sábado, 30 de outubro de 2010

E SEGUE A DISCUSSÃO SOBRE A RESPONSABILIDADE TÉCNICA SEGUNDO A RDC 52 – PARTE III


Vamos em frente nessa discussão. Em meu derradeiro post sobre esse tema, questionei, como questiono, o texto da RDC 52 (em vigor) que autorizou profissionais de nível médio a ocuparem o cargo de RTs por empresas controladoras de pragas sem explicitar ou definir quais seriam essas profissões, apenas dizendo que deveriam ser “devidamente habilitados” (meu comentário: o que significa isso?). Óra, onde está, neste Brasil cor de anil, a escola (reconhecida pelo MEC) que especializaria formalmente um profissional de nível médio nessa atividade de RT tão específica? Isso simplesmente não existe! Até esta data, não existe! Como pode uma resolução governamental, oficial e com valor de lei sobre o território nacional, exigir algo que “NÃO EXISTE”! Pitangas!
Vamos voltar a dar uma olhada no teor da RDC 52 que obriga a empresa especializada a ter um RT (louvável) e define o profissional que pode exercer essa função. Prepare-se porque aí vem mais encrenca! Diz a RDC 52:

Seção II : Da responsabilidade técnica
Art. 8º A empresa especializada deve ter um responsável técnico devidamente habilitado para o exercício das funções relativas às atividades pertinentes ao controle de vetores e pragas urbanas, devendo apresentar o registro deste profissional junto ao respectivo conselho.
§1° Considera-se habilitado para a atividade de responsabilidade técnica, o profissional que possua comprovação oficial da competência para exercer tal função, emitida pelo seu conselho profissional.

Portanto, com todas as letras, a RDC 52 está dizendo que o profissional deve possuir “comprovação oficial de competência emitida pelo seu conselho profissional”. Quer dizer, é o Conselho de cada profissão que doravante vai dizer se seus representados são categorizados para exercer as funções do RT. Está aí a base de um grande “imbróglio”, pois ninguém agora sabe quais são as profissões que supostamente podem assumir tais responsabilidades. Por conseqüência, qualquer profissão, de nível superior ou de nível médio, que tenha uma carta de habilitação profissional, ou equivalente, emitida pelo respectivo conselho profissional, poderá, ao rigor da lei, ser um RT.
Pela Constituição brasileira, é de se observar que nenhuma legislação estadual ou municipal pode se sobrepor a uma lei de âmbito federal. Essas legislações menores podem complementar a lei federal, exigir mais do que ela, mas não pode contraditá-la ou a ela se contrapor. De maneira nenhuma. Portanto, se o conselho profissional de uma dada categoria atestar que seus representados, em sua formação profissional, possuem os conhecimentos necessários e suficientes para exercer as funções de Responsável Técnico por empresas controladoras de pragas, nenhum órgão fiscalizador estadual ou municipal, por mais privilegiado que seja, pode dizer em contrário. Pura e simples assim! A menos, observem, que nesse Estado ou Município exista expressamente disposições legais explicitando condições impeditivas. Mesmo assim, como a RDC 52 é de âmbito federal, a questão admite discussão em juízo. Penso eu, que a tese é até bastante defensável para qualquer categoria profissional. Um bom advogado saberia dizer.
Por outro lado, as associações de classe dos profissionais controladores de pragas deveriam começar a se mobilizar para fazer luz sobre esse controvertido tema. Aliás, como já o fizeram com sucesso, resultando na RDC 20 que alterou a RDC 52 no que diz respeito à vizinhança da sede das empresas. Algumas associações (a do Rio de Janeiro, sempre muito atuante, é um bom exemplo) até já começaram a se mobilizar tentando algumas alternativas como cursos de certificação, saída já barrada por certos conselhos profissionais sob alegação que a própria formação já certifica suas categorias. Outra alternativa, seria criar junto a alguma Universidade, cursos a nível de pós graduação, mas a RDC 52 abriu a RT também para profissionais de nível médio, os quais não tem acesso a cursos de pós. Quer dizer, também não serve. Cursos de desenvolvimento e aperfeiçoamento para possíveis RTs podem ser interessantes, mas certamente não resolverão o problema.
A questão central continua sendo a completa falta de definição no texto da RDC 52 que, supostamente, deveria ter legislado de forma objetiva o exercício laboral do profissional controlador de pragas e das empresas que compõem o sistema.
Coisas do meu Brasil!
Por que simplificar, se podemos complicar?
Bom, moçada, essa é apenas minha opinião pessoal sobre tudo isso. Prego no deserto, eu sei.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MAIS SOBRE A RDC 52 QUE LEGISLOU SOBRE A RESPONSABILIDADE TÉCNICA


