domingo, 21 de novembro de 2010

UNIFORMES CONTAMINADOS: O QUE FAZER?


Após um duro dia de trabalho, o operador (controlador de pragas), aquele profissional que passou várias horas trabalhando com um pulverizador à tiracolo, ainda tem mais uma questão a resolver: sua roupa de trabalho, a qual provavelmente estará contaminada com os inseticidas que utilizou durante a execução de seu serviço. Reutilizá-la no dia seguinte é impensável, pois exporá o operador a uma intoxicação via dermal de proporções impossíveis de serem previstas. Como descontaminá-la? Há alguma diferença entre os detergentes a serem empregados? Deve-se lavar a roupa respingada com inseticidas em água fria ou quente? Pode-se usar máquina de lavar roupa ou lavá-la à mão? Na verdade, o operador deve ser treinado quanto a essa questão da contaminação de seu uniforme, tentando minimizar essa ocorrência utilizando pulverizadores adequados e com boa manutenção, sem vazamentos, além de manejar corretamente o equipamento. Além disso, o operador deve trabalhar fazendo uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) tais como luvas de borracha, máscara nasal com filtro de carvão ativado (dentro da validade), boné de tecido impermeável ou capacete rígido, óculos industriais, guardapó de mangas longas, talvez um avental emborrachado (corretíssimo). Está bem... quase nenhum operador segue essas regras de segurança, nem quando a empresa os obriga a tanto! Resultado: uniformes contaminados todo dia.
Está cientificamente provado que a maioria das intoxicações por inseticidas ocorre não por inalação ou via oral, como muitos imaginam. Ocorre pela pele (via transcutânea) que absorve rapidamente partículas dos inseticidas, especialmente se a exposição for prolongada. Para um cidadão comum que não está em contato direto permanente com inseticidas domésticos, esse risco de intoxicação é mínimo, quase nulo. No entanto, o operador no exercício de seu trabalho, corre riscos bem mais consideráveis e, portanto, deve se preocupar com sua integridade física. A indústria busca constantemente biocidas cada vez de menor risco à exposição, mas ainda assim a contaminação das roupas de trabalho deve ser um item de preocupação constante para os profissionais operadores no controle de pragas.
Os uniformes dos operacionais devem ser trocados todos os dias após o trabalho e lavados, o que por si só já facilita a descontaminação. As roupas ou uniformes respingadas por inseticidas não devem ser misturadas com roupas comuns. As pesquisas demonstram que os resíduos dos inseticidas transferem-se das roupas contaminadas para outras roupas, quando lavadas juntas. Os uniformes usados devem sofrer uma prelavagem que ajudará a remoção das partículas de inseticidas absorvidas pelo tecido. Essa prelavagem pode ser feita da seguinte forma: colocar as peças contaminadas de molho em um recipiente a ser utilizado somente para esse fim, adicionar detergente ou sabão em pó e deixar por duas horas ou mais. Ou submeter as roupas à prelavagem em máquina de lavar roupa, que deverá conter somente os uniformes contaminados. A prelavagem é particularmente eficaz para desalojar as partículas entranhadas nos tecidos quando se usa inseticidas pós molháveis. Após a prelavagem, deve-se submeter as roupas a enxágues sucessivos em máquina de lavar ou manualmente de preferência em água quente, a qual dilata a trama dos tecidos facilitando a remoção dos inseticidas. Na lavagem dos uniformes pode-se usar qualquer tipo de detergentes ou saponáceos, domésticos ou industriais, carbonatados ou fosfatados, etc. Contudo, pesquisas demonstraram que os detergentes do tipo pesado, isto é, próprios para lavagens profundas, são melhores para remover inseticdas dos tecidos, especialmente se forem concentrados emulsionáveis, que é a formulação mais comum entre os inseticidas de uso profissional. Os concentrados emulsionáveis são formulações oleosas e os detergentes e sabões industriais possuem grande eficácia na remoção desses resíduos. Aditivos de lavanderia, como branqueadores (alvejantes) e especialmente produtos amoniacais, não ajudam na remoção de inseticidas. Todavia, se usá-los, jamais misture um alvejante com amoníaco, pois eles reagem entre si formando um perigoso gás: o cloro. A máquina onde as roupas de trabalho foram lavadas, deve sofrer um enxágüe extra sem nada dentro, fazendo uso de um bom detergente. Não enxugar os uniformes recém lavados em centrífuga, mas sim expô-los ao sol direto, pois a luz solar desativa (por fotólise) algumas partículas que porventura tenham neles restado. Felizmente uma boa porcentagem das empresas controladoras de pragas não só se encarrega da lavagem e descontaminação dos uniformes de seus operadores, trocando-os diariamente, como também fornece três ou quatro mudas completas para cada operador em exercício. Mas, querem saber? Há ainda uma boa parte delas que simplesmente manda que o operador lave seus uniformes em casa! É... é a nossa realidade!
Quando lavar as roupas respingadas por inseticidas, lembre-se:
• Não as misture com roupas comuns.
• Pratique a prelavagem manual ou à máquina de lavar roupas.
• Se por máquina, ajuste-a para lavar a quente (60°C), nível de água alto, ciclo normal (12 minutos).
• Use dois enxágues no mínimo.
• Use uniforme limpo e descontaminado todos os dias.
• Jamais reutilize uniforme usado sem lavá-lo.
• Seque os uniformes descontaminados de preferência ao sol direto.

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