quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CONTROLANDO ROEDORES EM LATICÍNIO


Nosso leitor Rodrigo Leal postou uma pergunta sobre o controle de roedores em laticínios, logo aí abaixo à esquerda na coluna de perguntas e respostas. Ali, o espaço disponível é pequeno para respostas que exigem certas considerações, de forma que a transformo em post. No meu livro “Manejo de Pragas em Estabelecimentos Alimentícios”, Capítulo III pg.76, faço alguns comentários sobre o assunto e que são pertinentes também para laticínios, pois se trata de um tipo de estabelecimento alimentício, objeto daquele Manual. No entanto, posso acrescentar algumas observações adicionais.
Repetindo o que está superficialmente citado no Manual, dentro da área de manipulação ou processamento do leite e seus derivados, o uso de raticidas fica restrito à proteção de cochos-rato (caixa protetoras) que todo profissional controlador conhece. Não se esqueça de numerá-los e desenhar um croquis da área assinalando os pontos de sua colocação. Claro que devem ser revistas frequentemente para observar se o raticida ali disposto foi tocado e para repô-los. Onde dispor essas caixas? Nos pontos onde a presença de fezes de roedores assim o sugira, nos cantos de paredes, sob materiais e/ou maquinários, sempre tentando evitar exposição direta à visualização de humanos. Dentro de cada caixa, sugiro colocar um raticida em forma de isca e pelo menos um bloco, oferecendo assim mais de uma opção ao roedor que nela penetre. Quando, na revisão, percebermos que um dos raticidas foi ingerido (total ou parcialmente) por roedores, devemos dobrar a quantidade de raticida colocada anteriormente, uma vez que nunca saberemos quantos roedores podem ter visitado aquela caixa de proteção. É comum acontecer o roubo dos raticidas ali colocados, praticado por funcionários do laticínio que tenham problemas com roedores em suas residências. Nesses casos, duas coisas precisam ser feitas: uma, observar bem se os raticidas foram ingeridos por roedores ou simplesmente removidos por pessoas. Quando roedores os ingerem, ficam resíduos e fagulhas das iscas; quando os raticidas são removidos por pessoas, a caixa fica completamente limpa. A segunda coisa a ser feito é comunicar o fato à gerência de seu contrato no laticínio, solicitando providências junto aos funcionários. Às vezes dá certo! Por outro lado, nem todo rato ou camundongo (este menos) se dispõe a entrar numa dessas caixas protetoras, razão pela qual devemos dispor de um grande número de caixas no ambiente, aumentando assim nossa chance de apanhá-los. Outra opção é o uso de armadilhas, ratoeiras ou placas colantes para combater os roedores já infestantes nas áreas internas do laticínio. Eu, particularmente, não gosto dessas opções, pois acho que um roedor preso em um desses artefatos pode causar uma péssima impressão visual, nem sempre do agrado do contratante. Sempre trabalhei nas áreas de produção das indústrias em dois sistemas, a primeira praticando uma “blitz” (um combate super intensivo) durante as horas noturnas quando o laticínio não operava, tomando o cuidado de remover todos os artefatos empregados na manhã seguinte antes do início das atividades na indústria. Na segunda alternativa, se houvesse, nos dias em que por qualquer motivo a indústria fechasse interrompendo sua produção, minha equipe entrava com tudo, praticando um combate super intensivo e tudo removendo antes da volta ao trabalho. Contudo, caso os roedores infestantes não fossem residentes, ou seja, estivessem se abrigando fora da área de produção e ali penetrando apenas para buscar alimento, o combate deve ser feito agudamente nas áreas onde as ninheiras estivessem localizadas. Isso ocorre com freqüência com as ratazanas (Rattus norvegicus), enquanto os camundongos (Mus musculus) e até os ratos pretos (Rattus rattus) podem realmente se tornar residentes na indústria. Medidas de antirratização devem ser indicadas pela empresa controladora a seu contratante, sem dúvida, mas o ônus do controle sempre recairá sobre a empresa controladora contratada. C’est la vie!

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