Em post anterior, discutimos a delicada (e complexa) questão dos RTs – Responsáveis Técnicos – por empresas controladoras de pragas. Em resumo, embora reconhecendo a intenção provável dos tecnocratas da Anvisa no sentido de “esclarecer” o tema, observei, ao contrário, que a RDC 52 veio tornar mais complexa a questão ao “abrir” a RT para virtualmente qualquer categoria profissional, bastando que seu respectivo Conselho Regional assim o declare! Se não, vejamos:
Inicialmente, observemos a definição exata que a RDC 52 deu ao termo Responsável Técnico em seu inciso X: - responsável técnico: profissional de nível superior ou de nível médio profissionalizante, com treinamento específico na área em que assumir a responsabilidade técnica, mantendo-se sempre atualizado, devidamente habilitado pelo respectivo conselho profissional, que é responsável diretamente: pela execução dos serviços; treinamento dos operadores; aquisição de produtos saneantes desinfestantes e equipamentos; orientação da forma correta de aplicação dos produtos no cumprimento das tarefas inerentes ao controle de vetores e pragas urbanas; e por possíveis danos que possam vir a ocorrer à saúde e ao ambiente;
Vamos examinar um pouco essa definição. Observem: a RDC 52 passou a admitir que o RT possa também ser de nível médio profissionalizante, enquanto anteriormente a lei só admitia profissional de nível superior. Como e por que essa mudança? Eu pessoalmente, questiono. A verdade é que as profissões que têm em seu currículo de formação os conhecimentos técnicos necessários aos respectivos profissionais a condição de poderem responder pela responsabilidade técnica de empresas controladoras de pragas, não são muitas. Que conhecimento seriam esses? Para começar, conhecimentos mais profundos sobre parasitologia (incluindo artrópodes e mamíferos considerados pragas), conhecimentos sobre toxicologia e sobre bioquímica; de quebra, conhecimentos sobre a biocenose e as relações entre os seres vivos que a compõem. Há outros conhecimentos necessários, mas vamos citar apenas aqueles. Quer dizer, já não são muitas as profissões que somam tais conhecimentos de forma abalizada e significativa. A RDC 52 não só deixou de definir quais seriam as profissões que somariam tais conhecimentos, como rebaixou o nível desses conhecimentos para a formação de técnicos de nível médio profissionalizantes! Óra, um curso de nível médio é o que o nome está dizendo: um curso de nível médio! Com todo o respeito que tais profissionais merecem, eles cursam dos 15 aos 18 anos de idade em média, seu curso profissionalizante. Pela RDC 52, já poderiam ser responsáveis pelas empresas controladoras de pragas que, sabidamente, são empresas cuja atividade laboral é de alto risco! Que lidam com produtos químicos de grande periculosidade, se utilizados em condições equivocadas. A pergunta é: será que um técnico de nível médio profissionalizante estaria realmente capacitado a enfrentar o dia a dia de uma empresa desinfestadora? E se um acidente ocorresse, teria ele condição de analisar o erro cometido e reverter o problema? E, por último, a RDC 52 igualmente não definiu quais as profissões de nível médio que estariam credenciadas para que seus respectivos profissionais possam ser RTs por empresa controladoras.
Não li em lugar nenhum ou ouvi as razões que levaram a comissão da Anvisa que criou a RDC 52, a reconhecer profissões de nível superior e profissões de nível médio como capazes de atuarem como RTs. Não entendi até hoje por que abrir esse credenciamento a qualquer (observem, eu disse qualquer) profissão, se devidamente autorizadas por seus respectivos conselhos regionais. Mas, já estamos nos estendendo demais para um único post (é que o assunto é realmente apaixonante!).
Mais adiante, retomamos, OK?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

7.000 VISITAS AO BLOG DO HIGIENE ATUAL. MAIS UMA FESTA!


Que beleza! Nada menos que 7.000 visitantes já acessaram o Higiene Atual. Por que comemoro a cada mil visitas?
Porque foi para isso que criamos este blog, foi para que tivéssemos um blog inteiramente voltado para o profissional controlador de pragas onde temas de interesse dessa classe pudessem ser expostos e discutidos. Para que discutíssemos temas corriqueiros e temas mais complexos ou polêmicos. Para que temas mais esquecidos, embora não menos importantes, pudessem ser lembrados e trazidos à tona. Enfim, apnas um fórum técnico para que o profissional desinfestador tivesse um blog de seu interesse.
7.000 visitantes me dizem que este blog veio em boa hora. Quase um ano depois de sua criação, o blog do Higiene Atual segue firme em sua trajetória, rumo ao décimo milésimo visitante. Aguarde só!
Muito obrigado.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A COMPLEXA QUESTÃO DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA (PELA RDC 52)


