terça-feira, 5 de outubro de 2010

ARMADILHAS MODELO GAIOLA CONTRA ROEDORES


Atendendo nosso amigo leitor Marcelo que nos pergunta aí na coluna de Perguntas e Respostas sobre as armadilhas modelo gaiola na captura de roedores, optei por preparar este post, já que o tema exige considerações que o espaço ali disponível não permitiria. No que diz respeito à armadilhas para combater roedores, podemos dividi-las em dois grupos: as cruentas (que causam a morte do roedor capturado) e as incruentas (que capturam o animal vivo). As armadilhas do modelo gaiola a que o leitor se refere, são incruentas. A mais conhecida mundialmente foi desenvolvida em algum momento pela empresas norte americanas Tomahawk Live Traps e Havahart, mas que foi copiada mundo afora inclusive por alguns fabricantes nacionais, razão pela qual pode ser encontrada em nosso mercado. Trata-se de uma caixa retangular de arame que tem uma porta com mola em uma das extremidades, a qual fica aberta, presa por uma haste interna conectada a um gancho próximo à extremidade oposta, onde uma isca será presa. O roedor, atraído pela isca, ó forçado a adentrar na armadilha e puxa a isca; isso aciona o mecanismo de disparo da armadilha, a porta de entrada (que ficou atrás do roedor) é rapidamente fechada pela ação da mola e o roedor não tem por onde sair. Essa armadilha é bastante eficiente e exibe um razoável número de capturas quando utilizada em uma área infestada. Contudo, é preciso fazer dois reparos. O primeiro é que por melhor colocadas e iscadas as armadilhas, não espere brilhantes resultados, pois os roedores aprendem rapidamente a evitá-las. Dessa forma, não confie que as armadilhas vão resolver sozinhas o problema de uma infestação de roedores. Para minimizar esse problema, aumente o número de armadilhas armadas na área alvo, trabalhe em regime de “blitz” (guerra rápida) dispondo o maior número possível durante pouco tempo (talvez umas três noites), remova imediatamente as armadilhas que capturaram roedores a cada noite, embora isso seja discutível lave-as rigorosamente (água e sabão), esfregue-as e passe uma vassoura de fogo (uma boa alternativa é aplicar WD40 em toda a armadilha). Isso eliminará qualquer feromônio de alerta que possa ter sido produzido pelo roedor capturado. Essa seria minha recomendação baseada em experiência pessoal, mas há autores que não recomendam esse cuidado.
Por incrível que pareça, não existem trabalhos científicos que tivessem estudado as diferentes armadilhas e seus resultados a campo. Todo mundo fala, mas ninguém prova. Há algumas citações a respeito aqui ou ali, mas pesquisa específica mesmo, quase nada. A maioria dos autores especializados que aborda esse tema, fala muito por experiência própria, como é meu caso. Aprendi bastante ao empregar o método do controle físico dos roedores e procuro, sempre que posso, relatar minhas experiências e resultados. As armadilhas tipo gaiola são excelentes para capturar um certo número de roedores infestantes, especialmente as ratazanas (Rattus norvegicus) para fins de estudo ou mesmo para simples identificação da espécie do roedor infestante. No efetivo controle de uma infestação, só o emprego dessas armadilhas (ou de qualquer outra) deve produzir resultados mais ou menos fracos, especialmente se a infestação for pesada. A melhor opção é associar o combate químico (raticidas) e medidas de antirratização. Eu diria que no uso de armadilhas tipo gaiola, tenha em mente alguns pontos principais:
• Camundongos (Mus musculus) são animais normalmente curiosos acerca de qualquer objeto novo que surja em seu território (neofilia) e, portanto, são bem mais fáceis de serem capturados através de armadilhas e ratoeiras. Todavia não adianta empregar as gaiolas maiores destinadas à captura de ratazanas; há que se empregar as de pequeno porte, específicas para camundongos.
• Ratazanas (Rattus norvegicus) e ratos pretos (R.rattus), ao contrário, são animais extremamente desconfiados de objetos novos e, portanto, são mais difíceis de serem capturados em artefatos.
• As preferências alimentares de cada colônia de roedores infestantes podem variar enormemente. Isso quer dizer que, de alguma forma, a isca empregada na armadilha possa não ser apetitosa para aquele grupo de roedores em particular.
• É de vital importância não só o número de armadilhas colocadas, como sua disposição na área. Procure dispô-las sempre próximo às trilhas de passagem dos roedores infestantes (fezes e manchas de gordura denunciam sua localização). Caso não consigamos localizar essas trilhas, um bom artifício é espalhar talco comum pelos possíveis pontos de passagem dos roedores e verificar as trilhas na manhã seguinte.
Em resumo, as armadilhas do tipo gaiola são bastante eficientes, mas não muito eficazes no controle de roedores.

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