quinta-feira, 10 de março de 2011

SIT? AEDES TRANSGÊNICOS? CALMA LÁ!


Há alguns dias atrás, publicamos dois posts sobre o mesmo tema: o uso de Aedes aegypti transgênicos para auto controlar essa espécie de mosquito, como uma alternativa interessante de combate à dengue. Comentamos que um grupo de cientistas coordenado pela Dra. Margareth Capurro, pesquisadora do ICB/USP, em convênio com uma empresa privada de biotecnologia de Juazeiro/BA e com o apoio dos governos baiano e federal, estaria já em fase de testes de campo desde fevereiro último fazendo uso de uma cepa de Aedes transgênico. Comentamos, ainda que superficialmente, sobre os riscos envolvidos nessa tentativa experimental (aliás, como em todos os métodos de controle biológico) e sobre as falsas esperanças que a simples notícia do experimento pode dar. Comentamos sobre as dificuldades naturais que a SIT (Técnica de Insetos Estéreis) enfrenta e que são muitas, muitíssimas! A começar pela possibilidade de ocorrer um fenômeno indesejável chamado de “pleiotropia”, ou seja, quando o caráter desejado é atingido pela modificação genética, mas propicia o surgimento inesperado de algum outro caráter não desejado, uma forma de efeito colateral. Ou ainda o risco da “epistasia”, quando gene modificado atua sobre outro gene, modificando-o. Isso, para ficar apenas no plano científico do experimento, sem comentar os aspectos econômicos.
A respeito do assunto, recebemos um não menos interessante comentário do Professor Dr. Carlos Fernando S. de Andrade, do Depto. De Biologia Animal – IB – da Unicamp que alerta sobre o emprego em caráter massivo de Aedes transgênicos. Segundo o Prof. Carlos Andrade “- Os termos usados pela mídia como "promessa", "pode conter" e "pode ser arma" são muito forçados. Os argumentos para isso são vários, desde a falta de qualquer outro exemplo de uso disso para mosquitos, problemas como a hibridação - introgressão, pleiotropia, epistasia, aspectos da ecologia, como o fato das fêmeas copularem com vários machos e uma gigantesca dificuldade logística e alto custo de se aplicar a idéia". Acrescenta o professor: “- É teórico, é possível, mas de sucesso improvável. Vai depender sempre de muita pesquisa e de alta tecnologia (dispendiosas) para uma questão muito fácil de ser resolvida, com baixa tecnologia (e baixo custo)”. E finaliza: “- Na minha modesta opinião ainda, são tantas as dificuldades e tão poucas as chances de sucesso, que esperava que alguns dos mais de 100 países com dengue experimentassem antes do Brasil. Que tal alguma ilha do Caribe de alto PIB, que tal a Flórida? Ou então Porto Rico (com recursos dos Estados Unidos)? Por que verbas ppúblicas do Brasil? Nada interessante!”Como se vê, o Prof. Carlos Andrade é veemente crítico desse experimento em nosso país. Aliás, temos uma ótima entrevista (em áudio) desse professor dada à CNN de Campinas onde ele defende seu ponto de vista. Os leitores que se interessarem podem clicar no link abaixo para ouvir a íntegra dessa entrevista radiofônica:
http://www.portalcbncampinas.com.br/iframe.php?audio=http://www.portalcbncampinas.com.br/dbarquivos/audio/dcebf053ec99a70817a6e298f3722741)
Fica aí mais esse registro sobre o tema SIT. Alguém mais quer se manifestar?

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