sábado, 8 de junho de 2013

O MANEJO DE PRAGAS EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS

Na armazenagem após a colheita ou depois do abate, na industrialização, no comércio distribuidor atacadista e varejista, nos estabelecimentos de manipulação e consumo e nas residências do consumidor, os alimentos representam um polo permanente de atração para um incontável exército de diferentes pragas que apenas buscam sua sobrevivência, nada mais que isso. O problema é que esse exército e nós, os seres humanos, buscam os mesmos alimentos e então entre elas, as pragas, e nós, não há acordo sobre certas questões. Esse formidável exército é composto pelas mais diferentes espécies animais (e até vegetais, se considerarmos fungos e liquens) que insistem há milênios em compartir de nossa mesa, assaltar nossas despensas e até roubar nossas migalhas. Aparelhada com a capacidade de inteligência e criatividade, a espécie humana estuda, aprende e planeja novas técnicas, novos instrumentos de combate, novas estratégias para controlar as pragas. Estas, respondem com adaptações às adversidades que lhes são impostas e até lançam mão de mutações genéticas que as tornam resistentes aos ataques. Essa luta é antiga, bem antiga! Entre uns e outros, situa-se o pobre do profissional controlador de pragas limitado por leis, regulamentos e regras nem sempre adequadamente fundamentadas e a notável capacidade adaptativa de insetos, roedores e outras pragas às quais deve controlar. Ah, sim, não podemos nos esquecer das entidades, ONGs e outros grupos pretensamente ambientalistas. Nada é fácil! Muitas são as oportunidades que as pragas têm obter seu sustento (quer dizer, parte do nosso!) desde que o alimento foi colhido, ou abatido, até chegar à nossa mesa. A guerra entre nós e elas começa logo depois, na primeira armazenagem (silos, armazéns, depósitos, câmaras frias ou frigorificadas, etc). E já começa a atividade do profissional controlador de pragas que, para obter resultados consistentes, deve cumprir certas etapas como: inspeção das áreas e suas instalações de armazenagem, identificação das pragas infestantes e aplicação de técnicas de manejo integrado (bom nível de limpeza e asseio, medidas que excluam as pragas, medidas não químicas, controle químico, monitoramento, estabelecimento de um programa e de responsabilidades, avaliação periódica dos procedimentos, produção de relatórios e muita comunicação com o contratante). Grande parte dos alimentos não é destinada ao consumo “in natura”, mas deve passar por um processo industrial antes de ser consumido. Nessa etapa as pragas atacam rijo! Roedores comensais dos três tipos, baratas pequenas e grandes, moscas de boas famílias milenares, formigas furtivas e incansáveis e outras pragas menos votadas como aranhas, mariposas, besouros, mosquitos, cupins, morcegos e até pombos sujões, sem falar em animais invasores ocasionais. É um prato cheio! Um agravante: na indústria, as regras e leis são exigentes e, consequentemente, o contratante também o é. Uma perna de barata ou uma asa de mosca dentro de uma lata de leite condensado pode gerar um problemão para a indústria produtora e uma inesquecível encrenca para a empresa desinfestadora contratada! Por isso, o profissional controlador de pragas tem que atentar para alguns pontos fundamentais antes de aceitar a responsabilidade em uma indústria alimentícia, tais como: identificar todos os fatores que estão favorecendo a entrada das pragas nas instalações (isso inclui verificar as rotas dos insumos e do lixo, sistemas de drenagem e descargas de águas servidas, as docas, os depósitos de alimentos e não alimentos, emissão de calores e pontos de luzes, as aberturas como portas e janelas, etc). Estafante, mas necessário. Depois vêm os fatores que estão facilitando a permanência e sobrevivência das pragas nessa indústria (limpeza, instalações de funcionários, presença de rachaduras, gretas, reentrâncias, danos estruturais, etc). A lista é longa, pois então vêm os fatores que ajudam as pragas a se distribuir dentro da indústria e some-se os fatores que dificultam o controle das pragas infestantes e por aí vai. Muito bem, mas os alimentos saem da indústria e vêm para o comércio distribuidor (atacadistas e varejistas) onde nova armazenagem ocorre e com ela, outra grande oportunidade para as pragas, as mesma diga-se de passagem! Do ponto de vista delas existe alguma diferença entre um enorme hipermercado e uma vendinha de bairro? Não, é só uma questão de tamanho. Mas, para o profissional controlador de pragas o trabalho de controlá-las difere substancialmente quanto ao planejamento, a logística e a metodologia. Nessa etapa do percurso dos alimentos, outros fatores intervêm para dificultar o trabalho de controle das pragas onde o asseio e limpeza desempenham papel preponderante. O manejo dado às mercadorias é vital, lembrando que existe uma enorme área de acesso restrito ao público comprador, onde os alimentos são estocados e manejados de diferentes formas antes de irem para as gôndolas expositoras. Poderíamos ficar aqui falando ainda sobre o que acontece com os alimentos depois que a dona de casa os compra, ou sobre o intenso trabalho de planejamento que o profissional controlador de pragas tem que se dedicar para aceitar a responsabilidade de controlar as pragas em qualquer das etapas que os alimentos devem cumprir antes de serem consumidos, mas vamos fechar o assunto lembrando que essa profissão exige necessariamente permanente reciclagem de conhecimentos, atualização e muita dedicação. Ou é isso, ou recomendo uma mudança de vida: experimente o ramo de pipoqueiro na frente de estádio de futebol. Talvez seja mais fácil!

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