sexta-feira, 3 de setembro de 2010

UM POUQUINHO SOBRE OS CAMUNDONGOS (Mus musculus)


Acho que já comentei aqui mesmo neste blog que estou finalizando mais um GTO – Guia Técnico Operacional – desta feita sobre roedores e seu controle. Projeto antigo, venho coletando informações e dando forma ao livro já há alguns anos, uma vez que quero que esse Guia seja bem abrangente e de fácil leitura. Antes que me perguntem quando vai ficar pronto, já vou dizendo que ainda falta escrever alguma coisa, mas eu diria que cerca de 80% já está escrito. Como já fiz anteriormente (Sobre Dinossauros e Roedores, artigo publicado em recente edição da revista da ABCVP), pincei um pedaço do GTO que estou escrevendo e transcrevi, adaptando para o blog do Higiene Atual, a fim de que nossos leitores sintam o gostinho, uma provinha somente.
Nosso conhecido camundongo (Mus musculus) tem sua vida inteira em um período curto de 9 a 12 meses, razão pela qual atinge a maturidade sexual bem cedo, cerca de 6 a 10 semanas após seu nascimento. A prenhês também é bem curta, cerca de 19 a 21 dias e as proles geralmente se situam entre 5 e 6 filhotes. A fêmea entra em cio entre 5 e 10 vezes em sua vida e o canibalismo dos filhotes é raro, geralmente ocorrendo quando a fêmea está em trabalho de parto e algum distúrbio o interrompe . Então, os camundongos têm que aproveitar a vida, porque essa sim é uma vida curta! E aproveitam: são onívoros (comem de tudo), andam por toda parte subindo e descendo com facilidade, os machos dominantes formam seu próprio harém e banem os filhos machos de seu território quando eles atingem a maturidade sexual, alojam-se em pequenos espaços fazendo ninhos cuidadosamente forrados de materiais macios e pelos da própria mãe, só se expõem à noite a fim de evitar os riscos dos passeios diurnos, têm olhos globosos especializados em perceber movimentos mesmo na escuridão (olha o gato aí, gente!). Tendo comida, até que levam uma boa vida. Se não fosse seu ponto fraco: a curiosidade. Ah, a maldita curiosidade que já causou tantas mortes entre os camundongos! Sentem uma atração fatal por qualquer objeto novo que tenha surgido em seu território (3 m de raio e 3m para cima). É algo novo? Lá vão eles investigar, cheirar, olhar bem, tocar e... TLEC! A ratoeira liquida essa farra. Seus primos maiores como a ratazana e o rato preto são desconfiados e não se arriscam com objetos novos e com isso vão sobrevivendo. Apesar de enorme quantidade de modelos diferentes de ratoeiras e armadilhas que existe no comércio, a boa e velha ratoeira tipo “quebra-costas”, parece ainda ser das mais eficazes no combate a camundongos. Dessas, as mais modernas até dispensam o uso de iscas (que a gente vê nos desenhos animados especialmente), pois possuem uma plataforma que aciona o mecanismo de disparo sob o peso do camundongo que ali sobe para investigar o objeto. Para combatê-los, quando a infestação ainda é leve, uma campanha usando ratoeiras (várias ao mesmo tempo) pode ser capaz de controlar o problema, mas se a infestação tornou-se pesada antes da intervenção, é bom pensar no uso de rodenticidas. E daí, surge um problema: muitos cadáveres vão acabar escondidos das vistas e em poucos dias um terrível mau odor vai tomar conta do ambiente. Pior a emenda que o soneto! Algumas empresas controladoras fazem uso das armadilhas colantes que, facilmente localizáveis, contornam parcialmente esse problema. De qualquer forma, não é tão fácil assim combater camundongos como pode parecer a uma primeira vista. Primeiro, porque se você viu um na área, nunca pense que ele está sozinho (ou sozinha); geralmente há uma numerosa família escondida só esperando a noite cair para cair na farra. Eles roem, e como roem! Atacam especialmente os cereais em grão que não estejam em recipientes muito bem fechados, não desprezam doces e bolos, deleitam-se com tortas, pães e quitutes. Sentem de longe o cheiro apetitoso de um raticida, especialmente de boa qualidade, para sorte nossa. Para aumentarmos a eficácia das iscas raticidas que estamos empregando, devemos dividir o conteúdo de um sachet em três ou quatro montículos separados por, digamos, um palmo de distância. Lembre-se que os camundongos são mordiscadores, isto é, apenas mordiscam um alimento e já saem em busca de outro abandonando o pitéu anterior. Com esse artifício de repartir a isca raticida, o camundongo vai ingerir um pouquinho no primeiro montículo, um pouquinho no segundo e assim por diante; quando ele tiver satisfeito... um abraço, um camundongo a menos na casa. Aceitam muito bem os raticidas em blocos, principalmente aqueles que têm menos parafina. Os pontos de passagem e visita dos camundongos em um ambiente são facilmente localizáveis pela presença de suas fezes em quantidade.
Outro dia falo um pouco mais, está bem?

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