sábado, 18 de junho de 2011

PRINCIPAIS DÚVIDAS NA APLICAÇÃO DE FORMULAÇÕES INSETICIDAS


Raramente encontraremos inseticidas na sua formulação técnica, ou seja, o ingrediente ativo (i.a.) puro, na concentração de 100%. O que temos à disposição no mercado são formulações em diferentes concentrações do i.a. mais alguns outros componentes químicos que desenham a formulação final, variando de fabricante para fabricante. Esses outros componentes da fórmula podem ser diluentes, solventes, emulsificantes, estabilizantes, etc. As formulações mais comuns podem ser: concentrados emulsionáveis (CE), pós secos (DP), pós molháveis (WP), microencapsulados (CS), aerossóis e algumas outras. (Os inseticidas secos podem ser iscas, grânulos, géis e pós).
A escolha da formulação a ser utilizada pode ser tão importante quanto à própria escolha do i.a. Por isso, antes de sairmos comprando diferentes formulações, o profissional deve ter um conhecimento prévio da área alvo onde vai empregar os biocidas, razão pela qual a inspeção prévia torna-se mais que necessária. Considere, antes de tudo, as questões abaixo:
1. As formulações podem ser aplicadas em áreas sensíveis de forma segura?
Áreas sensíveis incluem certas áreas de alimentos nos estabelecimentos alimentícios, áreas hospitalares, salas de aula, certas áreas dos zoológicos, etc. São áreas onde as precauções especiais devem ser consideradas antes de aplicar qualquer produto. Preste atenção aos rótulos dos produtos para verificar se eles têm liberação para o tipo de área em que se pretende aplicá-los. Produtos de longo efeito residual, nessas áreas devem ser restritos a aplicação localizada em gretas, fendas, rachaduras e desvãos. Selecione formulações de baixo odor e baixa tensão de vapor. Em áreas sensíveis, géis e iscas são ótimas opções.
2. A formulação escolhida pode afetar plantas (fitotóxicas)?
A fitotoxicidade pode ocorrer com mais freqüência quando se empregam formulações líquidas CE que contenham solventes. Dê preferência a pós molháveis, suspensões e microencapsulados. Evite tratar plantas durante as horas mais quentes do dia e as expostas diretamente à luz solar. Se houver dúvidas quanto à formulação escolhida, faça um préteste no dia anterior tratando apenas uma pequena porção da planta; aguarde 24 horas e avalie os efeitos. Se essa porção tratada exibir diferenças com relação ao resto da planta, não empregue essa formulação, escolha outra.
3. A formulação escolhida é eficiente e eficaz contra os insetos alvos?
Leia o rótulo! A indicação contra esta ou aquela espécie alvo tem que estar indicada no rótulo do produto. Se a espécie alvo for um inseto rasteiro, aplique nos pontos de passagem desses insetos e principalmente em pontos de possível esconderijo. Talvez a opção por formulações sólidas possa ser mais apropriada (isca ou gel).
4. As formulações têm igual efeito em qualquer tipo de superfície a ser tratada?
Definitivamente não! Superfícies porosas, por exemplo, absorvem boa parte da calda aplicada, reduzindo substancialmente o efeito final do produto (concreto, paredes caiadas, superfícies de madeira crua, gesso, etc). Nessas superfícies é preferível optar por formulações como os pós solúveis, os pós molháveis, as suspensões concentradas e os microencapsulados. Exemplos de superfícies semi porosas: látex, madeira envernizada, vinil e fórmica. Exemplos de superfícies não porosas: metálicas, vidro, cerâmica.
5. Como certos fatores ambientais (temperatura, umidade e luz) podem afetar as formulações?
Alguns fatores ambientais começam a agir sobre as formulações inseticidas assim que aplicadas, podendo reduzir significativamente a meia vida do produto escolhido. As altas temperaturas ambientais comprovadamente reduzem a eficácia dos inseticidas, principalmente dos organofosforados. A umidade também pode reduzir a meia vida e o efeito de certas formulações, dependendo do tipo de superfície onde foram aplicadas. Geralmente inseticidas de alta tensão de vapor volatilizam (ou seja, evaporam das superfícies tratadas) mais rapidamente do que os i.a. com baixa tensão de vapor. A perda do efeito residual pela volatilização é maior nas superfícies não porosas. A informação sobre a tensão de vapor de cada i.a. pode ser obtida na folha de informação que todo produto tem, a MSDS (Material Safety Data Sheet), que pode ser fornecida pelo respectivo fabricante. Observe, todavia, que a tensão de vapor de um i.a. pode ser alterada segundo a formulação do produto; por exemplo, a microencapsulação protege o i.a. tornando-o praticamente não volátil. Outros fatores ambientais podem também atuar sobre o produto aplicado como, por exemplo, os raios ultravioletas da luz solar (fotodecomposição). Correntes de ar pode igualmente afetar o biocida aplicado volatilizando-o mais rapidamente. Todos esses fatores podem ser minimizados se adotarmos a técnica de pulverização direta em frestas, gretas, rachaduras e desvãos.
6. As formulações se misturam facilmente com outros inseticidas na calda a ser pulverizada?
Diferentemente dos produtos para pronto uso (ex: iscas, pós, grânulos, aerossóis e géis), os profissionais fazem bastante uso de misturas de tanque. Algumas formulações são mais fáceis de manejar que outras. Formulações líquidas como os CE, os SC e os CS são geralmente preferidas às formulações secas, como os pós molháveis WP, embora os pós embalados em saquinhos solúveis já tenham resolvido essa questão. Em caso de dúvida, sempre teste a mistura escolhida no laboratório da empresa antes de usá-la a campo.
7. A calda pode deixar resíduos aparentes?
Pode sim, especialmente se estivermos empregando formulações em pó. Em ambientes fechados é preferível optar por formulações líquidas como os CE, SC ou CS. Outra coisa: verifique antes de aplicar se a parede já não está coberta por poeira; se estiver, certamente haverá manchas escorridas quando você pulverizar sua calda. Olho vivo!

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