Complicado! Não era, mas conseguiram complicar e muito. Esse assunto da Responsabilidade Técnica por empresas controladoras de pragas já deu muito “pano pra manga” como se diz por aí e ainda vai dar muito mais, vocês vão ver!
No começo (eu falo de 30 a 40 anos atrás), não havia regras claras para definir quais seriam as categorias profissionais dos Responsáveis Técnicos (RT) pelas empresas controladoras de pragas, as quais, aliás, ainda não eram tão numerosas assim em nosso país. O Conselho Regional de Química saiu na frente e começou a exigir que essas empresas tivessem um químico como seu RT, alegando que só o químico saberia manipular os inseticidas concentrados de uso profissional, diluindo-os em água ou solventes (sic); o CRQ saiu intimando e intimidando a torto e a direito, chegando mesmo a aplicar multas pecuniárias às empresas recalcitrantes. Essa disposição não constava de nenhuma portaria, lei ou regra oficial da época e era resultante apenas da interpretação daquele CRQ que, obviamente, tentava legislar em causa própria. Em seguida, o CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – percebendo que também poderia disputar uma fatia desse bolo, igualmente começou a pressionar as empresas controladoras exigindo que o RT fosse um engenheiro agrônomo. Mas, não demorou muito para que as empresas controladoras de pragas percebessem que tais obrigações inexistiam e algumas outras categorias profissionais começaram a ocupar esse nicho laboral, como os biólogos e veterinários. Uma resolução oficial (RDC 18) veio, pela primeira vez, fazer luz no tema, nominando formalmente seis categorias profissionais como RT pelas empresas controladoras de pragas: engenheiros agrônomos e florestais, farmacêuticos, químicos, biólogos e veterinários. Entendiam os técnicos do Ministério da Saúde da época que, na formação acadêmica dessas categorias profissionais, eram ministrados conhecimentos tais que capacitariam o pleno exercício da responsabilidade técnica pelas atividades executadas por empresas controladoras de pragas. Não quero, e nem vou, discutir os méritos e deméritos dessa “compreensão” um tanto singular e cheirando a corporativismo. O fato é que, finalmente, havia regras para esse jogo, bastaria cumpri-las, certas ou erradas. Uma coisa ficou bastante clara, no entanto: a empresa controladora de pragas teria obrigatoriamente que ter um RT e que deveria registrar-se (ela, a empresa) no respectivo conselho regional ao qual pertenceria seu RT, naturalmente recolhendo certas taxas anuais a esse conselho. Belo butim, não? Então... era isso o tempo todo! Os conselhos regionais brigavam era por esse rico dinheirinho, afinal. Sem maiores comentários!
Seja lá como for, o fato é que surge mais uma vez, nova regra para o mesmo assunto. A 22/10/2009 foi baixada a Resolução RDC 52 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) do Ministério da Saúde, que dispõe sobre as atividades ligadas ao controle urbano de pragas e dá outras providências. Aqui mesmo neste blog já critiquei, e volto a fazê-lo, sobre certas disposições e impropriedades contidas nessa resolução, novamente fruto da cabeça de alguns tecnocratas do serviço público, destituídos, por força de seu mister, de conhecimentos mais profundos sobre o exercício privado da atividade laboral do controle de pragas. O resultado só poderia ser uma salada mista de coisas certas e coisas erradas com coisas dúbias, gerando confusão e perplexidade onde não acontecia. Sem tirar o mérito da RDC 52 que pretendia colocar regras na atividade das empresas controladoras de pragas, hoje muito numerosas no Brasil e sujeitas a diferentes legislações estaduais e até municipais, essa legislação de âmbito federal (e portanto se superpondo às leis e regras locais) tem várias abordagens e disposições bastante adequadas e ajudam bastante a nortear a atividade laboral do controle de pragas urbanas em nosso país. Minha crítica, fruto de minha opinião pessoal, se assesta sobre determinados itens da RDC 52 que não vieram ajudar positivamente a por a casa em ordem. Alguns desses itens vieram apenas confundir a cabeça do profissional controlador e até há itens que literalmente não podem ser cumpridos, como é o caso da tal “licença ambiental”, mas isso já é uma outra história que fica para uma outra vez. Aliás, e felizmente, um pouco de luz se fez e os tecnocratas reconheceram que não foram claros em um dos itens e corrigiram o erro baixando a 12/05/2010 a RDC 20 que veio alterar um único item da RDC 52.
Em próximo post, continuarei a dissecar esse tema, OK?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PRESTENÇÃO MOÇADA: UM BAITA EVENTO ESTÁ CHEGANDO EM OURO PRETO/MG

A conhecida colega Ana Eugênia C.Campos, presidenta do evento, nos lembra que está se aproximando a 7ª ICUP - Conferência Internacional sobre Pragas Urbanas - que será realizada de 07 a 10 de agosto do ano que vem, em Ouro Preto/MG. Só no segundo semestre de 2011! Então por que a pressa?
Não é! A razão da pressa é que quem pretende apresentar algum trabalho técnico/científico nesse certame, vai ter que se apressar mesmo, pois o prazo para remessa do trabalho (que será examinado por uma comissão) encerra-se no próximo dia 02 de novembro. Os detalhes poderão ser lidos no site: www.icup2011.com
Essa conferência pretende reunir profissionais controladores de pragas de vários países e essa oportunidade é, a rigor, a primeira vez que os profissionais brasileiros terão acesso direto a colegas e pesquisadores estrangeiros, o que por si só já representa um ganho de conhecimentos notável e extremamente útil no exercício da profissão. Por outro lado, nossos colegas do exterior devem estar bastante curiosos quanto a nossos métodos e avanços técnicos.
Quem for, verá!

