Os mecanismos dos comportamentos instintivos são misteriosos, como era até agora a simples reação de perceber e evadir-se de predadores que os camundongos apresentam, inclusive percebendo outras espécies perigosas que ele nunca havia encontrado anteriormente. David Ferrero e Stephen Liberles, ambos neurocientistas da Escola Médica de Harvard, descobriram um composto único encontrado em altas concentrações na urina de carnívoros, o qual dispara uma reação instintiva de repelência em camundongos e ratos fazendo com que eles protejam-se em fuga; os pesquisadores publicaram um interessante trabalho nos anais da Academia Nacional de Ciência (online) de junho 2011. Essa pesquisa havia começado em 2006 quando Liberles trabalhava com neurônios receptores de odores e identificou a que odor o TAAR4 respondia. Os camundongos têm cerca de 1.200 tipos diferentes de neurônios receptores de odores e 14 tipos de TAARs, razão pela qual seu olfato é tão apurado. Só para que avaliemos, a espécie humana tem cerca de 350 tipos de neurônios que identificam odores e aproximadamente cinco TAARS. Enquanto isso, no mesmo laboratório, David Ferrero, um estudante graduado, pesquisava que compostos naturais eram detectados pelos TAARs e descobriu que um deles era capaz de detectar o odor de diversos carnívoros(o TAAR4). A dupla juntou suas pesquisas e parece que eles haviam descoberto um “kairomônio”, um composto químico que funcionava como feromônio, exceto que era percebido por diferentes espécies ao invés de apenas entre membros de uma mesma espécie. Esse kairomônio é bastante volátil e assim, ratos e camundongos podiam senti-lo a grande distância, o que os colocava em alerta e disparava o mecanismo de fuga dependendo de sua intensidade. Para os roedores isso é “cheiro de perigo”. Ferrero identificou o composto contido na urina de predadores (2-feniletilamina) produzido pelo metabolismo dessas espécies, o qual dispara o mecanismo de fuga nos roedores. Em seguida ele estudou a urina de 38 espécies de mamíferos e descobriu que havia altos teores do 2-feniletilamina em 18 a 19 espécies, todos carnívoros; enquanto que a urina de mamíferos não predadores (como o coelho, a girafa e macacos) não continha esse composto. Os roedores testados para esse composto manifestavam alto poder de repelência aas urinas dos predadores e quando esse composto era retirado dessas urinas, os roedores deixavam de responder com fuga. Nós os humanos, não temos o gene que produz os neurônios TAAR4 e portanto, nada percebemos ao sentirmos o odor de carnívoros, mas temos o TAAR5 que registra reação de forte repugnância a certos odores.
A importância dessas pesquisas é grande e variada. Pode ser um começo para que desenvolvamos produtos capazes de realmente afugentar roedores de certa área. O tempo dirá.
Este post foi baseado e adaptado de revista online Science Daily de 28/06/2011
quinta-feira, 30 de junho de 2011
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