domingo, 26 de setembro de 2010

SOBRE O CONTROLE BIOQUÍMICO DOS INSETOS (IGR e IDI)



Um pouquinho sobre o controle bioquímico dos insetos, atendendo à leitora Ivone em sua sugestão na coluna de perguntas e respostas. Para simplificarmos o assunto (e bem), dá para dividirmos o combate e controle profissional de insetos em duas abordagens: o controle químico e o controle biorracional(que compreende o controle biológico e o controle bioquímico). O controle químico é executado através de compostos orgânicos que intoxicam os insetos tanto nas fases jovens como na adulta, causando-lhes a morte. Ex: oganofosforados, carbamatos, piretróides e neonicotinóides. O controle biológico pressupõe o emprego de algum ser vivo para combater insetos. Há centenas de estudos propondo as mais diferentes abordagens, mas poucas alternativas chegam à fase comercial, como é o caso do Bacillus thuringiensis e do Bacillus sphericus para combater mosquitos. E há o controle bioquímico onde substâncias sintéticas simulam os efeitos de hormônios ou alteram alguma coisa na cadeia normal de síntese de certos compostos vitais no organismo dos insetos. Essa última abordagem é a mais moderna e apresenta várias vantagens sobre os demais métodos. Os compostos nela utilizados podem ser divididos em dois grupos:
Inibidores do Crescimento de Insetos (conhecidos internacionalmente como IGR – Insect Growth Inibitors): metoprene, fenoxicarb, piriproxifen. São substâncias sintéticas que imitam o hormônio juvenil de crescimento dos insetos (JH). Esse hormônio é o que impede o inseto de desenvolver fases mais maduras até chegar à forma adulta. Quando esse hormônio decresce no corpo imaturo do inseto, o que acontece de tempos em tempos bem definidos conforme a espécie , ocorre uma muda para a fase seguinte e assim sucessivamente até que o inseto atinja a fase adulta, onde o JH desaparece. Os IGR simulam no corpo do inseto a presença permanente do hormônio juvenil e, assim, ele não muda para fase seguinte e acaba morrendo por tornar-se biologicamente inviável.
Inibidores do Desenvolvimento de Insetos (a sigla internacional é IDI: Insect Development Inibitors): ciromazina, lufenuron, diflubenzuron, fluazuron, hexaflumuron. São compostos sintéticos que agem impedindo a formação ou deposição da quitina (a proteína que forma a carapaça dos insetos). Dessa maneira, o inseto afetado não consegue executar a muda para a fase seguinte, onde iria precisar de quitina para formar seu exoesqueleto, e acaba tornando-se biologicamente inviável.
E vem ai o futuro! Já vão avançados os estudos sobre a próxima geração de insumos destinados ao controle de insetos: o grupo dos semioquímicos. Nos aspectos funcionais, os semioquímicos são compostos sintéticos que provocam certos comportamentos nos insetos afetados. Por exemplo: os feromônios podem atrair ou repelir certas espécies entre si e os aleloquímicos podem fazer o mesmo entre espécies diferentes. Podem estimular ou inibir o instinto da alimentação, podem provocar o vôo ou inibi-lo, podem induzir ou suprimir o instinto sexual, etc. Mas, nesse campo, estamos ainda engatinhando!
Em nosso país, já há disponível no mercado, boa parte dos compostos aqui citados. Todavia, é preciso atentar para a especificidade de cada um desses produtos. Alguns são muito eficazes contra este ou aquele inseto, mas, nenhum efeito causam em outros.
Foi um passeio rápido, não foi?

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