CONTROLANDO MOSCAS NAS INSTALAÇÕES – PARTE III








Nesta terceira parte do tema, podemos conversar um pouco sobre a eliminação profissional das moscas. Moscas (larvas e adultas) não são muito complicadas para eliminarmos, ainda que existam muitas linhagens que apresentam resistência a determinados grupos de inseticidas. Por falar nisso, vocês sabiam que as moscas estão entre os insetos que mais rapidamente desenvolvem resistência? Isso se deve à velocidade com que as sucessivas gerações surgem. Mas, de uma maneira geral, moscas adultas e larvas, como eu dizia, sucumbem rapidamente à aplicação de mosquicidas (caso não se trate de linhagens já resistentes). Além de alguns organofosforados e piretróides de última geração (Ex: azametifós, lambdacialotrina, bifentrina, etc) que, se aspergidos diretamente sobre as moscas (adultas ou larvas), podem ser eficientes, eis que finalmente surgiram os IDIs (Inibidores do Desenvolvimento de Insetos) e os IGRs (Inibidores do Crescimento de Insetos) e a maré mudou, para o nosso lado! Hoje, combatemos as formas jovens da mosca doméstica pulverizando um desses biocidas biorracionais no criadouro e somente as larvas das moscas são afetadas; seus inimigos naturais, não. Fantástico! Mais que isso, em granjas avícolas, por exemplo, há um desses compostos (ciromazina) que é misturado à ração das aves e o larvicida sai junto com as fezes das aves; quando a larva da mosca ingere essas fezes tratadas, não consegue mais se desenvolver e é eliminada.
A outra abordagem é o combate às moscas adultas. Mas, onde aplicar os mosquicidas que possam eliminá-las, já que estão espalhadas em toda parte? Então, temos que atraí-las de alguma forma para que se concentrem e possam ser eliminadas de forma significativa, a ponto de baixar sua população. Por sorte, há disponível no Brasil tanto bons mosquicidas iscas, à base de azametifós potencializado pela adição de um feromônio de atração sexual das moscas - Z9 tricosene, como de modernos neonicotinóides (thiametoxan e imidacloprid)que fazem um belo trabalho no controle de moscas adultas. Em forma de grânulos (maiores para iscas e menores para diluição em água), são fortemente atrativos para as moscas adultas. A formulação SG (Soluble Granules - grânulos solúveis)dissolvida em água e aplicados a pincel (ou pulverizados) sobre superfícies planas onde as moscas usualmente pousam, atraem (contêm açúcar) induzindo-as a lamber a calda, eliminando-as rapidamente. Molhando um barbante nessa calda e estendendo-o em uma área infestada por moscas, vai atrair e eliminar uma porção enorme delas.
Por falar nisso, há não muito tempo atrás, foi descoberto (depois de muitos estudos, naturalmente) que faixas vermelhas e amarelas pintadas alternada e diagonalmente sobre uma superfície plana, exercem uma forte atração em moscas adultas que para ali voam e se concentram. Daí, basta aplicar thiametoxan ou imidacloprid nessa superfície e vamos obter um grande e rápido efeito mosquicida. Aos painéis assim preparados, demos, há alguns anos atrás, o nome de “painéis papa-moscas” que foram amplamente testados em diferentes situações e mais que aprovados (granjas de aves e de suínos, haras, usinas de álcool e açúcar e lixões a céu aberto). Para que o leitor tenha uma melhor idéia do que estou falando, anexei uma foto de um desses painéis. Aliás, qualquer superfície plana ou cilíndrica, horizontal ou vertical, de qualquer tamanho, pintada dessa forma, vai funcionar como painel papa-mosca. Os painéis papa-moscas não estão disponíveis no mercado; portanto, quem quiser fazer uso desses excelentes artefatos para atrair moscas e eliminá-las, terá que produzí-los. Qualquer tamanho servirá (quanto maior, mais distante atuará como ponto de atração visual para as moscas). Estudos demonstraram que o maior poder de atração se verifica quando o painel é pintado em faixas diagonais (mais do que faixas horizontais ou verticais). O material desses painéis pode ser madeira compensada, taboas, PVC, lona, canos e conduítes de PVC, etc; evite usar placas metálicas porque ao sol se aquecem demasiado e as moscas evitam ali pousar. Simplesmente pintar paredes como painel papa-mosca, também funciona muito bem! Devem ser pendurados ou fixados na altura do vôo das moscas (normalmente entre 01 e 1,90m. Devem estar apoiados a paredes ou armações para evitar que balancem (as moscas não pousarão). Painéis de grandes dimensões (ex: uma placa inteira de compensado – 1,20 x 2,80m) devem receber orifícios esparsos para evitar que ventos mais fortes os derrubem.
É ver para crer!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O CARACOL GIGANTE COMO TRANSMISSOR DE VERMES NO BRASIL


O amigo Carlos Madeira, biólogo do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, minha ex casa onde trabalhei por um longo período de tempo e que me deixou fantásticas memórias, me enviou um trabalho científico publicado há pouco na Revista de Patologia Tropical (edição de julho/agosto deste ano), de autoria de Ana Paula Martins de Oliveira, da FIOCRUZ, e outros pesquisadores, que estudaram o papel do caracol gigante (Achatina fulica) no Estado de Goiás, como hospedeiro intermediário de certos helmintos, tornando-se assim, potencialmente perigosos para a espécie humana. Os autores isolaram de exemplares colhidos em diferentes regiões e municípios daquele Estado (Caldas Novas, Morrinhos e Bela Vista de Goiás), larvas de helmintos como Aerolustrongylus obstrusus, Rahbiditis sp, Strongyluris sp e de outros metastrongilídeos e fazem um alerta sobre o perigo potencial dos caracóis gigantes que, ao que parece, adaptaram-se muito bem a diferentes regiões de nosso país, transformando-se em mais uma praga para que nos preocupemos.

