sexta-feira, 12 de agosto de 2011

QUEM É O PROFISSIONAL CONTROLADOR DE PRAGAS?



Certa vez, há muito tempo atrás, estou falando possivelmente cerca de 13 ou 15 milhões de anos atrás, um milhão a mais ou um milhão a menos, um grupo de humanóides, nossos antepassados primitivos, encontrou um temível tigre de dentes de sabre preso dentro de um buraco onde havia caído e donde não conseguia sair. O grupo exultava, pois ali estava um bocado de alimento disponível, bastando abater o poderoso animal. Lá no meio desse grupo, um tátara-tátara-arqui-avô nosso, não viu só isso. Ele viu uma maneira de capturar outro tigre ou outro animal que pudesse se transformar em alimento para o grupo. Tentando, errando, corrigindo, novamente tentando e ele finalmente conseguiu montar uma armadilha razoavelmente bem sucedida. Virou celebridade instantânea na tribo! Teria sido ele o precursor dos atuais profissionais controladores de pragas? Gosto de pensar que sim.
Vamos dar um extraordinário salto na história. Já é a primeira metade do século passado, o século XX. A civilização havia avançado incrivelmente, os conhecimentos, o saber, as cidades já haviam se organizado, as classes sociais se estratificaram, a evolução sócio/econômica/cultural havia progredido de maneira notável. As descobertas científicas aconteciam quase que diariamente e os jornais e revistas se encarregavam de divulgar os novos acontecimentos. Já havia o conceito de pragas mais ou menos estabelecido há alguns séculos. No campo, eram os animais (insetos ou mamíferos, em princípio) que atacavam as lavouras produtoras de alimentos e os depósitos de armazenagem após sua colheita. Nas cidades, eram todos os “bichos” que adentravam às nossas casas, armazéns, depósitos, estabelecimentos e indústrias e nos causavam toda sorte de problemas. O que não existia era um combate razoavelmente bem sucedido. Nessa altura, desde o século anterior, a sociedade começou a desejar que existisse um profissional capaz de aliviar a pressão das pragas em todos os sentidos. Obviamente não demorou muito para que surgisse um tipo de profissional que se dedicasse a esse nicho de mercado. Tendo adquirido alguns conhecimentos técnicos nos ainda poucos escritos da época e armado de artefatos, ervas e certos pós minerais ou orgânicos, lá ia nosso precursor se propondo a controlar pragas infestantes em diferentes tipos de locais. Tarefa ingrata, pois os resultados nunca eram satisfatórios. Na verdade, nosso amigo era em certas comunas, considerado um cidadão de segunda classe, posto que para exercer seu trabalho, tinha que se meter em esgotos, porões e outros locais onde a maioria das pessoas passava longe e torcia o nariz. E ele fazia o que podia usando as armas que dispunha; os inseticidas eram à base de infusões de tabaco, extratos de rotenona, certos compostos minerais como o tálio, o arsênico, o ácido bórico e outros compostos de risco e resultados duvidosos. Às vezes dava certo, às vezes não.
Já por volta de 40 a indústria química buscava compostos orgânicos sintéticos que fossem capazes de eliminar pragas da lavoura, uma vez que a demanda por alimentos havia crescido enormemente e grande parte das colheitas eram destruídas por determinadas pragas infestantes. Finalmente, em 1938, foi descoberto o famoso DDT que, na verdade, havia sido sintetizado 10 anos antes na Suíça, mas que ficara esquecido em alguma gaveta. Esse novo composto abria uma nova e incrível era no combate e controle das pragas na lavoura e, por extensão, nas cidades. Finalmente tornou-se possível praticar um controle efetivo e consistente. Na esteira do sucesso do DDT vieram outros inseticidas organoclorados como o BHC, o eldrin e o dieldrin. O profissional controlador de pragas ganhou um novo alento e, afinal, um status social alavancado pelo desejo crescente da sociedade em se livrar de certas pragas com as quais era obrigada a conviver até então. Naturalmente a lavoura agradeceu, a saúde pública agradeceu e o cidadão comum agradeceu. Vieram depois os organofosforados menos agressivos ao ambiente, os carbamatos, e os piretróides e os IDIs, sem esquecer os warfarínicos tão efetivos e eficazes no combate aos roedores. Ao mesmo tempo, os conhecimentos sobre os mais diferentes aspectos da biologia, bioquímica e o contexto das pragas nas biocenoses e ambientes, evoluíam de forma galopante.
E assim chegamos a nossos dias atuais. O profissional controlador de pragas passou a ter um papel exclusivo dentro do contexto social. O que temos hoje em todo o mundo? Empresas de todos os portes e tamanhos militando nessa especialidade profissional com grande sucesso comercial, algumas delas com base familiar e outras como negócio comercial, formando uma verdadeira indústria potencialmente geradora de milhões de dólares e dando empregos a um incontável número de profissionais de diferentes tipos. Quem é afinal, o profissional controlador de pragas? É apenas o operador que coloca um equipamento às costas e sai aplicando certos compostos químicos para onde é chamado? Negativo! É também o atendente telefônico que passa oito horas por dia recebendo os chamados e lidando com a clientela e é seu colega que organiza os chamados e prepara os roteiros das equipes. É o chefe da equipe de campo que a acompanha preparando tudo para que o tratamento possa surtir resultados. É o Responsável Técnico sempre preocupado com as operações e buscando novos conhecimentos. É a secretária e demais componentes da equipe administrativa da empresa. É o atarefado comprador, o contador e o almoxarife. É o porteiro e a faxineira. E é também o gerente e até o próprio dono da empresa. Todos são profissionais controladores de pragas. Juntos, lutam diariamente para manter seus negócios, mas ao mesmo tempo propiciando uma melhor qualidade de vida para sua clientela ao criar ambientes de moradia ou de trabalho livres de pragas ou com seus níveis sob controle. Preservam a saúde do ser humano, melhoram o bem estar das pessoas.
E olhem, se precisarem adentrar a uma rede de esgotos ou algum porão escuro, o fazem sem medo, pois o conhecimento técnico e especializado que adquiriram, os protegem!

Um comentário:

  1. Gostei muito desta matéria. A cada dia que passa o controle de pragas vem ganhando cada vez mais espaço na rotina das empresas. A maioria de nossos clientes empresas, se preocupam em realizar o controle de pragas mensalmente em seus estabelecimento, até porque a vigilância sanitária vem atuando com mais rigor.

    Nicholas Roberto Rodrigues
    Responsável técnico
    Desinfest Controle de Pragas

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