Mostrando postagens com marcador ácaro vermelho das galinhas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ácaro vermelho das galinhas. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SOBRE OS PIOLHOS DE GALINHAS (Dermanyssus gallinae)


Recebo de um amigo e leitor, uma consulta sobre o piolho de galinhas (Dermanyssus gallinae) em ambiente urbano. Relata que deparou com um caso de alta infestação em galinhas criadas no quintal de uma residência e que estariam já invadindo até a casa do proprietário, criando uma situação bem séria. Então, vamos aproveitar a oportunidade para darmos um passeio (como sempre faço) sobre esse tema.
Piolho de galinhas, ácaro das galinhas, ácaro vermelho, piolhinho, bicho de galinha, carrapato de galinha e outros nomes populares e regionais deste país continente. Na avicultura industrial, torna-se uma temível praga que afeta fortemente a aves de postura, principalmente, porque espoliam a ave, sugam-lhe o sangue podendo levar à anemia, causam enorme stress com conseqüente queda na produção de ovos. De fato, no sistema de criação em gaiolas, a galinha poedeira mal consegue virar-se para poder remover com o bico os ácaros que se alojam em sua cloaca; há granjas que usam o sistema de colocar até duas poedeiras por gaiola, prática que impossibilita qualquer movimento que a ave possa executar para remover os ácaros de sua cloaca. Eu, particularmente, embora entenda a busca pela produtividade, abomino essa prática. Mas voltemos ao tema.
Duas espécies de ácaros se confundem sob o nome de ácaro vermelho das galinhas: o Demanyssus gallinae (prevalente) e o Ornythonissus bursa (menos frequente). Como ambos têm ciclos biológicos e ações daninhas muito parecidos, vamos nos ater ao mais comum que é o D.gallinae. O ácaro vermelho (assim chamado porque ao se alimentar fica ingurgitado com o sangue da pobre galinha) é um ectoparasita de galinhas e de outras aves (pombos, pardais, etc). Costumam passar o dia escondido em fendas e gretas das instalações onde as aves estão alojadas (onde cruzam e põem seus ovos) e à noite, buscam-nas para se alimentar. Em condições ideais, seu ciclo biológico pode se completar em apenas sete dias (adulto, ovo, larva, ninfas e adulto novamente). Embora precisem de uma ave para completar seu ciclo, os ácaros vermelhos podem infestar mamíferos incluindo os humanos, causando dermatites e lesões de pele. Além da espoliação, os ácaros vermelhos podem transmitir doenças às aves como a salmonelose e a espiroquetose aviária. O dermanissus pode sobreviver em um galpão vazio de aves, por até 10 meses.
O combate aos ácaros vermelhos passa pelo tratamento das aves, mas principalmente pela desinfestação das instalações. Claro que ideal seria tratar as instalações quando estivessem vazias, sem a presença das aves. Na avicultura industrial esse período se chama “vazio”, mas em uma criação doméstica, as galinhas estão sempre presentes, de forma que ao planejarmos o combate, temos que tratar as aves e as instalações ao mesmo tempo. Antes de tudo, é preciso ter em mente que as infestações por ácaros vermelhos são muito persistentes e um tratamento isolado dificilmente resolverá o problemas, tendo que ser repetido algumas vezes com intervalos relativamente curtos (máximo de um mês); todavia, não deve ser muito curto (mínimo de uma semana), pois as aves podem se intoxicar.
Se não estivermos lidando com cepas já resistentes a certos acaricidas, até que o tratamento é relativamente simples, uma vez que os ácaros são sensíveis à maioria dos biocidas. Bons piretróides, carbamatos (como o propoxur) e até organofosforados rápidos (como o DDVP), em dosagens leves, podem ser utilizados quando pulverizados ou polvilhados brevemente nas aves. Quando o número de galinhas é relativamente pequeno, pode-se executar o tratamento uma a uma, colocando o acaricida diretamente na cloaca por gotejamento ou polvilhamento (se o produto for um pó seco). Mas, como os ácaros concentram-se nas instalações e não nas aves, é ali que devemos priorizar a aplicação dos acaricidas. Frestas, reentrâncias, gretas, desvãos, além das próprias gaiolas (ou galinheiros) devem ser pulverizadas (ou polvilhadas) rigorosamente, incluindo as estruturas mais próximas que possam estar servindo de esconderijo diurno aos ácaros. Experimentei com muito sucesso um produto microencapsulado, certa vez, que sequer influiu na postura do plantel. Não esqueçamos que ninhos de aves silvestres nas proximidades do galinheiro, pinteiro ou galpão, devem ser removidos e evitados.