sábado, 16 de outubro de 2010

CONTROLANDO MOSCAS NAS INSTALAÇÕES – PARTE II


Em post anterior, começamos a falar sobre a mosca comum (Musca domestica) e seu controle, iniciando por comentar sobre o interessante controle não químico. Hoje, quero comentar algo sobre o controle químico (uso de mosquicidas) e especialmente sobre o controle biorracional (emprego de inibidores).
Então, começaremos pelo começo: a mosca (seja qual for a espécie) cresce pelo processo que chamamos de “metamorfose completa”, ou seja, ovo – larvas – pupa e adulto. As chamadas formas jovens (ovo, larvas e pupa) permanecem no substrato original onde os ovos foram colocados; a forma adulta, alada, espalha-se e pode ser encontrada onde houver alimento disponível. E de que a mosca doméstica se alimenta? A grosso modo, de qualquer coisa, embora tenha certas preferências.
Dito isso, vamos lembrar que o combate às moscas pode ser dividido em duas abordagens: o combate às formas jovens e o combate às moscas adultas. Nada a ver uma coisa com a outra, embora uma e outra possam conduzir a uma situação de controle. Melhores resultados: use as duas coisas, quando possível.
As formas jovens são combatidas nos próprios criadouros: matéria orgânica em decomposição onde haja liberação de amônia, como acontece com fezes (de aves, de suínos, de bovinos e equinos ou mesmo humanas) e lixo. A mosca fêmea adulta, depois de copular com um macho da espécie, matura seus ovos e no momento certo, os deposita em algum ponto mais úmido (pastoso) do substrato do criadouro. Em torno de 8 horas depois, os ovos já eclodem e liberam a primeira forma larval (há mais duas em sucessão, enquanto crescem e se desenvolvem). Para isso as larvas alimentam-se vorazmente da matéria orgânica do próprio substrato e vão transformando esse substrato em uma sopa grossa (ingerem sólido e defecam líquido), onde vão alojar-se e evitam inimigos naturais seus como certas aves, insetos e outros artrópodes predadores, muito comuns principalmente na zona rural. Poucos dias depois (3,5 dias em média), a larva III sai do substrato, procura um ponto seco do solo e transforma-se em pupa (uma espécie de barril fechado); nessa fase, não se alimenta mais. Outros dias mais (3 a 5dias), a pupa se abre liberando uma mosca adulta completamente formada e já com asas. Entre 16 e 30 horas após a saída dessa mosca adulta de seu pupário, ela estará pronta para acasalar e dar início a novo ciclo.
Portanto, é nesse substrato, nesse criadouro, que devemos combater as formas jovens quando ainda estão concentradas. Mais fácil do que combatê-las depois de adultas. Até não muito tempo atrás, coisa de uma ou duas décadas, o que se fazia era pulverizar inseticidas superficialmente nesse substrato. Matava as larvas e tudo o mais, incluindo os preciosos besouros (Carcinops troglodites) tão comuns na zona rural, que se alimentam de ovos de moscas (estamos falando de controle biológico, moçada), as espalângias (Spalangia spp), uma vespinha que destrói as pupas e um diminuto ácaro (Macrocheles muscadomesticae), ávido comedor de ovos de mosca (20 por dia). Resultado: nada de controle! Larvas mortas, inimigos naturais mortos, moscas adultas ovipondo, rápido crescimento populacional e nada para controlá-las. Não ia dar certo, como de fato não deu. A infestação decrescia, mas não resolvia. Estudos prosseguiram, o conhecimento avançou e o homem chegou finalmente à conclusão de que os inimigos naturais das moscas domésticas são indispensáveis no controle, coisa que a Natureza já havia percebido há milhões de anos atrás! Importantíssimos e devem ser preservados a qualquer custo se pretendermos efetivamente controlar as infestações das moscas comuns. Contudo, a evolução da civilização criou novas e notórias oportunidades para as moscas que passaram a se reproduzir em números absolutamente incontáveis. No campo, as granjas de criação intensiva de animais de produção econômica (suínos, aves, coelhos, gado confinado, etc) colocou-os em galpões aos milhares. A presença de ração proteinada somada à grande produção de fezes não adequadamente manejadas, deu às moscas tudo o que elas queriam. Nas cidades, o descaso do certos cidadãos com as questões elementares de higiene e asseio e mesmo a falta do conceito de cidadania, o manejo incorreto do lixo doméstico, comercial e industrial proveu às moscas, o alimento e o criadouro de que necessitavam. O desastre estava delineado: conforme o local, infestações muito pesadas de moscas domésticas (para não falar de outras espécies) são frequentemente encontradas e as medidas caseiras são incapazes de controlá-las eficazmente. Resta o controle profissional.
Cabe às empresas controladoras de pragas, a tarefa de indicar a seus contratantes, as medidas cabíveis preventivas e corretivas na área capazes de ajudar (e muito) para evitar os problemas causados pelas moscas infestantes. Cabe também, decidir qual, ou quais, as técnicas e os métodos químicos que empregarão nesse combate. Mas, aí reside o problema. Muitas empresas, e profissionais controladores de pragas, ainda acreditam que controlar moscas é como controlar baratas, por exemplo. Saem aspergindo inseticidas pelas paredes, pelos cantos, pelas frestas, etc. Sim, certo número de moscas mortas aparecerá, mas isso longe está do nível de controle. Aplicando um inseticida de contato em uma parede, por exemplo, nossa chance de abater uma mosca dependerá do acaso; só a eliminaremos se ela vier pousar na superfície tratada e ali permanecer por certo período de tempo (o suficiente para que moléculas do produto aplicado possam penetrar no corpo da mosca). Para um controle profissional, é pouco. A dica do combate eficaz às moscas adultas está na sua concentração. Temos que atraí-las e concentrá-las para que as possamos eliminar. Para nossa sorte, já existem biocidas que fazem exatamente isso: são formulações capazes de atrair e abater as moscas.
Mas isso será abordado na próximo bat-post, aqui mesmo neste bat-blog! Não perca!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

