segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE AS FORMIGAS DOCEIRAS

Depois e uma curta, mas merecidas, férias, voltamos a batucar as sofridas teclas do meu PC atacando outra vez o tema das formigas doceiras, atendendo à solicitação de nosso leitor Edvaldo do Paraná. Já falei sobre isso em tempos atrás (veja aí na coluna da esquerda onde há uma lista de temas já abordados), mas posso resumir a história. Começando pelo começo, formigas são insetos. Como eu sei disso? Porque têm três pares de pernas, ora essa! Pertencem à numerosa família Formicidae e só no Brasil já foram registradas aproximadamente 2.000 espécies diferentes de formigas, das quais pelo menos duas dúzias delas consideradas como pragas; todavia, não mais de seis são chamadas em seu conjunto de formigas doceiras (ou domésticas) porque invadem nossas moradias, sem nenhuma cerimônia. Dizem por aí que as formigas doceiras podem ser consideradas a praga do século: quem ainda não teve, vai ter uma infestação de formigas em sua cozinha principalmente. Os fósseis mais antigos de formigas datam de cerca de 100 milhões de anos, quer dizer, se nossos antepassados simiescos estão na Terra há pouco mais de 13 milhões de anos, as formigas aqui já estavam há muito mais tempo que a gente. Um fato já comprovado é que desde os tempos primórdios da espécie humana, as formigas já moravam em nossas cavernas e já espoliavam nossos alimentos. Com todo esse tempo de existência, as formigas tiveram tempo de sobra para se organizarem em sociedade e hoje são conhecidos como animais sociais; sua estrutura social é muito organizada e sabemos que cada formigueiro tem sua rainha (a única formiga que é fértil, produz e põe ovos). Na verdade, o formigueiro todo vive em função dessa rainha; tudo o que as formigas fazem é cuidar e proteger a rainha, recolher seus ovos e tratar de seu desenvolvimento até que produzam novas formigas adultas. Dentro de sua estrutura social, as formigas diferenciam-se em “castas”, ou seja, em classes sociais distintas, cada qual voltada para um tipo de trabalho: operárias (a maioria), soldados, aguadeiras, amas da rainha, lavradoras, etc. Muito interessante essa organização. Sendo um inseto que se desenvolve por metamorfose completa (ovo, larva, pupa e adulta), há muito trabalho dentro do formigueiro para que tudo aconteça como tem que ser. Nas espécies mais avançadas, encontramos diferentes “panelas” dentro do formigueiro, destinadas a diferentes propósitos: há a panela onde as obreiras trazem e armazenam partículas de alimentos (de qualquer tipo ou só de vegetais), onde outras obreiras tratam de semear e cuidar de certos fungos, os quais vão ser o verdadeiro alimento das formigas; há panelas de lixo (restos inservíveis, formigas mortas, etc); há panelas (sempre próxima às entradas do formigueiro) onde os soldados permanecem alertas e prontos para defender o formigueiro); há uma panela que é a câmara real, onde a rainha é mantida e cuidada (aliás, a rainha não consegue se mover sozinha tamanha a dimensão de seu abdome) e assim por diante. Contudo em certas espécies, entre elas algumas das doceiras, a estrutura social e do próprio formigueiro pode ser bem mais simples e pode estar alojado atrás de um batente de porta ou janela, atrás de algum azulejo quebrado um mal rejuntado, em fendas e gretas, dentro de tomadas eléricas e conduítes, atrás de rodapés e, com frequência, dentro de eletrodomésticos ou aparelhos eletrônicos, etc. Essas formigas doceiras a que nos referimos são, na maioria, residentes na própria cozinha que infestam e são bastante conhecidas por seus nomes populares como: a conhecida formiga louca (Paratrichina longicornis) que recebe esse nome porque nunca para (exceto quando encontra uma partícula de alimento), andando de um lado para outro, feito louca; a pequeníssima formiga fantasma (Tapinoma melanocephalum) que a gente mal enxerga; a formiga lavapés (Solenopsis spp); a formiga acrobática (Crematogaster spp); a formiga faraó (Monomorium pharaonis); a formiga carpinteira (Camponotus spp); a formiga argentina (Lenepithema humile) que chegou ao Brasil mais recentemente que as outras, e mais duas ou três espécies mais. Todas essas espécies são “residentes”, ou seja, moram dentro de nossas casas, de nossas instalações; uma ou outra pode ter seu formigueiro do lado de fora da casa. Nas residências, as formigas doceiras são incômodas porque atacam qualquer partícula alimentar que encontrem. E são milhares formando carreiros na escuridão da noite indo e voltando de seus ninhos ou formigueiros. Não se pode deixar nada exposto sobre a pia, sobre os balcões e mesmo dentro dos armários porque elas localizam o alimentam e vão se banquetear. Para combatê-las é preciso descobrir onde se localizam seus ninhos, onde vamos aplicar o biocida escolhido. Se colocarmos um pouquinho de açúcar em algum ponto sabidamente frequentado pelas formigas e apagarmos a luz da cozinha, depois de quinze minutos a meia hora poderemos observar as formigas em torno do açúcar e uma fila indiana até o ponto de entrada de seus ninhos. Ali podemos aplicar o formicida escolhido: gel, pasta, pó ou pulverizado. Já testei com ótimos resultados, um ou outro gel específico para formigas e achei que os melhores têm fipronil como ingrediente ativo, mas minha sugestão é a aplicação de algum inseticida microencapsulado, pois é tiro certo e definitivo!

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