser uma pessoa) por até um ano sem se alimentar, em estado de dormência.
· Nos países e regiões de clima mais quente ou tropical, o ciclo completo da pulga (de ovo a ovo) pode ocorrer em apenas duas semanas.
· Uma vez encontrado um hospedeiro, a pulga vai procurar infestá-lo permanentemente, onde se alimenta, copula, põe ovos.
· Se a pulga adulta não encontrar um hospedeiro dentro de 12 dias após ter saído do casulo, morre. E sobre o animal, também não vai muito longe (cerca de 7 ou 10 dias), pois a habilidade que os cães e especialmente os gatos em removê-las enquanto penteia seu próprio pelame através de vigorosas e repetidas lambidas, é notória.
· As pulgas podem provocar vários problemas aos animais que infestam. Transmitem tênias aos cães e gatos (Dipylidium caninum), produzem dermatites à vezes severas, podem causar anemia sobretudo em animais jovens. Ao ser humano, a pulga dos ratos (Xenopsylla cheopis) pode transmitir a peste bubônica e o tifo murino.
Quais o melhores métodos para combater as pulgas domésticas? Como este post já está ficando comprido demais, vamos examinar isso numa futura postagem, certo? Não demora, não!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

OS RATOS E A TERRÍVEL HISTÓRIA DA PESTE BUBÔNICA

Nenhuma outra doença influenciou tanto a história da humanidade quanto a peste. Causada por uma bactéria hoje denominada Yersinia pestis, a doença é transmitida principalmente pelas chamadas pulgas dos ratos (Xenopsylla cheopis) e tem curso mortal tanto para roedores, quanto para humanos. Muito se aprendeu sobre essa temida doença desde que Alexandre Yersin em 1894 descobriu o bacilo responsável. Ninguém sabe como e quando esse bacilo apareceu na Terra; provavelmente evoluiu junto com outros microorganismos em distantes eras geológicas. Mas, evoluiu mal porque causa a morte do hospedeiro onde se aloja, forçando o bacilo a buscar continuamente outros hospedeiros para garantir a perpetuação de sua espécie, o que é feito através de uma pulga. Só lembrando: a bactéria penetra em um roedor (via pulga) onde se multiplica rapidamente fluindo no sangue do hospedeiro. A pulga desse hospedeiro ao se alimentar do seu sangue infectado, suga o sangue carregado de bacilos que, no interior do inseto, vão se multiplicar, localizando-se especialmente no esôfago onde acabam formando uma "rolha" que o tampa. Enquanto isso, o roedor infectado acaba morrendo da doença; o sangue do hospedeiro para de circular e suas pulgas não conseguem mais se alimentar no cadáver. Com fome, as pulgas abandonam esse cadáver e procuram outro roedor a quem vão picar para se alimentar. As pulgas com o esôfago tamponado, não conseguem se alimentar e regurgitam o sangue sugado de volta para o novo hospedeiro, levando os bacilos. Resultado: o novo hospedeiro se infecta e está condenado à morte. No entanto, quando a maioria dos roedores dessa colônia morrer, as pulgas infectadas buscam outros tipos de hospedeiro e pode acontecer que seja um humano passante a quem vão tentar picar. O sangue humanos não lhes agrada e elas desistem , mas aí, o infeliz já estará contaminado e aproximadamente dentro dos seguintes seis dias, estará severamente adoentado (vômitos, dores de cabeça, febre muito alta). E assim, sucessivamente, acontecem as epidemias de peste.
Pois bem, a história da peste é uma história de bactérias, pulgas, ratos e homens. A seda começou a penetrar na Ásia Central por volta do século 3 A.C. vinda da China, trazida por longas caravanas no lombo de camelos. Na bagagem, a caríssima seda, mas também roedores possivelmente infectados com o bacilo da peste. Os romanos conheceram a seda durante sua expansão para a Ásia e seu sucesso foi fantástico entre patrícias e patrícios romanos. Esse rendoso comércio foi fortemente afetado por volta de 270 A.C., porque muitas caravanas simplesmente desapareciam no caminho devido à morte de todos os caravaneiros acometidos pela peste. Assim mesmo, o avanço da peste foi lento e alcançou a China somente sete séculos depois (610 A.C.). Contudo, para a Europa, o caminho foi mais rápido devido às embarcações romanas que traziam roedores infectados da Ásia. Já em 161 D.C. ratos pretos (R.rattus) haviam invadido a Itália e com eles a primeira epidemia ocidental de peste grassou por 15 anos dizimando a população romana e de todo o Mediterrâneo, despovoando a faixa litorânea. Outra epidemia estourou em 542 em todos os países mediterrâneos provocando a morte de cem milhões de pessoas em dois séculos. Com tamanha perda de vidas, instalou-se uma era que hoje chamamos de obscurantismo, porque a estrutura social (e cultural) foi desmantelada completamente. Morreram os cidadãos comuns, mas também morreram os nobres, os militares, os professores, os médicos, os religiosos, os engenheiros, os comerciantes, os lavradores e os produtores, causando a estagnação do conhecimento humano e de sua transmissão à gerações seguintes (a cultura foi preservada no interior de monastérios e clausuras pelos monges católicos). Em 1346, por exemplo, os tártaros que haviam invadido a Europa, durante o assédio à cidade de Caffa (um posto avançado genovês) às margens do mar Negro, catapultaram cadáveres de pestosos para o interior dos muros disseminando a peste entre os cidadãos que abandonaram a cidade (levando involuntariamente roedores e suas pulgas para toda a região). As consequências da Peste Negra foram profundas e indeléveis. Os historiadores nos contam as epidemias terríveis de peste que sucessivamente golpearam a Europa: 1348(a mais violenta), 1363, 1374, 1383, 1389, 1410, 1528, 1652, 1720 e 1771, ceifando milhares de vidas.
Quer dizer, nunca uma doença epidêmica fez tanto estrago na história da humanidade quanto a peste! Transmitida por quem? Uma pulga e um rato.
E no Brasil, tem peste? Tem sim, mas está restrita a algumas regiões do norte e nordeste do país, com dois microfocos em Teresópolis e Petrópolis no Estado do Rio de Janeiro, mas em caráter meramente endêmico. Já não chega os sérios problemas de saúde que temos e ainda mais esse? Xô, gururu!