terça-feira, 7 de dezembro de 2010

SERÁ QUE VOCÊ ESTÁ ARMAZENANDO DE FORMA CORRETA SEUS BIOCIDAS?


Há algum tempo atrás, um colega nosso descreveu-nos o incêndio que ocorreu em sua empresa controladora de pragas e que atingiu o depósito de inseticidas e raticidas. Contou ele, primeiro que a empresa tinha seguro que cobriu os prejuízos e, segundo, que sob a ação do fogo alguns dos produtos ali estocados passaram a liberar vapores tóxicos causando sérios riscos para os bombeiros que tentavam apagar o incêndio, além de que alguns vizinhos e curiosos tiveram que receber atenção médica por terem respirado fumarolas tóxicas. Contou ainda que a água despejada pelos bombeiros tornara-se leitosa de tanto inseticida que levava junto escorrendo livremente pelo chão e ao longo do meio fio, sendo dragada pelo sistema de coleta de águas pluviais, provavelmente indo poluir severamente algum curso de água mais adiante. Observem quantos eventos se desencadearam por um acidente imprevisível. Imprevisível? Nem tanto! Até poderia não ser previsto, mas certamente poderia ter sido minimizado se o depósito tivesse seguido as boas práticas operacionais para esse caso. O incidente, por si só, demonstra que a armazenagem incorreta dos inseticidas e raticidas pode causar. incêndios e outras fatalidades que não avisam antes de acontecer. Infelizmente são poucos os profissionais que estão atentos às disposições adequadas recomendadas na armazenagem dos biocidas que utiliza.
Considerando que a armazenagem incorreta ou inadequada dos biocidas nas empresas controladoras de pragas (e mesmo nos órgãos públicos que trabalham com inseticidas e raticidas) pode causar uma série de problemas e riscos desnecessários, achei que seria interessante fazermos uma revisão desse assunto, lembrando alguns pontos importantes:
• A RDC 52, que está em vigência e que vale como lei para todo o território nacional regulamentando a prática das empresas controladoras de pragas, estatui que o depósito de biocidas deva ser separado dos demais recintos da empresa e deve destinar-se exclusivamente ao depósito de biocidas. Eu complemento: e deveria ter um sistema de aeração (troca do ar ambiente) que minimizasse o risco de inalação de vapores que inseticidas mal tampados possam estar emitindo. Isso é particularmente verdade se a empresa emprega fosfina ou brometo de metila, gases tóxicos muito utilizados em tratamento por expurgo. Como dizia minha finada avó: “Não pegue, menino! Isso faz xixi na mão de criança”. Sábia avó.
• Planeje bem seu depósito dotando-o de paredes e teto resistentes ao fogo. Qualquer arquiteto poderá lhe informar sobre quais materiais devem ser utilizados em depósitos de produtos inflamáveis. Não é nenhum bicho de sete cabeças.
• Todos os produtos inflamáveis ou explosivos que possam estar estocados em seu depósito (atenção para aerosóis) devem ser guardados no interior de armários metálicos à prova de fogo, os quais podem ser encontrados facilmente no comércio especializado. Não falo de prateleiras, falo de armários com porta.
• É indispensável a colocação de extintores de incêndio de capacidade razoável junto à porta do depósito, um de pó seco e outro de água pressurizada. Devem estar colocados do lado de fora do depósito para que estejam disponíveis em caso de necessidade, nunca do lado de dentro. E vê se os mantém dentro da validade, não é? Se for possível, instale na empresa uma caixa d’água elevada de capacidade tal que permita o combate a um incêndio de pequenas proporções.
• Dentro do depósito de biocidas não deve existir nenhum ralo. Se tiver, qualquer quantidade de inseticida líquido que cair ao chão poderá escoar ralo abaixo e ser despejado no esgoto; vai acabar aumentando a poluição de algum curso de água. Se já houver ralos presentes, tampe-os. O que fazer então quando um inseticida cair ao chão? Simples: basta jogar um pouco de serragem seca que absorve muito bem substâncias líquidas; depois, é só varrer e recolher o inseticida derramado, agora na forma sólida. Portanto, moçada, caixa com serragem e cavacos de madeira no depósito de inseticidas, certo? Conheço uma empresa que utiliza para esse fim aquelas areias destinadas a absorver urina de gato, encontradas em Pet Shops.
• Compre e armazene inseticidas em quantidades não excessivas. Mesmo que você queira comprar em quantidades maiores, para aproveitar alguma promoção, por exemplo, negocie com seu fornecedor a entrega parcelada dos produtos, digamos uma vez cada duas semanas ou outra frequência que lhe atenda.
• Evite armazenar inseticidas em grandes embalagens. Armazenando em embalagens pequenas, caso alguma se danifique, a perda (e a contaminação do ambiente) não será grande, sendo mais fácil remover o produto derramado.
• Guarde sempre as máscaras nasais e as roupas de proteção fora do depósito de biocidas. Dessa forma, caso ocorra algum vazamento perigoso, esses equipamentos de proteção estarão onde podem ser alcançados com facilidade.
• O depósito de biocidas deve se situar em área segura e protegida. A chave deve ficar na posse de funcionários responsáveis. Já ouvi relatos vários de acidentes provocados por biocidas roubados dos depósitos de empresas controladoras ou de serviços públicos.
• Providencie para que seu depósito seja um local bem arejado e com temperatura ambiente nunca alta demais. Alguns inseticidas podem sofrer degradação sob altas temperaturas.
• Produtos que podem contaminar outros através de seu cheiro ou vapores, devem ser armazenados em separado. Os raticidas, por exemplo, devem ser estocados longe dos inseticidas para não absorverem o cheiro destes e assim serem evitados pelos roedores. Herbicidas podem contaminar inseticidas se guardados lado a lado.
• Assim que você tiver seguido todas essas recomendações, procure o Corpo de Bombeiros mais próximo e tenha uma boa conversa. Tenho a certeza de que eles terão ainda excelentes sugestões a lhe fazer e que poderão ser muito úteis para evitar acidentes desagradáveis posteriores.
• Caso você se interesse por esse tema e outros ligados às boas práticas no ramo do controle de pragas, permita-me sugerir o livro “Boas Práticas Operacionais no Controle de Pragas”, de nossa autoria, que pode ser adquirido na forma de um E-book (livro virtual) pelo site www.pragas.com.br (clique sobre esse endereço para fazer link direto com o site).

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