quinta-feira, 26 de maio de 2011

CARRAPATOS, PODEM SE TORNAR PROBLEMA


Recebi de leitores do blog, algumas solicitações de que postássemos uma matéria sobre carrapatos. Curiosamente nenhum solicitante especificou que carrapato tinham interesse, mas, assumindo que todos eles sejam controladores de pragas urbanas, acabamos por enfocar o carrapato dos cães por ser possivelmente o alvo desejado.
Como sempre faço, uma rápida revisão do tema antes de entrarmos no assunto central, OK? Definindo: o carrapato é um artrópode (quatro pares de patas) da ordem dos ácaros e podem ser classificados nas famílias dos Ixodídeos ou Argasídeos. São ectoparasitas hematófagos (alimentam-se de sangue), podendo ser responsabilizados na transmissão de inúmeras doenças ao homem (zoonoses) e a animais. Vivem no chão entre folhas do capim, touceiras ou sob cavacos de madeira, sempre esperando que por ali passe algum animal ou um ser humano.
Resumindo a história dessa carrapataiada toda, sabemos que os argasídeos (muitos gêneros e espécies) não ficam muito tempo no corpo do hospedeiro, permanecendo a maior parte do tempo no ambiente, escondidos e só procurando seu hospedeiro para se alimentar (de sangue, naturalmente), geralmente quando estão dormindo. Esses carrapatos podem permanecer longos períodos de tempo sem se alimentar (até mais de um ano, caso não encontrem uma fonte de alimento). Os carrapatos ixodídeos, ao contrário, passam a maior parte do tempo sobre o corpo de seus hospedeiros, onde se fixam e sugam seu sangue o tempo todo.
No Brasil, existem quatro espécies de carrapatos mais comuns:
Amblyomma cajennense e Amblyomma aureolatum: ambos são chamados de carrapato dos cavalos ou micuim (quando ainda é larva) ou carrapato estrela (depois de adulto) que frequentemente podem parasitar o homem, bem como outros mamíferos domésticos ou selvagens e até aves. No pasto, de março a julho (nosso outono) os micuins podem ser encontrados aos milhões. Cães que frequentam terrenos baldios, parques urbanos ou outras áreas onde equídeos (cavalos ou muares) permaneçam, podem ser infestados
Boophilus microplus: o carrapato dos bois, principal responsável pela transmissão da tristeza bovina ou babesiose. Quando infestam um bovino, sem tratamento adequado, podem sugar o sangue desse animal até causar profunda anemia e podendo causar sua morte.
Argas miniatus: popularmente chamado de carrapato das galinhas, podem transmitir uma doença severa aos galináceos, denominada de bouba aviária (uma doença infecciosa semelhante à sífilis).
Rhipicephalus sanguineus: o carrapato vermelho do cão que infesta cães e gatos, preferencialmente nos coxins palmares e plantares e também atrás das orelhas. Quando parasitam um desses animais, sobem pelas paredes, alojam-se em vãos e rachaduras, espalham-se pelo canil e pela casa, se o animal a ela tiver acesso. Vieram da África nos tempos da colonização de nosso país e adaptaram-se muito bem. Não é tão difícil controlá-los.
Esse é o carrapato que mais interessa ao controlador profissional de pragas, pois é muito encontrado em residências onde haja cães (eventualmente gatos). Nas fases ainda jovens, esse carrapato se abriga nas frestas, desvãos, gretas e buracos nas paredes do canil ou nas cercanias do ponto onde os cães dormem. As formas adultas vão ao animal para se alimentar e voltam para o ambiente. Tradução: para controlar esses carrapatos é preciso tratar ao mesmo tempo o cão e o ambiente, certo?
Agora que está perfeitamente compreendido que o tratamento deve ser aplicado tanto no ambiente quanto no animal AO MESMO TEMPO, vamos por partes:
• No animal: banhos carrapaticidas; se a infestação for muito grande, a cada 15 dias até resolver o problema. Animais de pelo longo, uma boa tosa no início do verão, ajuda a evitar o problema. Oriente o proprietário do animal a buscar junto ao seu Veterinário, a indicação de algum produto carrapaticida de longa duração para aplicar no animal.
• No ambiente: tratar o ambiente no mesmo dia marcado para o banho carrapaticida do animal e repetir depois de 15 e 30 dias. É isso mesmo que vc leu: tem que repetir o tratamento para também eliminar as larvas e ovos que estavam protegidos durante a primeira aplicação. Não é tão complicado assim, bastando pulverizar um bom piretróide, de preferência microencapsulado. Aplique em todos os cantos, junções, frestas, rejuntes, gretas, buracos e desvãos do canil (e/ou dos pontos freqüentados pelo animal), bem como cobrindo toda a superfície das paredes circundantes (por overlapping). Por experiência própria, recomendo o uso de vassoura de fogo (maçarico modificado com vara e bico de aplicação) ANTES da aplicação do produto escolhido. A alternativa que funciona igualmente bem é aplicar vapor de água a 200˚C usando uma desses equipamentos de limpeza a vapor; neste caso, aplicar o vapor, esperar secar (não leva muito tempo) e só depois aplicar o carrapaticida. O animal só pode voltar ao ambiente tratado, depois que ele estiver completamente seco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário