sexta-feira, 19 de agosto de 2011

OLHA SÓ: ANTIBIÓTICO NO COMBATE A CUPINS!


Há muitos cientistas pesquisando novos compostos e abordagens para o controle de pragas no mundo inteiro. Só isso já nos dá uma ideia de quão importante esse tema se tornou, mobilizando milhões de dólares por ano. Algumas dessas pesquisas não levam a lugar nenhum e nem chegam a ser divulgadas. Outras, todavia, parecem ser promissoras e ganham certo destaque na mídia e nos círculos técnicos.
A revista científica ScienceDaily, edição de 19 de julho último, trouxe uma nota muito interessante citando um trabalho veiculado pelo jornal Applied and Environmental Microbiology, edição também de julho/2011, 77 (13), de autoria dos pesquisadores R. B. Rosengaus, C. N. Zecher, K. F. Schultheis, R. M. Brucker e S. R. Bordenstein, cientistas da Universidade Northeastern de Boston, Massachussets.
Como sabemos, a flora bacteriana do trato digestivo dos cupins é absolutamente necessária tanto para processar a digestão da celulose, quanto para sua reprodução.
Aliás, essa flora dos cupins é sempre citada como o caso mais clássico de simbiose da Natureza (onde os dois seres tiram proveito mútuo). Pois bem, um grupo de cientistas pensou em estudar o que aconteceria se essa flora bacteriana fosse eliminada. Queriam saber se dando algum antibiótico aos cupins, algum que fosse eficaz na eliminação das bactérias existentes no trato digestivo dos cupins, o que ocorreria com esses cupins. Parece uma ideia interessante, não parece? Sugere que certas novas tecnologias possam advir dessa pesquisa para controlarmos insetos sociais como os cupins.
A Dra. Rebecca Rosengaus, porta voz do grupo, conta que a um grupo experimental de cupins (reis e rainhas), foi dado o antibiótico rifampina, enquanto a outro grupo, atuando como grupo testemunha, foi dado apenas madeira e água. O tratamento com o antibiótico reduziu em caráter permanente a diversidade das bactérias microbiontes do trato digestivo dos cupins. Embora a taxa de mortalidade nesse grupo fosse mais alta que no grupo testemunha, os pesquisadores não acham que isso se deu devido subnutrição ou mesmo desnutrição. O que observaram é que nos indivíduos sobreviventes, ocorreu queda na oviposição, o que resultou em retardo no crescimento da colônia e também redução do estado de saúde dessa colônia. “Esses resultados apontam para o potencial uso de antibióticos no controle de cupins e talvez outros insetos pragas, ao invés do emprego de compostos químicos agressivos ao ambiente”, diz a Dra Rosengaus. Ela ainda especula que a rifampina reduziu a fertilidade e a longevidade dos cupins tratados, ao desequilibrar a balança ideal das diferentes espécies de bactérias do trato digestivo que atuam na digestão da celulose, mas também na reprodução dos cupins. Ela ainda especula sobre o ainda desconhecido verdadeiro papel da flora digestiva de outra espécie social: os seres humanos!
Está aí, portanto, uma nova vertente de estudos e quem sabe, um dia, não venhamos a aplicar... antibiótico para controlar cupins!

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