terça-feira, 16 de outubro de 2012

ESTUDO DE CASO 2: OS RATOS DA PARÓQUIA

Este é o segundo estudo de caso arquivado no baú das memórias, donde buscarei algo de vez em quando, no sentido de ilustrar situações bem sucedidas em minha vida profissional. Hoje vamos comentar um interessante e intrigante caso de um hotel com infestação de três espécies de roedores. Tratava-se de um hotel de construção bem antiga, localizado no chamado centro velho da cidade de São Paulo. Nossa empresa foi contratada para resolver os (muitos) problemas de pragas que o tal hotel experimentava e desejava solucionar, eu diria necessitava! Algumas empresas controladoras de pragas por ali já haviam passado, mas sem maiores sucessos e, como já por essa ocasião nossa empresa havia granjeado sólida reputação na rede hoteleira, acabamos sendo contratados por aquele hotel. Falando só do problema roedores, encontramos infestação das três espécies sinantrópicas: havia camundongos (M.musculus) em determinados pontos, ratazanas (R.norvegicus) indo e vindo nas proximidades da cozinha central onde o lixo orgânico aguardava remoção (sempre feita de madrugada) e ratos pretos incursionando dentro da própria cozinha. Nos dois primeiros casos não foi difícil entendê-los e eliminá-los. Todavia, no caso dos ratos pretos (R.rattus), havia uma situação um pouco complicada, pois embora tivéssemos localizado as rotas que os traziam à cozinha e o tratamento sempre produzia carcaças, eles continuavam surgindo. Quebramos a cabeça para entender de onde estavam permanentemente vindo, até que finalmente o esperto operador que eu sempre enviava forro adentro para remover carcaças, dispor raticidas e tentar descobrir de onde vinham, saiu do alçapão e nos relatou que havia observado a presença de fezes junto à parede que separava o hotel de seu vizinho. Supondo que o problema original não estivesse então nas instalações do hotel, mas nas do vizinho, ocorreu-me conversar (e se possível inspecionar) as instalações desse vizinho e assim fiz. Sucede que o tal vizinho, com paredes geminadas com o hotel, era nada mais, nada menos, que... uma antiga e vetusta igreja! E lá fui eu conversar com o pároco sobre o problema dos ratos. Enquanto ele decidia se eu deveria rezar 10 ou 15 terços para resolver o problema, eu fui mais esperto e pedi a ele que resolvesse a infestação da igreja onde esses ratos, possivelmente já excomungados, estavam competentemente protegidos e de onde saiam para buscar alimento na cozinha do hotel ao lado, já que as hóstias, depois de grandes perdas, foram trancadas a sete chaves. O alegre padreco, no entanto, alegou constrangido, que a paróquia era pobre e não dispunha de dinheiro para solucionar esse problema. Fiquei no mato sem cachorro! Se a infestação da igreja não fosse suprimida, meu problema no hotel igualmente não seria resolvido. Vou resumir essa ópera: reuniões com a gerência do hotel, com a presença do padreco e sem ele e finalmente a luz se fez: o hotel arcaria com os custos da desratização da igreja o que aconteceu e, finalmente, pudemos resolver a situação. Naturalmente o hotel foi lembrado nas missas e deve ter sido abençoado, pois ainda hoje lá está, operante e lucrativo!

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