sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FINALMENTE UM ROTEIRO PARA O POP DAS EMPRESAS CONTROLADORAS


Custou, mas conseguimos. Tenho sido bombardeado para escrever um post sobre o tal do POP – Procedimento Operacional Padronizado – um documento formal exigido pela RDC 52, a Portaria que rege as atividades das empresas controladoras de pragas em nosso país (até segunda ordem). Fui pesquisar esse tema e achei que deveria solicitar o auxílio de uma especialista, a bióloga Lucy Ramos Figueiredo, Diretora Técnica da ABCVP, que tem larga experiência no assunto. Depois de muito insistir, ela conseguiu encaixar entre seus 4.812,5 afazeres, um tempo para escrever um post exclusivo para o Higiene Atual, pelo que agradecemos em nome de nossos leitores e deste Editor. Aí vai, portanto, um ótimo post sobre o POP.

DIZEM QUE O PAPA É pop ... MAS O QUE É UM POP???
O papa é pop. Assim dizia uma letra de música, referindo-se a um papa popular. Daí, ouvimos algumas pessoas perguntando o que é um POP. Outro assunto! POP, pop, muita confusão, muita informação... Então, vamos esclarecer?
POP é uma abreviação para Procedimento Operacional Padronizado.
PROCEDIMENTO- modo de fazer, técnica
OPERACIONAL- que contribui para a obtenção de um resultado pretendido, método
PADRONIZADO- resultado com tendência à uniformização

O POP é um documento exigido pela RDC 52, por meio do qual as empresas de controle de pragas sinantrópicas devem apresentar os procedimentos realizados para realização dos serviços prestados. É necessário lembrar que o serviço não envolve tão somente a parte executiva. Assim, temos um vasto conjunto de POP’s que compõem um Manual de Boas Práticas, o qual descreve os diferentes procedimentos adotados pela empresa e que se relacionam, direta ou indiretamente, com a execução propriamente dita. Os POP’s englobam “o modo de fazer” para vários temas: controle por praga, controle por técnica de aplicação, gerenciamento de risco, uso de armadilha para monitoramento por praga, segurança de trabalho, perfil das instalações, guarda e descarte de embalagens vazias, transporte de produtos químicos e por aí em diante, ou seja, todo e qualquer procedimento executado por uma empresa prestadora de serviços de controle de pragas deve ser documentado em forma de uma instrução técnica, detalhada passo a passo, visando dar suporte a todo e qualquer executor da tarefa a seguir “o mesmo caminho”. O POP deve ser claro, objetivo, assertivo, ter instruções sequenciais, sem deixar de conter a instrução completa. A grosso modo, o POP é uma receita de bolo a ser adotada para que não haja desvio significativo nos procedimentos, evitando não conformidades. O POP, como ferramenta de segurança, deve garantir a não ocorrência de variações indesejáveis no resultado final, podendo gerar riscos. Tendo como comparativo a referida receita de bolo, esta tem como objetivo dar a base de procedimento para que um bolo tenha sempre o mesmo resultado, seja elaborado por A, B ou C. Assim como na feitura do bolo, ocorrerão desvios aceitáveis por conta de uma eficiência maior ou menor (por conta de um forno, no caso do bolo) ou por conta de um equipamento mais novo ou mais antigo, no caso de uma pulverização. Ainda que estes desvios devam ser minimizados por medidas mitigadoras, podem efetivamente ocorrer, mas dentro de níveis toleráveis. Assim, um POP tem como meta a padronização de cada procedimento, sendo um material de conteúdo a ser utilizado para o treinamento de equipes técnico-operacionais ou gerenciais.
A elaboração de um POP, em forma de uma instrução de consulta e treinamento, é de responsabilidade dos RTs - Responsáveis Técnicos. A confecção de POP’s é trabalhosa e o RT precisa disponibilizar uma carga horária diária específica para a produção e finalização da tarefa. Um POP deve ser atualizado, minimamente, a cada ano, mas o ideal seria atualizar sempre que um procedimento for alterado, incluído ou excluído, por força da evolução dos conhecimentos. O POP representa o backup escrito das ações da empresa. É um processo dinâmico, que exige o envolvimento e o conhecimento da empresa por quem o elabora. Reforçando, o RT é a pessoa legalmente responsável pela feitura, atualização, verificação e monitoramento aplicação dos POP’s. Em caso de contratação de um consultor externo para confecção de POP’s, este deve estar informado sobre os procedimentos da empresa, acompanhando execuções, visitando instalações, enfim, conhecendo a rotina detalhada para ser fiel aos procedimentos adotados pela mesma ( “passeio ambiental”, segundo Lucia Isabel Araújo ). O POP, como ferramenta de treinamento, é um documento-guia que tem como alvo a passagem de informação, a rigor, da mesma informação para toda a equipe. Um POP não pode ser copiado, como alguns supõem, pois são criados mediante uma realidade executiva de cada prestadora de serviço de controle de pragas sinantrópicas. Os processos de certificação e auditorias têm como exigência a apresentação destes documentos, associando o que está escrito com a prática. O POP, como ferramenta de rastreabilidade, deve ser checado pela fiscalização para ver se o que está no papel é o que realmente ocorre na empresa.
Segundo as RDC 275 e a RDC 216:
Os POP’s referentes ao Manejo Integrado de Pragas devem contemplar as medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e a proliferação de vetores e pragas urbanas. No caso de adoção de controle químico, o estabelecimento deve apresentar Comprovante de Execução de Serviço fornecido pela empresa especializada contratada, contendo as informações estabelecidas em legislação sanitária/ambiental específica.
Então? Esperamos ter contribuído e ter tornado o tema POP um pouco mais pop, quer dizer, um pouco mais popular e acessível a todos aqueles que desejam, acertadamente, elaborar estes documentos de grande valia para as empresas.
Faça seu POP como uma receita muito especial, que será suporte e referência para os funcionários de sua empresa. Cada empresa tem sua política, suas técnicas e seus procedimentos. Retrate estas características de forma simples e fiel. Padronização significa QUALIDADE, mas com atendimento aos desejos dos clientes. A racionalização de tarefas aumenta a eficiência operacional, ou seja, tem um potencial de impacto nos lucros. Anexar FISPQ, Fichas de emergência, Fichas técnicas, Manuais de equipamentos e outros que auxiliem na operação e gestão agrega valor aos POP’s. Referências bibliográficas são parte integrante dos POP’s.
Escrever POP é buscar a qualidade através da capacitação. E qualidade não é um estado, é um processo.
Autora: Lucy Ramos Figueiredo

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