sábado, 5 de março de 2011

CULTURA INÚTIL VI: CARNAVAL


E aproveitando o decantado “tríduo momesco” (aqui na Bahia nunca foi tríduo... é no mínimo 10 dias!) e como ninguém está a fim de coisa séria mesmo, vamos falar um pouco do carnaval. O Concílio (enclave de bispos e cardeais presidido pelo Papa onde se discutem aprovam novas regras da Igreja Católica) da cidade de Aurélia no ano de 519 – século VI D.C.- por falta de algo melhor para fazer, determinou que todo cristão deveria fazer 40 dias de jejum e abstinência antes da semana santa. Nesse período, chamado de Quadragésima pelos romanos, que virou Quaresma por abreviação fonética em Portugal, era recomendado que o cristão se alimentasse frugalmente (comida leve à base de frutas, daí o termo), se abstivesse de comer carne (em latim: “carne levamen”- abster-se de carne) e maneirasse no sexo. Bem mais tarde já na época medieval, séculos depois, esse termo virou carnelevare e deu filhotes como carnaval em português, castelhano e francês, carnival em inglês e karneval em alemão. Mas há outros nomes em outras línguas como masopust em tcheco (neste instante, quem tem mais de 50 anos vai se lembrar da Copa do Mundo de Futebol de 1962 onde o Brasil foi campeão, batendo a Tchecoslováquia por 3 x 1 com o único gol dos inimigos marcado por um jogador que se chamava exatamente Masopust). Bem, como a turma toda ia ter que passar 40 dias se segurando e nada de farra, nem banquetes e nem diversão, o povo achou que deveria farrear por antecipação. E tome festa, tome banquete, tome sexo! Estava inventado o carnaval, um período onde tudo podia! Esbórnia total, porque logo em seguida vinha a duríssima quaresma! O primeiro dia da quaresma é a quarta feira de cinzas, assim chamada porque as pessoas tinham que comparecer à igreja onde queimavam palmas e o padre marcava com essas cinzas a testa dos fiéis com um sinal de cruz, avisando-os que a folia estava terminada e que os pecados cometidos durante o carnaval estavam absolvidos. Bem que a igreja tentou abolir esse tal de carnaval, mas não foi nem ouvida; o máximo que ela conseguiu foi reduzir para apenas três dias de folia (algo completa e totalmente desrespeitado no Brasil desde os primórdios de nossa história). Ainda no mesmo tema, o último dia do carnaval é a terça feira gorda, traduzido literalmente do francês Mardi Gras, porque era a última chance que os foliões tinham de se empanturrar de carne antes de encarar os 40 dias de dieta forçada.
E agora, com licença porque eu vou... “atrás do trio elétrico, só não vai, quem já morreu!”

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