terça-feira, 13 de março de 2012

ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAR UM BOM PROGRAMA DE CONTROLE DE MOSCAS


Há não menos de 110.000 espécies diferentes de moscas em todo o mundo, já estudadas e catalogadas. As moscas representam, com sobras, o gênero de insetos mais bem sucedido na Natureza. A maioria dessas espécies não é urbana (felizmente), mas algumas delas encontraram seu melhor nicho junto ao homem e há até as espécies que repartem conosco nosso habitat há milhões de anos. Incomodam, transmitem doenças, causam asco e em nenhum lugar são bem recebidas. Contudo, se olharmos melhor, as moscas desempenham papéis vitais na Natureza pois executam certas funções importantes. Antes de tudo, representam uma fonte de alimento para uma enorme variedade de animais e até de certas plantas (as carnívoras, por exemplo). Muitas espécies se criam nas fezes de animais, ajudando a reciclar nutrientes de volta ao solo. Outras são decompositoras de carcassas de animais. Infelizmente, certas espécies adaptaram-se muito bem a viver nas instalações humanas e suas redondezas e daí geram os conflitos entre elas e nós. A essas espécies denominamos pragas e exatamente aí é que entra no cenário, a galante figura do profissional controlador de pragas, o “salvador da pátria” quando a coisa fica realmente feia. Lembro-me de uma oportunidade quando fomos chamados a intervir em uma certa cidade do interior de Alagoas onde o problema das moscas (Musca domestica) era tamanho que estava inviabilizando o viver naquela cidade. O Promotor de Justiça local havia dado o prazo máximo de 45 dias para a Prefeitura resolver o problema, sem o que a Promotoria mandaria fechar bares, restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos de alimentos, em nome da saúde pública. Um enorme programa de combate às moscas foi então iniciado envolvendo todas as forças da comunidade e o problema foi minimizado em pouco tempo.
Não tenho conhecimento se existe alguma cidade, vila ou mesmo uma aglomeração humana que não tenha a omnipresente mosca doméstica incomodando as pessoas e animais domésticos. Sem falar nas outras espécies comuns como as varejeiras de brilhos metálicos, as mutucas que picam doído, as pegajosas moscas dos estábulos, as incômodas moscas dos esgotos, as pequeninas moscas das frutas e outras menos votadas. Daí a importância de identificarmos qual, ou quais, as espécies infestantes de um dado local. Sabendo quem é a nossa mosca alvo, fica bem mais fácil determinarmos quando, onde e como combatê-la.
Falando em combate às moscas, pode parecer anacrônico, obsoleto e ultrapassado o conhecido método de pulverizar com algum inseticida as paredes de uma instalação infestada por moscas, como única forma de combater moscas. Pode parecer, não... é! Um programa consistente, estruturado, moderno e eficaz de controle das moscas domésticas é bem mais que isso!
O manejo das moscas dentro e nas cercanias de uma dada instalação pode parecer, às vezes, uma questão difícil de resolver para determinados profissionais controladores de pragas. Na verdade, a estes, falta a informação, o conhecimento pleno e mais profundo do assunto, conhecimento esse total e completamente disponível em livros técnicos ou de inumeráveis sites da Internet. Sem desculpas, portanto. Uma situação de pesada infestação de moscas deveria ser vista pelo profissional como um interessante desafio a ser vencido, pois os conhecimentos técnicos sobre o assunto já são muitíssimo avançados.
Embora cada caso seja um caso, há alguns pontos comuns a todas as infestações e que, se contemplados, vão conduzir a níveis de controle com certeza. Limpeza, higiene, remoção de criadouros e exclusão, são alguns desses pontos. Vamos examinar, ainda que superficialmente, alguns aspectos capitais de um programa de controle de moscas em um dado local:
• Identificação da espécie infestante: é necessário e vital. Moscas domésticas criam-se em determinados criadouros, enquanto outra espécie, como por exemplo, a mosca dos estábulos, cria-se em outro. Cada espécie tem sua biologia própria e se identificarmos a mosca problema, aumentaremos em muito nossa chance de combatê-la com pleno sucesso.
• Limpeza e higiene: é a chave para avançar o programa de controle. Áreas e dependências limpas, não sustentam moscas que vão procurar outra freguesia mais sujinha para frequentar. Moscas se criam em matéria orgânica em decomposição; portanto, um bom esquema de limpeza regular evita acúmulos de detritos capazes de manter o ciclo vital das moscas. As moscas têm o metabolismo muito acelerado e, portanto, necessitam de muito alimento que lhes propicie energia. Lugar limpo não tem alimento para as moscas. Pense nisso.
• Exclusão: mesmo que as redondezas da instalação onde não queremos moscas estejam com boa limpeza, moscas voam e assim podem penetrar nessas instalações se encontrarem vias de acesso fáceis. Portas e janelas abertas, telas de nylon rompidas ou fendas arquitetônicas são um convite permanente à entrada de moscas em busca de alimentos. Portas e janelas devem ter telas de nylon instaladas (e sempre em boas condições), caso tenham que ficar abertas. Se não, a instalação de molas que as mantenham fechadas vai ser a solução. Simples e barato. Em determinadas edificações, a instalação de cortinas de vento pode evitar a penetração das moscas, quando adequadamente instaladas e mantidas. A iluminação interna de uma determinada instalação pode, sob certas circunstâncias, atrair moscas, ainda que sejam elas insetos diurnos. As lâmpadas internas não deveriam poder ser vistas do lado de fora da instalação.
• Eliminação de criadouros: muitas vezes o criadouro das moscas infestantes está situado dentro do perímetro da propriedade a ser protegida. É preciso inspecionar toda a área em busca de possíveis criadouros (lembrem-se: matéria orgânica em decomposição; ex: lixo) e eliminá-los sob risco de jamais atingir-se níveis de controle desejados.
E o combate propriamente dito? Bem, isso já é outro assunto que fica para um próximo post, mesmo porque este aqui já está ficando longo demais. Não perca.

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