sexta-feira, 13 de julho de 2012

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS - MIP

Há tempos que prometi a mim mesmo escrever um post específico sobre o MIP – Manejo Integrado de Pragas, ao mesmo tempo em que atendo as sugestões dos leitores Rogério e Wanderley, ambos de São Paulo. Lá por volta da década de 40, se tanto, surgiram os primeiros profissionais que se propunham controlar pragas urbanas, na época do vovô DDT. Aliás, essa profissão só conseguiu decolar produzindo bons resultados, com o advento dos primeiros inseticidas organoclorados, hoje praticamente banidos devido ao risco de acúmulo ambiental. Saíram, ao longo do tempo, os organoclorados como o DDT, o BHC, o Endrin e Dieldrin e entraram os organofosforados como o diazinon, o malation, o diclorvos, o clorpirifós e a saga continuou. Chegaram os carbamatos (ex: bendiocarb) e os piretróides (cipermetrina, aletrina, ciflutrina, lambdacialotrina, bifentrina, etc) e agora surgiram os IDIs (Inibidores do Desenvolvimento dos Insetos) como a ciromazina e outros compostos. Contra roedores, os anticoagulantes cumarínicos mostraram serviço e continuam até hoje a resolver toda e qualquer situação de infestação murina. Quem viveu profissionalmente esses últimos 30 anos, teve a oportunidade única de assistir ao nascimento de todos esses compostos destinados ao controle de insetos e aracnídeos urbanos. O quadro atual é de que possuímos à nossa disposição, um verdadeiro arsenal de ferramentas precisas (produtos e equipamentos) para que atinjamos ótimos níveis de controle de pragas urbanas. No entanto, com tantos e tão diversificados compostos químicos, por que os resultados eram sempre medianos? Neste caso bons resultados, naquele outro nem tanto. Claro que intermediando tudo isso, existe a famosa “mão de obra”, a ação dos operadores de controle de pragas, um item complexo e de vital importância. Mas, mesmo que o operador fosse bem treinado, fosse inteligente e destro, nem sempre os melhores resultados eram atingidos. Por volta do final dos anos 60 e na década de 70, começou a tomar forma na área agrícola uma nova abordagem do sério problema das pragas da lavoura e que modificou o panorama para melhor. Era o conceito de uma abordagem ambiental, mais que especificamente a praga a ser combatida. Por esse novo conceito, a praga passou a ser interpretada (corretamente, diga-se) como uma espécie de consequência e não como causa. Quer dizer, a praga ali penetrava e causava perdas substanciais, porque havia outros fatores que assim estavam favorecendo. Esse conceitual foi tomando forma e sendo codificado em bases técnicas resultando no que hoje é conhecido como Manejo Integrado de Pragas - MIP. Um pouco mais tarde, principalmente porque os resultados de sua aplicação mostraram ser muito bem sucedidos, o MIP acabou sendo adaptado para o controle também das pragas urbanas. O conceito fundamental do MIP é que a praga alvo deve ser vista como parte integrante do ambiente onde sobrevive. Ali estarão as condições que facilitam a entrada das pragas, as condições que garantem sua sobrevivência e proliferação e as populações das pragas infestantes. Pois bem, tudo isso terá que ser observado, estudado e equacionado para que consigamos atingir níveis de controle satisfatórios. Portanto, não basta saber que em um determinado ambiente tem baratas da espécie tal; é preciso que descubramos de onde vem, de que alimentam, onde se escondem e o que as está favorecendo. Um pouco mais complexo do que simplesmente aplicar algum inseticida que as elimine (aparentemente). Na verdade, o MIP pressupõe que tomemos ações de correção das condições que estão garantindo a permanência da praga considerada em um dado ambiente, que tomemos ações preventivas que evitem novas penetrações de pragas naquele mesmo ambiente e, finalmente, ações que eliminem as populações de pragas já existentes naquele local. Corrigir, prevenir, eliminar. Nessa ordem! Uma rachadura na parede, azulejos mal rejuntados, fendas e gretas abertas, vazamentos do sistema hidráulico, esgotos expostos, má higiene ambiental... tudo isso (e muito mais) precisa ser corrigido ou se não, jamais atingiremos bons resultados. Paredes íntegras, portas e janelas firmemente fechadas sem deixar espaços nos batentes, alimentos adequadamente guardados em recipientes fechados, manejo adequado de substratos orgânicos que possam vir a sustentar populações de pragas e muitas outras ações preventivas devem ser instaladas. E daí vem o mais fácil: a escolha do método, dos equipamentos e dos biocidas que utilizaremos para atacar as populações de pragas ali já existentes. O que hoje se sabe é que faz parte do trabalho de um profissional controlador de pragas consciente e atualizado, a apresentação do panorama a seu contratante e o convencimento de que sem a abordagem do MIP, não conseguiremos resultados satisfatórios e duradouros. Tarefa fácil? Quem disse isso!

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