CONTROLANDO MOSCAS NAS INSTALAÇÕES – PARTE I


Como prometi aí da coluna de Perguntas&Respostas para os leitores Edson Correia e Rodrigo Leal, vamos comentar alguma coisa sobre o controle de moscas domésticas. O assunto é realmente vasto porque, se existe um inseto muito estudado, ao lado das baratas, é a mosca comum (Musca domestica). Sempre gostei desse tema e no laboratório produtor de biocidas em que trabalhei por 23 anos, me envolvi tecnicamente no estudo das moscas e dos produtos destinados ao seu controle. Aliás, como fiz com escorpiões e roedores, dois outros temas muito interessantes para mim. Sob o patrocínio daquele laboratório, tive até a oportunidade de escrever e publicar três manuais sobre essas pragas e que tiveram ótima aceitação na época. Eu disse que o assunto moscas é vasto e seria impossível em um blog discutir todos os aspectos do tema, razão pela qual vou apenas partir das perguntas que o Edson e o Rodrigo fizeram e comentar alguma coisa pertinente.
Combate químico ou combate mecânico? Os dois! Armadilhas mecânicas ou elétricas, redes, cortinas de vento, globos pega moscas, armadilhas colantes, todos têm seu lugar no combate a moscas. São dispositivos que se corretamente utilizados, podem fazer grande diferença para diminuir o número de moscas adultas infestantes no interior de uma instalação. Vamos ver alguns pontos desfavoráveis em cada uma delas, só como exercício. Aquelas armadilhas luminosas que fritam sumariamente as moscas, muito comuns em padarias da esquina, açougues do bairro, botecos e restaurantes, e mesmo em indústrias alimentícias, apresentam o inconveniente de literalmente explodir os insetos que tocam na grade eletrificada e partes de seus corpos caem aleatoriamente ao derredor; muito cuidado, portanto, aonde dispor tais aparatos. Por outro lado, nem sempre a tal da lâmpada ultravioleta, anunciada por alguns fabricantes como fator de atração para as moscas, são atrativas, pois podem ser simples lâmpadas pintadas de cor azul-violeta e não atraem porcaria nenhuma, puro engodo; só alguma mosquinha ainda jovem e sem experiência cai nessa! Melhor é empregar a armadilha colante que é bem parecida com a anterior, só que não eletrocuta nada e ninguém. Há uma série diversificada de fitas e fios colantes pega moscas que podem ser úteis, mas obrigatoriamente devem ser colocados expostos às moscas, mas à vista humana também, na maioria das vezes. Nem sempre um cordão repleto de moscas grudadas impressiona bem! As telas de nylon ou metálicas são formidáveis para impedir a entrada de moscas em portas e janelas, mas rompem-se com freqüência especialmente junto às estruturas de sustentação; essas rupturas podem passar despercebidas. Não pelas moscas. As cortinas de vento dispostas sobre o vão das portas são muito eficientes para impedir a passagem de moscas e outros voadores. Contudo precisam ser constantemente inspecionadas e reguladas para que nenhum ponto da passagem não esteja coberto pelo vento produzido pelo aparelho, pois será exatamente por ali que o desfile das moscas vai passar. Os notórios globos semirrepletos de moscas mortas e maceradas que atraem pelo forte odor de feromônios exalados dos cadáveres, têm o (grave) inconveniente de produzir um odor incrivelmente nauseabundo, fétido, horroroso que deve ser irresistível para as moscas. Afinal, tem gosto para tudo. Não podem por isso ser empregados em instalações (nem perto). Há ainda os “painéis papamoscas”, estes sim de grande eficácia, mas que vamos abordar no post seqüencial deste.
E tem o combate químico. Falo disso em um próximo post, porque este aqui já está virando uma epístola.

