terça-feira, 28 de junho de 2011

TRATAMENTO DO RIO PINHEIROS CONTRA O MOSQUITO CULEX

Uma das responsabilidades do CCZ/SP – Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo - é o monitoramento e controle dos criadouros de mosquitos em certos pontos do Rio Pinheiros, um rio poluído que atravessa parcialmente a cidade de São Paulo e deságua no também poluído Rio Tietê. Próximo a esse deságue o Rio Pinheiros executa uma curva que torna suas águas naturalmente mais lentas; essa condição somada a outras bem peculiares, faz com que ali se mantenham criadouros permanentes de mosquitos, notadamente o Culex quinquefasciatus, causando sérios transtornos aos moradores da região. Há anos o combate químico vem sendo executado pelo CCZ com resultados variáveis. Neste ano os técnicos do CCZ planejaram experimentar uma nova técnica de combate: aspersão aérea de Bacillus sphoericus em formulação granulada sobre os conhecidos focos naquele Rio (vide post anterior sobre esse assunto). Questões técnicas ligadas à permissão do vôo do helicóptero que aplicaria o produto retardaram a operação, mas ela acabou, finalmente, acontecendo. O biólogo Carlos Madeira que lidera a equipe responsável por esse ensaio, nos conta que inicialmente estava previsto o tratamento de uma área de 11,4 ha, mas por razões de segurança do vôo (a referida área fica relativamente próxima ao aeroporto de Congonhas, é rota de pouso de aviões e há pontes cruzando o rio com trânsito intenso de autos), a área teste foi diminuída para 8,6 há. Para garantir a segurança dos veículos passantes nas pontes, um trecho delimitado em 100 m antes de depois de cada ponte não foi tratado. Pontos de monitoramento foram previamente escolhidos, para leituras antes e depois do tratamento. C onta-nos Carlos Madeira que no dia 17/6 testes de calibração do equipamento aplicador apontaram a dosagem de 40 kg/ha, com lançamento de 18,1 kg por minuto, enquanto o helicóptero voava a 30 m do solo a uma velocidade de 80 km/h. Com esses parâmetros, foram aplicados na área teste aproximadamente 400 kg do B.S. granulado.
Pode ser que o leitor menos avisado ache que esse tratamento seja algo simples e que já é de conhecimento e uso corriqueiro em outros países, pois às vezes essa prática é até divulgada em noticiários televisivos. Pois não é não! Todo um planejamento técnico minucioso precede à aplicação propriamente dita e as variáveis envolvidas são por demais complexas para que o teste tenha valor científico. Afinal, o que se pretende nesse tratamento em massa, é uma avaliação final sobre os resultados obtidos, servindo de base para a decisão de adotar ou não o método da aspersão aérea em um centro urbano densamente povoado como a metrópole São Paulo. Quem trabalha em um órgão público de controle de zoonoses e de certas pragas transmissoras, entende o valor que o ensaio tem. Esperamos que a equipe responsável nos informe sobre os resultados obtidos assim que possível, para que possamos divulgar aos leitores deste blog.
A foto acima mostra a área do ensaio demarcada e em vermelho, os pontos não aplicados. Parabéns pelo excelente trabalho moçada!

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