terça-feira, 1 de junho de 2010

UM MUNDO SEM DEFENSIVOS...

...seria, no mínimo, um mundo diferente daquele em que vivemos. De acordo com o Dr. Norman Boulaug, um dos cientistas já laureados com o prêmio Nobel, o banimento dos defensivos químicos no atual estágio do desenvolvimento humano, levaria inevitavelmente a uma dramática alta dos custos dos alimentos e uma queda fatal na sua produção. Recrudesceriam as doenças transmitidas por insetos e roedores com acontecimentos imprevisíveis e pondo em risco toda a espécie humana.
Os alimentos que consumimos hoje apresentam-se sem vermes, larvas e ovos, não devido à tecnologia em sua manufatura prévenda ao consumidor, mas sim devido às medidas de controle de pragas empregadas na lavoura, na pecuária, nas fazendas, nas granjas produtoras, nos silos e armazéns de estocagem, nas fábricas processadoras e nos estabelecimentos comerciais onde são vendidos ou consumidos. Em países mais desenvolvidos, como resultado de modernos programas de controle de pragas, as perdas de alimentos situam-se em torno de 10% do produzido, comparados aos 30, 40 e 50% de certos países terceiromundistas. É o triste ciclo negativo da produção alimentar!
Doenças transmitidas por insetos como a malária, o dengue, as encefalites, a peste bubônica, a febre tifóide, o calazar, para citar apenas algumas, estão hoje sob relativo controle no nosso e em outros países de ocorrência endêmica, muito em função de enormes esforços governamentais, da empresa privada e dos próprios cidadãos, fazendo uso de bases químicas transformadas em inseticidas tanto de uso profissional, como de uso doméstico, tentando recuperar o meio ambiente deteriorado e desequilibrado pela ação do próprio homem.
As discussões de fundo ecológico, tão em moda nos dias de hoje, freqüentemente são levadas ao radicalismo preservacionista, tão prejudicial quanto a febre desenvolvimentista a qualquer preço. Nessas discussões, não raro, os biocidas são colocados como vilões a serem denunciados, execrados e banidos. Sem eles, no entanto, as moscas seriam tantas que literalmente nos impediriam de abrirmos a boca, os pernilongos sugariam nosso sangue até a última gota e tornariam nossa vida insuportável disseminando zoonoses em níveis epidêmicos com conseqüências imprevisíveis, as baratas comeriam nossos alimentos deixando-nos à míngua e os roedores devorariam o que sobrasse. É claro que esse quadro pintado com cores intencionalmente fortes dificilmente ocorreria na prática, pois o bom senso nos diz que ainda não podemos abolir o uso de produtos químicos sem causarmos um enorme problema à própria humanidade. Mas, serve de incentivo à busca de soluções alternativas e mais avançadas para que possamos equacionar tal problema através de abordagens menos deletérias ao meio ambiente. Os sinais aí estão demonstrando que estamos no caminho certo; o surgimento já em fase comercial de defensivos biorracionais (controle biológico e bioquímico), alguns altamente específicos contras seus alvos, indica o caminho. Quanto tempo mais? 15 anos, 30? Mas, vai acontecer, tenho a certeza.

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