domingo, 10 de outubro de 2010

DESCOBERTO O FEROMÔNIO DE ATRAÇÃO SEXUAL DE BARATAS


A notícia não é nova, foi publicada na revista científica Science edição de fevereiro de 2005, mas não ganhou repercussão maior. Aqui no Brasil, nem uma palavra, ao menos que eu tenha sabido, ouvido ou lido. A verdade é que um grupo de cientistas norte americanos do Departamento de Entomologia da Estação de Experimentos Agrícolas da Universidade de Cornell no Estado de New York, estudando o mecanismo de atração sexual em baratas alemanzinhas (Blattella germanica), conseguiram isolar o feromônio responsável. Nojima, Schal, Webster, Santangelo e Roelofs, os autores, não só isolaram o feromônio natural, como conseguiram comprovar seu efeito através de um composto sintético que o reproduzia. O feromônio natural foi identificado como sendo uma quinona, o gentisil isovalerato. Na verdade, esse feromônio já havia sido descoberto em 1993, mas a instabilidade térmica desse composto natural, impedia sua plena caracterização no laboratório. Agora, através de uma nova e avançada técnica de detecção eletroantenográfica (eu, particularmente, não tenho a menor idéia do que seja isso!) foi possível isolar e caracterizar quimicamente o feromônio, ao qual denominaram “blatelaquinona”. Tendo sido caracterizada a molécula natural, foi relativamente fácil produzir um análogo sintético, o qual foi levado a biotestes em laboratório e teve sua eficácia atrativa finalmente comprovada em armadilhas. Esses resultados abrem uma nova porta no combate às baratas alemanzinhas, pois iscas e armadilhas poderão ter seu efeito potencializado significativamente.
Vamos ver quanto tempo ainda levará para que tenhamos esse composto disponível no mercado. E quando chegará ao Brasil!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

SOBRE O CERTIFICADO DE CONTROLE DE PRAGAS


Respondendo a Luís C.Monteiro, nosso leitor que postou na coluna de Perguntas&Respostas uma questão sobre o Certificado oficial de Controle de Pragas que as empresas devem obrigatoriamente entregar a seus clientes Pessoa Jurídica. Houve um tempo em que empresa controladora nenhuma pensava em preparar e deixar com seu cliente esse certificado. Depois, algumas começaram a fazê-lo, porém mais como uma peça de merchandise para divulgar a empresa; tratava-se de um simples certificado impresso em papel colante que não continha nenhuma informação maior exceto pela data da execução do serviço que era sempre preenchida à caneta e informava um certo “prazo” de validade dos serviços. Incrivelmente essa validade era bem elástica e frequentemente alcançava seis meses ou até um ano! Trazia em letras garrafais o nome da empresa controladora, telefones de contato e eventualmente seu endereço. Não continha sequer o nome do estabelecimento onde o trabalho havia sido feito. Esse “certificado” era sempre colado na parede em local bem visível e quando a fiscalização da Vigilância Sanitária chegava, o colante era apontado com orgulho pelo comerciante. Por mais incrível que pareça, a VS aceitava esse “certificado” e dava fé! Outros tempos, amigos, outros tempos!
Daí, como a VS engolia essa balela, começou uma fase (terrível) onde certas empresas controladoras passaram a simplesmente “vender” o tal certificado, ou seja, o serviço não era executado, mas o certificado era emitido e colado na parede. Era um bom arranjo para ambos: contratante e contratado. O Seu Manoel não teria o aborrecimento de ter que desarrumar a padaria toda para que fosse tratada e rearrumar depois. O coleguinha não gastaria um mililitro de produto e nem perderia seu tempo. Bastava preencher um “certificado” e ganhar um rico dinheirinho. Tudo bem simples e bem lusobrasileiro. Lembro-me de um colega que abriu uma empresa dedetizadora depois que saiu da indústria onde trabalhávamos e que fez a mala vendendo dessa forma os tais certificados. Contou-me ele um dia, quando seu negócio estava no auge e perguntei qual a razão de tamanho e tão rápido sucesso comercial, que pela manhã não ia trabalhar, ficava lavando e polindo seu automóvel, uma de suas paixões; à tarde saia já com um roteiro de visitas pré-estabelecido e apenas ia deixando os certificados nos clientes recolhendo o tutu correspondente. Espertamente, ele dava apenas dois meses de “garantia”. Nunca mais soube dele!
O tempo passou, a VS foi ficando esperta e certas regras da atividade laboral do controle de pragas começaram a ser baixadas. Como dizia aquele japonês da piada: “- Quem corocô, corocô... quem non corocô, non coroca mais!”. Hoje o babado é bem outro. Nesse momento em que teclo, a regra oficial e de caráter nacional relativa a certificados de controle de pragas, está estatuída na RDC 52 da Anvisa, do artigo 20 ao 22. Lá está muito bem explicitado tudo o que um certificado deve conter. É só seguir.
Se o leitor ainda não a conhece, sugiro acessar os seguintes sites que contêm a inteira minuta do certificado: www.brasilsus.com.br/legislacoes/rdc/101001-52 ou www.pragas.com.br Dica: a VS quando vai fiscalizar um estabelecimento alimentício, quer ver não só o certificado de controle de pragas (e eles lêem tudo), como também a respectiva Nota Fiscal relativa aos serviços descritos no certificado. Tão pensando o que? Que a VS ainda pode ser enrolada? Vai nessa, vai...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

