sexta-feira, 21 de maio de 2010

REVISÃO TÉCNICA: BARATAS III


Esta já é a terceira parte da revisão sumária que nos propusemos postar no Higiene Atual; portanto, quem não fez, sugiro ler antes as partes I e II.
Qual seria o nível tolerável de baratas em uma cozinha comercial, por exemplo? Nível zero, seria a resposta correta! A presença de baratas em uma cozinha de um restaurante, ou de uma indústria, é absolutamente inadmissível e não me venha com churumelas dizendo que é “impossível” erradicar as baratas de uma cozinha, que temos que aprender a conviver com elas e outros babados semelhantes. Conversa mole pra boi dormir! Tolerância zero é o objetivo de qualquer empresa controladora de pragas que se preze. Não estou dizendo que vai ser fácil, apenas digo que é possível sim, atingirmos níveis de controle absolutos de baratas em cozinhas comerciais e industriais. Temos armas e temos o conhecimento para tanto. As queixas dos profissionais que não alcançam esses níveis são as mais variadas, algumas até explicam, mas não justificam. É porque o proprietário não toma conhecimento do problema, é porque os azulejos estão quebrados, é porque eles lavam a cozinha todos os dias removendo os inseticidas aplicados, é porque os empregados da cozinha não preparam o ambiente previamente para que se possa tratar a cozinha corretamente, blá, blá, bla... Ora essa, uma empresa que se propõe assumir a responsabilidade de assinar o controle de pragas pelo estabelecimento, não pode curvar-se às adversidades e dificuldades, aliás bem típicas de nosso negócio, não é? Adaptação, criatividade e informação são as chaves para mudar um quadro adverso que esteja obstaculizando nosso trabalho.
Por que a barata alemanzinha é tão difícil de ser controlada na cozinha de um restaurante ou em uma lanchonete, por exemplo? Bem, lanchonetes, bares, padarias, rotisserias, restaurantes, cozinhas industriais e outros estabelecimentos assemelhados apresentam muitos aspectos em comum que facilitam sobremaneira a livre instalação e proliferação de baratas. Lembram-se do quadripé vital da biologia das baratas? Água – alimento – abrigo e acesso. Está tudo lá! Antes de qualquer outra discussão: quanto pior for a higiene do local, maior será a probabilidade de sobrevivência das baratas. A presença combinada de sujeira, restos alimentares, capas de gordura em maquinários e utensílios, altas temperaturas, umidade e completa falta de um programa de controle, são fatores que facilitam sobremaneira a intensa proliferação das baratas nesses locais. De seu quadripé biológico, qual o fator mais importante para as baratas em uma cozinha? Nas cozinhas comerciais e industriais, água e alimento são os fatores mais comuns e difíceis de serem equacionados, pelo próprio tipo de trabalho que ali é desempenhado, por mais limpo que seja esse ambiente. Um simples pedaço de pão esquecido atrás de uma geladeira já é suficiente para alimentar um séqüito de baratas durante um bom tempo e água, existe à vontade. Portanto, parece-nos que o pé de apoio mais frágil seria o abrigo, os esconderijos dessa população de baratas infestantes de uma cozinha. É por aí que devemos começar. Temos que demonstrar ao nosso contratante os problemas fundamentais representados pela existência de abrigos para baratas em uma cozinha e que se isso não for completamente corrigido, não conseguiremos entregar o que foi contratado. Eu sei que o proprietário ou o gerente tem mil outros problemas para resolver e talvez dê pouca atenção a nossos reclamos, mas temos que insistir nesse aspecto. Uma boa câmera fotográfica digital pode operar maravilhas na cabeça de nossos contratantes! Não esmoreça. Outra coisa, há que convencê-los que a limpeza úmida profunda, com água, sabão, escovões e mangueiras, deve ser executada antes que apliquemos os inseticidas, óbvio! Depois do nosso trabalho, só um pano úmido para remover respingos indesejáveis e nada mais, por um certo tempo.
Que métodos podemos utilizar para eliminar as infestações já existentes? Pulverização de calda inseticida ou iscas baraticidas? Essa é uma decisão de cada empresa, já que os dois métodos podem levar a bons níveis de controle. Mas, se queremos algo melhor, se queremos chegar ao nível zero de infestação, além das medidas corretivas do ambiente a que nos referimos, é preciso atacar o problema de forma mais rígida e abrangente. Quero sugerir o tratamento combinado empregando pulverização e iscas. Eu creio que os tratamentos iniciais de uma cozinha infestada devam ser executados pela pulverização de calda inseticida (à escolha do profissional), com freqüência mensal ou quinzenal inicialmente, pela técnica de tratamento localizado, onde o operador vai injetar a calda em todos os pontos onde possivelmente baratas se escondam. Nessa técnica, deve-se usar bico em leque ou em agulha. Leva mais tempo, porém o resultado final é bem melhor que outras técnicas. Uma vez debelado o grosso da infestação, no momento em que os focos principais já tenham sido extintos è os secundários reduzidos, podemos entrar com a aplicação de baraticidas gel (prefiro mais que pastas), aplicados em pontos os mais frequentados pelas baratas. A cada três meses, voltar a tratar por pulverização para eliminar focos insurgentes. Alguns aspectos muito importantes devem ser observados na adoção desse método:
· É vital a recuperação das estruturas danificadas ou que estejam dando abrigo a baratas. Isso é fundamental e deve ser negociado com seu contratante.
· Se o ambiente não for higienizado de forma correta, fotografe e exiba a seu contratante como prova. Seja impiedoso nessa cobrança!
· Orientar seu contratante para que não permita a entrada livre de embalagens de mercadorias e alimentos diretamente para a cozinha. Tudo deve entrar somente em caixas plásticas para as quais os alimentos e mercadorias tenham sido transpostos em uma área externa qualquer.
· Nunca use tratamento espacial (termonebulização ou atomização) em uma cozinha, sob risco de contaminar tudo que lá se encontre.
· Acerte uma freqüência operacional de acordo com o grau de infestação encontrado a cada instante. Isso é necessariamente mutante e dinâmico.
· Selecione os inseticidas e baraticidas a serem empregados, pela qualidade. Não abra mão disso! Os resultados compensarão (e muito) um eventual maior custo aparente da matéria prima.
Certamente há outros métodos e técnicas que eventualmente poderão conduzir a bons resultados, não discuto. O que relatei, é minha opinião pessoal, nada mais. Boa caçada e bons negócios!

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