ARMADILHAS MODELO GAIOLA CONTRA ROEDORES


Atendendo nosso amigo leitor Marcelo que nos pergunta aí na coluna de Perguntas e Respostas sobre as armadilhas modelo gaiola na captura de roedores, optei por preparar este post, já que o tema exige considerações que o espaço ali disponível não permitiria. No que diz respeito à armadilhas para combater roedores, podemos dividi-las em dois grupos: as cruentas (que causam a morte do roedor capturado) e as incruentas (que capturam o animal vivo). As armadilhas do modelo gaiola a que o leitor se refere, são incruentas. A mais conhecida mundialmente foi desenvolvida em algum momento pela empresas norte americanas Tomahawk Live Traps e Havahart, mas que foi copiada mundo afora inclusive por alguns fabricantes nacionais, razão pela qual pode ser encontrada em nosso mercado. Trata-se de uma caixa retangular de arame que tem uma porta com mola em uma das extremidades, a qual fica aberta, presa por uma haste interna conectada a um gancho próximo à extremidade oposta, onde uma isca será presa. O roedor, atraído pela isca, ó forçado a adentrar na armadilha e puxa a isca; isso aciona o mecanismo de disparo da armadilha, a porta de entrada (que ficou atrás do roedor) é rapidamente fechada pela ação da mola e o roedor não tem por onde sair. Essa armadilha é bastante eficiente e exibe um razoável número de capturas quando utilizada em uma área infestada. Contudo, é preciso fazer dois reparos. O primeiro é que por melhor colocadas e iscadas as armadilhas, não espere brilhantes resultados, pois os roedores aprendem rapidamente a evitá-las. Dessa forma, não confie que as armadilhas vão resolver sozinhas o problema de uma infestação de roedores. Para minimizar esse problema, aumente o número de armadilhas armadas na área alvo, trabalhe em regime de “blitz” (guerra rápida) dispondo o maior número possível durante pouco tempo (talvez umas três noites), remova imediatamente as armadilhas que capturaram roedores a cada noite, embora isso seja discutível lave-as rigorosamente (água e sabão), esfregue-as e passe uma vassoura de fogo (uma boa alternativa é aplicar WD40 em toda a armadilha). Isso eliminará qualquer feromônio de alerta que possa ter sido produzido pelo roedor capturado. Essa seria minha recomendação baseada em experiência pessoal, mas há autores que não recomendam esse cuidado.
Por incrível que pareça, não existem trabalhos científicos que tivessem estudado as diferentes armadilhas e seus resultados a campo. Todo mundo fala, mas ninguém prova. Há algumas citações a respeito aqui ou ali, mas pesquisa específica mesmo, quase nada. A maioria dos autores especializados que aborda esse tema, fala muito por experiência própria, como é meu caso. Aprendi bastante ao empregar o método do controle físico dos roedores e procuro, sempre que posso, relatar minhas experiências e resultados. As armadilhas tipo gaiola são excelentes para capturar um certo número de roedores infestantes, especialmente as ratazanas (Rattus norvegicus) para fins de estudo ou mesmo para simples identificação da espécie do roedor infestante. No efetivo controle de uma infestação, só o emprego dessas armadilhas (ou de qualquer outra) deve produzir resultados mais ou menos fracos, especialmente se a infestação for pesada. A melhor opção é associar o combate químico (raticidas) e medidas de antirratização. Eu diria que no uso de armadilhas tipo gaiola, tenha em mente alguns pontos principais:
• Camundongos (Mus musculus) são animais normalmente curiosos acerca de qualquer objeto novo que surja em seu território (neofilia) e, portanto, são bem mais fáceis de serem capturados através de armadilhas e ratoeiras. Todavia não adianta empregar as gaiolas maiores destinadas à captura de ratazanas; há que se empregar as de pequeno porte, específicas para camundongos.
• Ratazanas (Rattus norvegicus) e ratos pretos (R.rattus), ao contrário, são animais extremamente desconfiados de objetos novos e, portanto, são mais difíceis de serem capturados em artefatos.
• As preferências alimentares de cada colônia de roedores infestantes podem variar enormemente. Isso quer dizer que, de alguma forma, a isca empregada na armadilha possa não ser apetitosa para aquele grupo de roedores em particular.
• É de vital importância não só o número de armadilhas colocadas, como sua disposição na área. Procure dispô-las sempre próximo às trilhas de passagem dos roedores infestantes (fezes e manchas de gordura denunciam sua localização). Caso não consigamos localizar essas trilhas, um bom artifício é espalhar talco comum pelos possíveis pontos de passagem dos roedores e verificar as trilhas na manhã seguinte.
Em resumo, as armadilhas do tipo gaiola são bastante eficientes, mas não muito eficazes no controle de roedores.

sábado, 2 de outubro de 2010

E AGORA JÁ SÃO 6.000 VISITANTES NESTE BLOG!


Respeitável público! Temos ou não razão para comemorar? Atingimos a respeitabilíssima marca dos 6.000 visitantes no blog do Higiene Atual. Nada mal para um blog técnico especializado no controle de pragas! Nossa leitura desse fato é que o controlador de pragas estava realmente querendo um blog que tratasse de assuntos de seu interesse profissional e não o encontrava. Tomara consigamos continuar percebendo os interesses dessa classe e trazer tais temas à discussão no Higiene Atual.
Qual o próximo tema? Ainda não sei, porque hoje é dia apenas de comemorarmos o hexamilésimo click. Acho que vou tomar mais uma taça de suco de minhoca... hehehe!
Obrigado amigos leitores. Muito obrigado!